Padrões de Projetos e o Estímulo ao Compartilhamento de Experiências Docentes em Redes Sociais Educacionais Alexandre V. de Matos Edson P. Schiehl Isabela Avanilde Kemczinski UDESC UDESC Gasparini UDESC alexandre.matos@udesc.br edsonschiehl@hotmail.com UDESC avanilde@joinville.udesc.br (047)4009-7823 (047)9621-7042 isabela@joinville. (047)4009-7823 udesc.br (047)4009-7823 RESUMO INTRODUÇÃO Linguagens e padrões de projeto são conceitos propostos A observação de arquétipos recorrentes em soluções para o inicialmente por Christopher Alexander. A grande planejamento e para a arquitetura de cidades estimulou motivação para delinear tais conceitos é a valorização da Christopher Alexander [4] a conceber dois conceitos concepção assim como da reutilização de experiências bem importantes para inúmeras áreas de conhecimento: padrões sucedidas de projetos. Por outro lado, o propósito desse de projeto e linguagens para padrões. trabalho é delinear uma abordagem em que tais conceitos Com tais conceitos, Alexander [5] amplifica a possibilidade possam ser utilizados para o compartilhamento de de democratização de recursos conceituais e estabelece uma experiências docentes. Ou seja, com base na reutilização de abordagem para os que buscam tanto aprender como padrões de solução adotadas para questões complexas da reaproveitar experiências bem sucedidas em contextos que educação tais como evasão, avaliação e motivação busca-se possam ser claramente descritos e identificados. demonstrar que é possível diminuir tais lacunas. ABSTRACT No entanto, conforme observado por Peter Goodyear [6], o principal foco da utilização do conceito de padrões de Languages and Design Patterns are concepts that were projeto, no âmbito de algumas comunidades profissionais, purposed by Christopher Alexander. The main motivation particularmente na de Engenharia de Software, tem sido a to draw those concepts is to enforce the conception as well busca pela concepção de padrões que possam ser aplicados as the reuse of sucessful experiences whithin projects. On especificamente em experiências de projetos. Sua utilização the other hand, the purpose of this work is to outline an vem produzindo resultados para situações-problema tais approach where these concepts could be used to share como: programação de computadores, métodos para análise teaching experiences. In other words, guiding through the e concepção de soluções de sistemas e inclusive no projeto reusing of patterns of solutions to complex educational de sistemas mais específicos como Sistemas Operacionais, concerns such as assessment, motivation and students’ Navegores Web e Softwares Sociais [7]. evasion, this work aims to show an way to diminish such gaps. No entanto, este trabalho apresenta uma abordagem em que o conceito de padrão de projeto é aplicado no Palavras-chave do Autor compartilhamento de uma outra categoria de experiências, particularmente das experiências docentes. Sua contribuição Compartilhamento de Experiência, Padrão de Projeto, é a busca por uma solução que estimule a um cenario em Redes Sociais Educacionais. que a interação e a comunicação de soluções para Palavras-chave da Classificação ACM problemas acadêmicos sejam enriquecidas. Human Factors, Design. Ou seja, trata-se de um esforço que visa diminuir as lacunas decorrentes de um modelo de prática pedagógica designado por Freire [8] como estilo ‘bancário’ em que docentes tornam-se primordialmente transmissores de conteúdos, assumindo, perante o aluno um papel de detentor supremo do conhecimento. O que se procura, portanto, é que Copyright © by the paper's authors. Copying permitted only professores sejam conduzidos a fazer trocas constantes de for private and academic purposes. In: Proceedings of the V experiências, de maneira a promover uma melhoria Workshop sobre Aspectos da Interação Humano- contínua na prática docente. As contribuições podem se Computador na Web Social (WAIHCWS'13), Manaus, estender ainda mais se os demais atores de um sistema Brazil, 2013, published at ceur-ws.org. educacional, tais como pais e pedagogos, participarem deste contexto. A troca de experiências docentes bem sucedidas 21 em um contexto educacional poderia, portanto, favorecer a Consequentemente, uma questão torna-se inevitável: o que produção de um ambiente com aprendizado de melhor motiva o não uso de tais ferramentas? A não utilização pode qualidade. ocorrer por diversas razões: por causa da exigência por um grande fluência no software que pode apresentar-se Espera-se que a partir desse compartilhamento, uma sofisticado demais seja para o docente como para o aluno, a contribuição seja a promoção da melhoria da qualidade do falta de treinamento para utilizá-las, o desinteresse pelo seu processo de ensino e aprendizagem. Para atingir esse uso e até o medo de não conseguir produzir aprendizado objetivo, este trabalho está organizado da seguinte forma. com elas. Diante dessa quantidade de motivações para a não Em um primeiro momento, a partir de reflexões sobre o utilização, assim como observa [27], as desmotivações para cenário educacional atual, são levantadas questões que o uso de Tecnologias Digitais de Informação e permitem constatar a urgência pelo estabelecimento de uma Comunicação (TDIC) estimulam um retorno ao hábito da abordagem que estimule o compartilhamento de copia e da pouca reflexão, aspectos já endereçados por experiências docentes bem sucedidas. Posteriormente são Paulo Freire. apresentados os trabalhos relacionados, destacando os esforços já realizados sobre o tema. Posteriormente a No entanto, conforme constatado por Piaget [14] o abordagem proposta é apresentada. O artigo é finalizado envolvimento de pais e professores tem-se mostrado muito com as considerações sobre os resultados obtidos até o limitado. Um dos motivos que leva a essa constatação é momento. atribuido tanto ao distanciamento quanto à necessidade dos pais em manter o foco em suas atividades profissionais. A UM OLHAR PARA O ATUAL CENÁRIO EDUCACIONAL inexistência de uma ferramenta que facilite essa aproximação causa, consequentemente um Atualmente, o campo educacional promove muitas acompanhamento superficial no ambiente escolar. discussões, estimula novos conceitos e condutas que impactam na qualidade da educação. Uma parte dessas Da mesma forma, a relação de colaboração e discussões está baseada nas filosofias de Piaget e Vygotsky, compartilhamento de práticas entre muitos docentes, seja de que podem ser notados por estimular novos olhares sobre a uma mesma disciplina ou interdisciplinares, tem-se construção do conhecimento. A principal contribuição mostrado fraca. Tal fato traz reflexos ao educando, podendo dessa movimentação é a constatação de que é necessário causar decréscimos no seu desenvolvimento disciplinar e mudar da abordagem tradicional de transferência para uma cognitivo. em que ocorra a construção do conhecimento. Porém, conforme analisa Moran [11], essa mudança de visão não é Segundo Thurler [11] é preciso criar condições para tornar suficiente para atender cenários complexos, em que a possível a evolução pela colaboração. Ou seja, no tocante educação acompanhe não só a evolução humana, mas, aos problemas que induzem à construção de um cenário também a tecnológica em sala de aula. individualista no atual contexto de educação, percebe-se que o recurso mais adequado é o estímulo ao Procurando minimizar essa lacuna, é fundamental produzir relacionamento e à colaboração. uma educação de melhor qualidade que acompanhe os movimentos evolutivos no mundo. O professor é um dos Percebido que o compartilhamento de experiências entre atores principais neste contexto, pois se destaca como sendo docentes por intermédio de instrumentos físicos apresenta um mediador na construção do conhecimento. No entanto, é inúmeros obstáculos e que o envolvimento das famílias é fácil constatar que normalmente as experiências bem relativamente difícil, torna-se necessário disponibilizar uma sucedidas são geralmente desconhecidas por outros abordagem que atenda a esse anseio social. profissionais, conforme observado por Thurler [11]. No entanto, para construir um modelo adequado, que Neste contexto, a tecnologia tem recebido destaque, sendo, conduza a uma educação de qualidade pelo geralmente, empregada como uma promessa de solução de compartilhamento de experiências surgem muitos muitos problemas. De certa forma, seu papel seria o de questionamentos, do tipo: que estrutura e componentes delinear atividades e relacionamentos na busca de uma serão necessários? Como interagir com eles? Como educação proativa. No entanto, é possível constatar a dimensionar um compartilhamento de experiências para não existência de muitas ferramentas que acabam não sendo ser uma simples troca de material didático? Como uma utilizadas corretamente ou cujos recursos nem mesmo experiência docente que notoriamente distancie-se da chegam a ser reconhecidos como auxílios didáticos. prática pedagógica identificada como educação ‘bancaria’ Exemplos são os jogos do Linux Educacional [12] e o pode, portanto, ser compartilhada? Por conta de tais GeoGebra [13]. Ambas são ferramentas que visam questões, a próxima seção apresenta esforços que podem estimular a aprendizagem de matemática, mas, que no ser considerados relacionados ao tratamento desse entanto, pouco ou quase nada se partilha sobre como aplicar questionamento. os seus recursos enquanto meio didático para construção de conhecimento. 22 TRABALHOS RELACIONADOS conteúdo com os alunos. Conforme seus idealizadores, é Um dos recursos mais adequados para o estabelecimento de uma ferramenta ainda em fase de testes e que com relações colaborativas entre os atores da comunidade restrições no acesso do usuário. Atualmente, sua versão educacional é um software social. Por ser ubíquo, dinâmico gratuita está disponível para até trinta alunos, e acima desse e democrático, um software social está presente em todos os número estão disponíveis pacotes pagos. Como lugares, estimulando trocas de experiências [15]. característica positiva é conveniente ressaltar que essa plataforma proporciona um novo modelo de aula virtual. Neste contexto, algumas iniciativas podem se apresentar No entanto, é possível perceber que os únicos atores que como propostas educacionais estimuladoras da colaboração fazem parte desse contexto são os docentes e os discentes. entre docentes, tais como: os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), os Repositórios de Objetos de Nessa mesma tendência das Redes Sociais Educacionais, Aprendizagem (ROAs), as Redes Sociais Educacionais, que inúmeras iniciativas pontuais também podem ser são iniciativas pontuais de ferramentas educacionais, e o consideradas relavantes. Como exemplo, o projeto recente paradigma de Cursos Online Abertos e Massivos denominado Educ@r [19], concebido no âmbito do (do inglês MOOCs - Massive Open Online Courses). Programa Experimentoteca Pública Nacional, tem como objetivos a produção e difusão de kits de material didático. Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) têm o Este trabalho resultou na constituição de 24 centros, objetivo de potencializar instrumentos para a aprendizagem encarregados de promover a circulação dos materiais e de pela educação a distância [16]. Trata-se de um meio que realizar programas de treinamento de professores. O oportunizou a um número maior de pessoas com objetivo da distribuição de tais materiais é o estímulo do dificuldades de tempo e renda ao acesso a cursos de aluno a pensar em resoluções de situações problemas, graduação e pós-graduação. Além disso, conduziu ao associados ao dia-a-dia, através do compartilhamento de estudo individualizado e a qualquer horário. No entanto, no materiais didáticos. No entanto, tais materiais limitam-se a tocante ao compartilhamento de experiências docentes, anotações pessoais, sem a possibilidade destas serem poucas contribuições tendem a ser produzidas. Além disso, compartilhadas. é possível constatar outra característica limitante - a dificuldade em estimular relacionamentos mais estreitos Dentro da mesma categoria de ferramentas pontuais pode- entre o professor e aluno, além da difícil interação se citar a Com8s [20] que se descreve como uma ferramenta interdisciplinar entre os docentes que, em geral, se limitam colaborativa para educação. Seu propósito é prover um a repassar seus conteúdos programáticos ou a responderem ambiente de comunicação organizado, compreendendo dúvidas direcionadas ao estudante ou ao grupo em que aplicativos, ferramentas de colaboração e recursos de participa. Assim como os AVAs, os Objetos de organização de materiais didáticos e que estimula docentes Aprendizagem (OAs) [2] representam uma alternativa e alunos a colaborarem entre si. No entanto, duas computacional para a distribuição de conteúdos características podem ser consideradas fatores limitantes educacionais. Neste contexto, uma alternativa para o trata-se de um ambiente pago e principalmente o foco no compartilhamento de OAs são os Repositórios de Objetos compartilhamento de material didático e não de de Aprendizagem (ROAs). Um (ROA) tem como objetivo experiência. Já o Noctua [21] é uma ferramenta que armazenar, classificar e disponibilizar os Objetos de possibilita o compartilhamento de aulas ou atividades Aprendizagem [1]. Os padrões de OA, utilizados nos didáticas prontas para professores ou interessados em ROAs, representam uma forma de organização dos dados produzir aulas com diferentes características. Percebe-se, para prover comunicação entre diferentes ambientes. Os que as duas ferramentas, Com8s e Noctua, têm sua padrões são compostos por um conjunto de atributos que percepção de ajuda mútua em ambientes sociais, porém a descrevem informações sobre os OAs para que os mesmos interatividade acontece com modelos pré-estabelecidos que possam ser gerenciados e localizados em repositórios e não podem ser ajustados ou adaptados a cada perfil de utilizados em diferentes ambientes educacionais. Contudo, professor, escola ou comunidade. Além disso, ambas não estes padrões ainda não se preocupam com o contemplam a troca de experiências para reformular o compartilhamento de experiências, ou seja, com o uso e possível conteúdo programático de uma escola em virtude aplicablicabilide de OA em diversos contextos. de fatores estruturais, metodológicos, familiares ou culturais que envolvem esse complexo mundo de ensinar e aprender. Objetivando estimular a associação de aspectos educacionais em softwares sociais percebe-se o Recentemente a Fundação Lemann, traduziu mais de encorajamento à concepção de Redes Sociais Educacionais quatrocentas videoaulas da Khan Academy [22], uma das [17]. Como exemplo, pode-se citar a plataforma Redu [18] plataformas mais conhecidas no mundo em videoaulas. que se denomina uma ferramenta de ensino com tecnologia. Salman Khan, em sua palestra no Brasil, idealizou que se os Trata-se de um recurso que promove características tais brasileiros assistissem às aulas em casa poderiam depois como: a concepção de um ambiente designado como sala comprovar em uma instituição que esses conhecimentos virtual onde se pode criar, compartilhar e discutir o foram facilmente repassados sem se preocupar com 23 questões tais como a necessidade de um formato seriado do momento nos convenceram ou demonstraram a sua conteúdo. Além disso, conforme Khan, seria possível a experiência. obtenção de certificações já que o conteúdo das vídeo-aulas O fato é que hábitos são modificados, melhorados ou ainda promoveriam a construção do conhecimento em diversas adptados se estiverem calcados em experiências próprias, áreas curriculares e de conhecimento [23]. Essa proposição como também em experiências conhecidas de outras de Khan compara-se a um AVA, no entanto, com recursos pessoas, sejam essas aprendidas através de um método mais avançados, mas, que ainda precisa de uma legislação empírico ou científico. Conduzindo essas observações para mais clara para sua validação como sistema de ensino o campo educacional, percebe-se que cada ator envolvido certificador. Sem dúvidas é uma forte tendência para os neste meio conduz seus trabalhos e se organiza conforme próximos anos, principalmente pela demonstração do seu aprendizado baseado em observações e tentativas de interesse público de alguns governos. sucessos ou fracassos. No tocante ao docente, pode-se dizer As proposições de Khan podem ser consideradas o principal que este constrói suas aulas no formato que se sente mais estímulo à concepção de plataformas para oferta massiva de seguro, evitando situações desconhecidas que podem cursos on-line e gratuitos (MOOCs), ou seja, para o possibilitar em fracasso. Poucos são os que se lançam às estabelecimento de uma inegável tendência de aliar tentativas do novo e experimentam situações não tecnologia e educação com claras expectivas de custos mais conhecidas até aquele momento, porém, possibilitam baixos. Tal visão pode ser constatada pela afirmação de modificar suas atitudes pelos resultados que encontram. Palazzo [24] que diz ser claro, portanto, que “o enorme Buscando oferecer uma nova perspectiva aos docentes, alvoroço sobre MOOCs não é devido ao valor intrínseco da neste trabalho é apresentada uma proposta de abordagem tecnologia educacional, mas, devido às possibilidades para o compartilhamento de experiências que possa sedutoras de custos mais baixos”. potencializar novas perspectivas aos docentes na busca por Existe, atualmente uma extensa lista de ofertas de MOOCs melhores formas de oferecer o ensino-aprendizado aos [25] podendo-se citar o projeto Coursera, um conjunto de estudantes. cursos on-line gratuitos que, em geral, não reconhecem suas Das discussões anteriores, é possível constatar que as disciplinas como créditos cursados em universidades e são ferramentas apresentadas estimulam o compartilhamento de normalmente em inglês [26]. Além do fato de ser uma elementos educacionais, desde aulas para alunos em ferramenta que em alguns aspectos possui propósitos ambientes virtuais até planos de aulas para professores que financeiros, o que chama atenção é a avaliação por pares, queiram mudar suas estratégias em sala de aula. O que ou seja, o desempenho de um aluno é avaliado por um compete a essa proposta é algo além da troca passiva de colega. Projetos como esse merecem atenção, e suscitam informações ou planos pré-estabelecidos. várias perguntas: será esquecido o papel do docente que é intermediador? É válida a proposição da associação de um Para que essa colaboração [3] aconteça é preciso modelar a modelo de negócios a uma abordagem que vise o experiência que trate de problemas recorrentes de forma a compartilhamento de experiências docentes? Será que o minimizar perdas no ensino-aprendizado e que auxilie na perfil dos atores associados a esse paradigma não impacta propagação das práticas que ajustadas a cada contexto em questões tais como a inevitável evasão? escolar conduz aos bons resultados. Trata-se, conforme identificado na seção de introdução, do propósito principal Portanto, com os exemplos citados, o professor sempre do conceito de padrões de projetos, pois conduz a soluções encontrará ferramentas que possam lhe auxiliar em certos de problemas recorrentes em um formato organizado com o momentos do seu trabalho. Entretanto, ao buscar uma mínimo de desperdício no tempo. interatividade mais ampla com a comunidade educacional, nota-se a inexistência de uma abordagem que Um exemplo de trabalho que possibilitou essa resposta explicitamente promova o compartilhamento de como a melhor opção foi o modelo construído por Santoro experiências docentes. Assim é preciso apresentar uma [28], na colaboração para aprendizagem, baseando-se em abordagem que envolva além de alunos e professores os padrões de projetos. Este trabalho idealizou uma “análise pedagogos, pais e entidades educacionais, e que dos ambientes de aprendizagem colaborativos” para principalmente ampare o docente a compartilhar suas verificar as formas que apoiadas pela tecnologia e com uma experiências com outros professores, formando assim uma abordagem colaborativa, podem promovem o aprendizado rede na evolução constante da educação. do aluno. Também ajudou a identificar elementos comuns que podem levar aos melhores ou piores resultados em UMA ABORDAGEM PARA TROCA DE EXPERIÊNCIAS termos do processo de colaboração. Esta linguagem de DOCENTES padrões visa apresentar alguns destes elementos e mostrar Experiência é uma palavra que tem um grande poder em como utilizá-los para criar tais ambientes. uma sociedade, pois, vidas, sonhos e o desenvolvimento são, por via de regra, depositados em pessoas que por um 24 Experiência Docente como um Padrão de Projeto Consequentemente, é possível obter uma biblioteca de Padrões de projetos tiveram como precursor o arquiteto padrões que possam ser utilizadas por docentes que buscam austríaco Christopher Alexander [4,5]. Na década de 1970, encontrar soluções para problemas que possam ser Alexander precisava ajudar seus colegas de trabalho “a identificados como um padrão já recorrente. projetarem, construírem e repassarem conhecimentos de forma que terceiros compreendessem e executassem tais PERSPECTIVAS PARA UM CENÁRIO DE USO métodos”. Padrões de projeto são um recurso tecnológico aplicável em Alexander identificou e definiu o formato que a descrição, inúmeros contextos em que soluções efetivas de problemas de um padrão deve ter. Esse formato compreende: o Nome conhecidos podem ser reaplicados. Em geral, duas questões que é uma descrição da solução; o Exemplo sendo uma ou precisam ser consideradas em soluções baseadas nesse mais figuras com descrições ou diagramas que ilustrem um recurso: a disponibilização dos padrões e o seu efetivo uso. protótipo de aplicação; o Contexto que é a descrição das situações sob as quais o padrão se aplica; o Problema que Em geral, padrões podem ser disponibilizados de distintas maneiras: através de repositórios de acesso público, no descreve as restrições e as forças envolvidas e suas âmbito de frameworks de desenvolvimento e como recurso interações e a Solução com relacionamentos estáticos e para a implementação de aplicações. regras dinâmicas que descrevem como construir observando possíveis ajustes como solução secundária [4]. No âmbito de Redes Sociais Educacionais podem comportar-se inclusive como um Objeto de Aprendizagem Nome Avaliação em grupo (OA) e servir de instrumento para a composição de Exemplo estratégias educacionais. No entanto, algumas questões ainda se mantêm em aberto: qual a ferramenta ideal para a disponibilização dessa biblioteca de padrões? Em se tratando de um OA, como um padrão de projeto pode ser incorporado a outros objetos utilizados pelo docente? Contexto E, no tocante ao formato do padrão, outras questões também ainda mantêm-se em aberto: além da experiência do docente, a experiência de outros atores, tais como alunos, responsáveis educacionais e pais podem causar um impacto positivo? A disponibilização de tais padrões ou experiências docentes pode se dar adequadamente tanto em Redes Sociais Educacionais (tais como a proposta Adunare) ou por intermédio de uma Oferta Massiva de Curso Online Gratuito, ou ambas? Na verdade, tais questões são norteadores de outras etapas desse trabalho que vêm sendo desenvolvidas no âmbito dos programas de graduação e pós-graduação da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Problema Como definir o instante adequado para utilizar-se de um instrumento avaliativo que exija participação em CONCLUSÃO grupo? Solução Uma avaliação em grupo é um instrumento que avalia O primeiro passo desse estudo foi fazer uma reflexão sobre não só o conhecimento, mas, também a capacidade de a comunidade educacional, que envolve: os docentes, interação. Deve-se adotar esse padrão como solução discentes, equipe pedagógicas e responsáveis pelo para: a) avaliados que tendem a nutrir educando. comportamentos individualistas; b) conteúdos que precisam ou são melhores avaliados por experiências Para justificar o propósito de compartilhamento, referências em grupo; c) Atividades em que o resultado exige que discutem as grandes mudanças na forma de pensar e de uma ação coletiva. construir a educação enquanto instrumento de colaboração e envolvimento, foram consideradas. Em especial, as Figura 1 - Exemplo de Experiência Docente no formato de um definições de Thurler [11] e Perrenoud [29] determinaram Padrão de Projeto. que a colaboração entre docentes é um ato necessário para Com essa formatação de descrição e características, cria-se redesenhar os conceitos e práticas educacionais. Ambos uma estrutura de possibilidades para soluções factíveis ao constatam que o individualismo ou a pouca colaboração problema que esse trabalho propõe, conforme pode-se baseada nas diversas dificuldades que o docente passa, traz observar no exemplo da Figura 1. 25 a necessidade de criar um mecanismo que modifique essa 3. Kemczinski, A.; Marek, J.; Hounsell, M. S.. situação. Colaboração e Coorperação - Pertinência, Concorrência ou Complementariedade? Revista Este trabalho apresentou as dificuldades que se tem na Produção Online, v. 07, p. 1-10, 2007. atualidade em reunir professores para troca de informações e experiências vividas com sucesso ou fracasso. Além 4. Alexander, C., Ishikawa, S., & Silverstein, M. disso, foi observado que a falta de colaboração mútua é o (1977). Pattern languages. Center for que faz muitos docentes produzirem apenas o básico, Environmental Structure. potencializando assim um desinteresse vertical dos alunos 5. Alexander, C. (1965). A city is not a tree. com reflexos negativos no próprio trabalho do professor. Architectural Forum, 122, 58-62. Ao destacar a Internet como uma ferramenta globalizada e 6. Goodyear, P. (2005). Educational design and de espaço crescente, pesquisou-se propostas já existentes no networked learning: Patterns, pattern languages mercado, que dispõem de alternativas para minimizar as and design practice. Australasian Journal of dificuldades na comunicação, na colaboração, no Educational Technology, 21(1), 82-101. compartilhamento e no envolvimento dos docentes e alunos. Com isso alguns softwares puderam ser destacados 7. McLoughlin, C., & Lee, M. J. (2007). Social usando algumas das práticas mencionadas. Porém, foi software and participatory learning: Pedagogical constatado que todos estes não abordam de forma geral a choices with technology affordances in the Web questão da troca de experiências, como é o caso dos AVAs 2.0 era. In ICT: Providing choices for learners and assim como das ferramentas baseadas no paradigma da learning. Proceedings ascilite Singapore 2007 (pp. Oferta Massiva de Cursos Online e Gratuitos. 664-675). Todas as ferramentas pesquisadas foram, portanto, 8. Freire, P. Pedagogia da autonomia: saberes consideradas como um recurso fragmentado sem a necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e possibilidade explícita de compartilhamento de Terra, 1998. experiências que é justamente uma característica inerente 9. Schiehl, E. P., Matos, A. V., Gasparini, I., & dos softwares sociais. Kemczinski, A. Compartilhamento de Percebeu-se que compartilhar experiência não se limita a Experiências Docentes através de uma Ferramenta trocar informações ou modelos de como pode ser produzida para uma Rede Social. Anais do IV Workshop uma aula, ou como um conteúdo pode ser trabalhado. Ao sobre Aspectos da Interação Humano-Computador trocar experiências o autor estará propondo ao seu trabalho na Web Social (WAIHCWS'12). uma evolução curricular, onde ele não só coloca um conteúdo a ser melhorado, mas apresenta um contexto 10. Moran, José Manuel. Mudanças Profundas e Urgentes na Educação. Disponível em educacional a transformar. Essa última constatação induz à utilização de uma estratégia Acesso em 04 ago 2013. notadamente conhecida como veículo para 11. Thurler, M. G.; Perrenoud, P. Cooperação entre compartilhamento de experiências – padrões e linguagens professores: a formação inicial deve preceder as de projeto. práticas?. Disponível em: Como trabalhos futuros pretende-se avaliar se o formato da descrição de experiência proposta é adequado para servir . Acesso em 04 ago 2013. como um facilitador em softwares sociais. 12. MIL – Matemática Interativa Linux. Disponível REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS em . Acesso em 04 ago 2013. 1. Kemczinski, A.; Hounsell, M. S.; Gasparini, I.; Gehrke Filho, R.; Silva, T. C.. Repositório de 13. Geocobra. Disponível em Objetos de Aprendizagem para a Área de . Acesso em 04 ago Computação e Informática - ROAI. In: Simpósio 2013. Brasileiro de Informática na Educação (SBIE) e 14. Paula, E. M. de; Mendonça, F. W. Psicologia do Workshop de Informática na Escola (WIE), 2011, Desenvolvimento. Curitiba: IESDE Brasil S.A, Aracaju. 22º. SBIE e 17º. WIE. Porto Alegre: 2007. Sociedade Brasileira de Computação - SBC, 2011. v. 1. p. 234-243. 15. Recuero, R. Considerações sobre a Difusão de Informações em Redes Sociais na Internet. 2. 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