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==Modelos de Maturidade para SI/TI de Pequenas e Média Dimensão==
1 Modelos de Maturidade para SI/TI de Pequenas e Média Dimensão Fernando Simões, Pedro Sousa Abstract — Hoje em dia os modelos de maturidade são globalmente aceites como guias para aumentar os níveis de qualidade nas organizações. No entanto, considera-se que estes são demasiado complexos para serem implementados em organizações de pequena e média dimensão (PME). Este artigo centra-se essencialmente nas PME de SI/TI (Sistemas de Informação/Tecnologia de Informação) que, devido ao seu Core Bussiness, nos leva imediatamente a focar duas grandes áreas: Engenharia de Software e Gestão de Projectos. Efectuou-se um estudo comparativo de dois modelos de maturidade, analisando as sinergias de implementação dos mesmos. Os modelos que entraram para este estudo foram o Capability Maturity Model do Software Engineering Institute (CMM / SEI) e o Project Management Maturity Model (PMMM) do Harold Kerzner, para Engenharia de Software e Gestão de Projectos respectivamente. Finalmente efectuou-se o cruzamento dos modelos de maturidade com os processos do Project management Body of Knowledge (PMBOK) e o Software Engineering Body of Knowledge (SWEBOK) para uma análise mais refinada a nível das sinergias. Palavras Chave — CMM, PMBOK, PME, PMMM, SWEBOK. —————————— —————————— 1 INTRODUÇÃO N as últimas décadas, as empresas têm-se deparado com o grave problema de conseguirem realizar os projectos de Engenharia de Software com eficiência e Para a identificação dos processos de engenharia de software, teve-se por base o SWEBOK[6] visto este definir as áreas de conhecimento e consequentemente os processos dentro dos prazos previstos. Para além de outras razões fundamentais de suporte à engenharia de software. Este possíveis, este problema tem essencialmente a ver com o guia é considerado um documento de referência do SEI facto de essas empresas não se basearem na repetição de (Software Engineer Institute) e reúne os pontos de vista de métodos provados com um processo de engenharia de cerca de 500 engenheiros de software de 42 países, software maduro. Os modelos de maturidade são um guia apresentando consenso relativamente a esta questãoe. para as organizações obterem o controlo dos seus processos Optou-se por utilizar o SWEBOK[6] em alternativa ao RUP e obterem uma excelência de gestão, no caminho de uma (Rational Unified Process) devido ao facto de aquele ser um cultura de Engenharia de Software. No entanto, a guia para as melhores práticas da engenharia de software e implementação de modelos de maturidade não é simples e não uma metodologia, já que o que se pretende é que as envolve um enorme esforço por parte das organizações. organizações efectuem as devidas adaptações e consigam O primeiro passo deste trabalho é analisar os modelos de adequar os processos à sua realidade. maturidade para as duas principais áreas com impacto Ao nível dos processos de gestão de projectos, seguiu-se o directo no negócio, a saber: a gestão de projectos e a PMBOK[3] do PMI (Project Management Institute) por ser a engenharia de software. É assim efectuado um estudo referência mundial no mercado da gestão de projectos. comparativo entre os dois modelos, para identificar as Finalmente, efectua-se uma análise das características das semelhanças entre eles e respectivas sinergias, pelo facto de PME identificando alguns pontos fortes e pontos fracos da estes modelos terem por objectivo a melhoria contínua dos implementação dos modelos de maturidade nesse tipo de processos das organizações. empresas. Em segundo lugar, pretende-se identificar e integrar os diversos processos de negócio, baseando-se nas referências 2 MODELO DE MATURIDADE DE ENGENHARIA DE de mercado: o SWEBOK[6] (Software Engineering body of knowledge) e o PMBOK (Project Management body of SOFTWARE knowledge), tendo sempre por contexto os modelos de 2.1 Modelo CMM do SEI maturidade. Esta análise tem por objectivo clarificar o A inexistência de um processo de Software maduro obriga âmbito e identificar os processos que são potencialmente a que uma equipa se dedique aos projectos, com esforços comuns. individuais e insustentáveis, para que produzam bons resultados, mesmo sem a infra-estrutura e o suporte (de ———————————————— gestão) necessários para os apoiar. Isso faz com que a • Fernando Simões Consultor Senior na PT Sistemas de Informação . E-mail: repetição do sucesso de um determinado projecto dependa Fernando-a-simoes@telecom.pt. única e exclusivamente da equipa envolvida. O SEI estudou • Pedro Sousa, Professor Associado no instituto Superior Técnico. E-mail: o processo de desenvolvimento de software e respectivo pedro.sousa@link.pt modelo de maturidade, indicando quais as áreas chave para . uma determinada organização atingir um determinado 2 MODELOS DE MATURIDADE PARA SI/TI DE PEQUENAS E MÉDIA DIMENSÃO nível de maturidade. Em conformidade com este estudo, os Nível 3 – Definido: O processo de software para as melhoramentos contínuos só podem ocorrer através de actividades de gestão e engenharia é documentado, esforços sustentados e focados na construção de uma infra- padronizado e integrado num processo de software padrão estrutura de processo de desenvolvimento de software e em para a organização. Todos os projectos utilizam uma versão práticas de gestão efectivas. aprovada do processo de software padrão para o O SEI efectou a evolução do modelo de maturidade de desenvolvimento e manutenção de software. engenharia de Software, integrando-o comos restantes modelos de maturidade do SEI: Systems Engineering, Nível 4 – Gerido: São realizadas medidas detalhadas de Software Engineering, Integrated Product and Process indicadores do processo de software e da qualidade do Development, and Supplier Sourcing (CMMI-SE/SW/IPPD/SS, produto. O processo e os produtos de software são V1.1), no entanto este artigo focou-se sobre SW–CMM, quantitativamente compreendidos e controlados. dado este estar centrado na Engenharia de Software. O CMM está organizado em 5 níveis de maturidade desde Nível 5 – Em Optimização: A melhoria contínua do o nível Inicial (Ad-Hoc) até o nível Optimizado (melhoria processo é propiciada pelo feedback quantitativo do contínua de processos). [1] processo e pelas ideias e tecnologias inovadoras. 2.2 Processos de Engenharia de Software 2.1.1 Níveis de maturidade do modelo CMM (SWEBOK) O conceito de nível de maturidade é um estágio O SWEBOK é um guia das melhores práticas para a evolutivo bem definido em busca de um processo de engenharia de software e tem como principais objectivos software maduro. Cada nível de maturidade fornece uma [6]: gama de fundamentos para a melhoria contínua do • Promover, de um ponto de vista consistente, a processo e compreende um conjunto de objectivos que, engenharia de software ao nível mundial. quando satisfeitos, estabilizam uma componente • Clarificar a área da engenharia de software e definir as importante do processo de software. Alcançando cada nível suas fronteiras relativamente a outras áreas tais como: da estrutura de maturidade, estabelecem-se diferentes ciência da computação, gestão de projectos, engenharia componentes no processo de software, resultando num de computadores e matemática. crescimento da capacidade de processo da organização. [1] • Caracterizar os conteúdos da Engenharia de Software. • Fornecer um acesso facilitado ao conhecimento das melhores práticas da Engenharia de software. • Facultar os meios para o desenvolvimento profissional, tanto ao nível da certificação como a material licenciado. Para um melhor entendimento da área de engenharia de software, o SWEBOK está organizado em áreas de conhecimento (KA – Knowledge Areas), mais precisamente em 10 áreas de conhecimento: • Requisitos de Software (Software Requirement – SR) • Desenho de Software (Software Design – SD) • Desenvolvimento de Software (Software Construction – SC) • Testes de Software (Software Testing – ST) • Manutenção de Software (Software Maintenance – SM) • Gestão de Configurações de Software (Software Configuration Management – SCM) • Gestão de Engenharia de Software (Software Engineering Management – SEM) Figura 1 – Áreas chave por nível de maturidade. • Processo de Engenharia de Software (Software Engineering Process – SEP) Nível 1 – Inicial: O processo de software é caracterizado • Ferramentas e Métodos de Engenharia de Software como “ad hoc” e até mesmo ocasionalmente caótico. Os (Software Engineering Tools and Methods – SETM) produtos são obtidos de forma imprevisível e pouco • Qualidade de Software (Software Quality – SQA) controlada. Poucos processos estão definidos e o sucesso Cada área supra referida é constituída por processos que depende do esforço individual dos colaboradores. serão utilizados no estudo apresentado adiante. Nível 2 – Repetitivo: Os processos básicos de gestão de projecto são estabelecidos para acompanharem o custo, o planeamento, a funcionalidade e a qualidade do produto. A disciplina necessária ao processo existe para repetir sucessos anteriores em projectos com aplicações similares. FERNANDO SIMOES, PEDRO SOUSA: MODELOS DE MATURIDADE PARA SI/TI DE PEQUENAS E MÉDIA DIMENSÃO 3 3 MODELO DE MATURIDADE DE GESTÃO DE PROJECTOS Nível 4 – Benchmarking: No nível Benchmarking a organização reconhece que a melhoria do processo é 3.1 Modelo PMMM necessária para manter a vantagem competitiva. Os testes de desempenho devem ser efectuados continuamente, a Quanto maior for o nível de maturidade de uma organização deve decidir quem os deve efectuar e que determinada organização, menor será a margem de erro a testes devem ser efectuados. nível da previsão de esforço e tempo, no desenvolvimento de um determinado produto de software. Visto isto, uma Nível 5 – Melhoria Contínua: No nível Melhoria Contínua, organização tem toda a vantagem em investir no aumento a organização avalia a informação obtida com base nos da sua maturidade em gestão de projectos, pois a relação testes de desempenho efectuados, e toma acções custo/beneficio é claramente positiva. Isto deve-se ao facto correctivas, caso seja necessário, quer sobre a metodologia de, com uma gestão de projectos madura, se conseguir única, quer sobre os testes de desempenho, definido nos praticamente eliminar as derrapagens em termos de níveis 3 e 4. planeamento/execução. [2] 3.2 Processos de gestão de projectos (PMBOK) 3.1.1 Níveis de Maturidade de Gestão de Projecto O “Project Management Boby of Knowledge” (PMBOK) é Para apoio às organizações no sentido de obtenção da um guia para as melhores práticas da gestão de projectos e excelência em gestão de projectos, foi desenvolvido o está organizado matricialmente por agrupamentos de modelo de maturidade de gestão de projectos que é processos e por áreas de conhecimento que identificamos composto por 5 níveis de maturidade tal como ilustrado na sumariamente de seguida. figura seguinte. Cada nível de maturidade representa um estágio diferente na maturidade de gestão de projectos. Figura 3 - Agrupamento de processos(PMBOK). Processo de Iniciação: reconhecimento de que um projecto Figura 2 - Níveis de maturidade do PMMM. ou fase deve iniciar-se e comprometer-se a executá-lo(a). Nível 1 – Linguagem Comum: No nível Linguagem Comum, a organização reconhece a importância da gestão Processo de Planeamento: planear e manter um esquema de projecto e a necessidade do entendimento acerca do de trabalho viável para se atingir os objectivos de negócio assunto entre as diversas equipas dentro da organização. que determinaram a existência do projecto. Neste nível é definida a linguagem/ terminologia. Processo de Execução: coordenar pessoas e outros recursos Nível 2 – Processos Comuns: No nível Processos Comuns, para a realização do plano. a organização reconhece a necessidade de definição e desenvolvimento de processos comuns, de tal forma que o Processo de Controlo: assegurar que os objectivos do sucesso na execução dum determinado projecto possa ser projecto estão a ser atingidos, através de monitorização e da repetido nos projectos seguintes. Neste nível também é avaliação do seu progresso, tomando acções correctivas reconhecida a aplicação da gestão de projectos nas mais quando necessárias. diversas áreas da organização. Processo de Encerramento: formalização da aceitação do Nível 3 – Metodologia Única: No nível Metodologia Única projecto ou fase, e encerrá-lo(a) de uma forma organizada. a organização reconhece os efeitos das sinergias que advêm da convergência das diversas metodologias existentes na Para além dos cinco agrupamentos de processos organização para uma única que se impõe como sendo a identificados anteriormente, o PMBOK também está metodologia principal para a gestão de projectos. O efeito organizado em nove áreas de conhecimento de gestão de da sinergia também é notado no controlo do processo que projectos que passamos a descrever: se torna mais simples, visto basear-se exclusivamente numa • Gestão de Âmbito de Projecto: processos necessários única metodologia. para assegurar que o projecto contempla todo o trabalho requerido, e nada mais do que o que foi requerido, para 4 MODELOS DE MATURIDADE PARA SI/TI DE PEQUENAS E MÉDIA DIMENSÃO completar o projecto com sucesso. 4 CMM VS. PMMM • Gestão do Tempo: processos para assegurar que um Neste capítulo, comparam-se as características entre os dois projecto termina dentro do prazo previsto. modelos de maturidade apresentados inicialmente, com o • Gestão de Custos: processos necessários para assegurar objectivo de verificar quais as características comuns. Esta que o projecto termina dentro do orçamento aprovado. análise é feita recorrendo a uma tabela, identificando as • Gestão da Qualidade: processos necessários para características de ambos os modelos e efectuando uma assegurar que as necessidades que originaram o breve análise comparativa. desenvolvimento do projecto são atendidas. • Gestão de Recursos Humanos: processos necessários para proporcionar uma utilização mais eficiente das TABELA 2 – ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE CMM E PMMM pessoas envolvidas no projecto. • Gestão da Comunicação: processos necessários para assegurar que a geração, recolha, distribuição e armazenamento de documentos é efectuada de forma adequada e a tempo. • Gestão de Riscos: processos necessários para a identificação, análise e resposta a riscos do projecto. • Gestão de Contratações (procurement): processos necessários para aquisição de produtos e serviços fora da organização que desenvolve o projecto. • Gestão de Integração de projecto: processos necessários para assegurar que os diversos elementos do projecto são adequadamente coordenados. De seguida, apresenta-se uma tabela com a organização dos processos das diversas áreas de conhecimento (Integração, Âmbito, Tempo, Custo, Qualidade, Recursos humanos, Comunicações, Riscos, Contratações), organizados pelos agrupamentos de processos (Iniciação, Planeamento, Execução, Controlo, Encerramento) definidos pelo PMBOK. [3] TABELA 1 – PROCESSOS DAS ÁREAS DE CONHECIMENTO POR AGRUPAMENTO DE PROCESSOS, SEGUNDO O PMBOK Após uma análise da Tabela 2, podemos verificar que a natureza de cada um dos níveis, na sua génese, é semelhante em ambos os modelos. Fazendo uma análise mais detalhada, podemos verificar que, do ponto de vista de uma organização de SI/TI, o CMM é mais abrangente do que o PMMM, visto que, para além dos processos de gestão de projectos (básicos), abrange os processos de engenharia de software. No entanto, o PMMM leva a uma optimização e um controlo mais refinado da gestão de projecto, ao nível da organização. Do ponto de vista da gestão organizacional, a aplicação de ambos os modelos poderá conduzir a uma melhor performance, não só financeira como de processo, visto que o CMM está mais voltado para a engenharia de software e o PMMM está voltado para a excelência da gestão de projecto. Conclui-se portanto que os modelos são complementares e existe vantagem clara na sua implementação conjunta. Conclui-se ainda que o CMM está mais voltado para gestão da qualidade de produto enquanto que o PMMM está claramente mais voltado para a qualidade do processo, garantido indirectamente a qualidade do produto. Para uma análise mais clara e para a identificação das FERNANDO SIMOES, PEDRO SOUSA: MODELOS DE MATURIDADE PARA SI/TI DE PEQUENAS E MÉDIA DIMENSÃO 5 sinergias, ainda é necessário efectuar uma análise ao nível com os processos do PMBOK e SWEBOK respectivamente. dos processos propriamente ditos, que iremos efectuar de Com base na análise da tabela 3, podemos retirar as seguida. seguintes conclusões: • Existem processos comuns nos dois modelos no nível 2. 5 MODELOS DE MATURIDADE VS. PMBOK VS. Isto acontece devido ao facto de o PMBOK ser SWEBOK completamente implementado no nível 2 do PMMM. Neste capítulo, é efectuada uma análise mais refinada com base no cruzamento dos modelos de maturidade PMMM e CMM, • Verifica-se que algumas áreas chave de processos do nível 2 do CMM correspondem a alguns agrupamentos TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DOS RESPECTIVOS PROCESSOS do PMBOK, a saber: PELOS DIVERSOS NÍVEIS DE MATURIDADE – Planeamento de Projecto de Software versus Planeamento – Acompanhamento e Supervisão de Projecto de Software versus Controlo • CMM no nível 3 exige que haja uma metodologia única de processos que é comum a toda a organização, levando-nos à conclusão que dentro dessa metodologia estejam incluídos os processos da gestão de projectos. Quando se atinge o nível 3 do CMM, parte dos objectivos do nível 3 do PMMM também foram atingidos, pois o objectivo deste nível também é obter uma metodologia única, embora esta possa ser mais abrangente ao nível de áreas de conhecimento. • Nos níveis 3, 4 e 5 deixamos de ter processos do PMBOK, visto já estarem contemplados nos níveis 1 e 2, pelo que o PMBOK não traz um contributo directo para atingir um nível • No PMBOK não se define forma de extrair indicadores de processo (nível 4). É necessário que as organizações efectuem um trabalho a posteriori, com vista à optimização dos processos (nível 5). • Os processos de comunicação e integração (PMBOK) não estão previstos nos modelos de maturidade. Figura 4 – sobreposição de modelos. Na figura 4, é apresentada de uma forma gráfica o que se pode subentender do trabalho efectuado neste capítulo, para além das conclusões retiradas anteriormente. Como se pode constar, existem intersecções não só ao nível dos modelos de maturidade (CMM e SWEBOK) como ao nível dos processos dos “Body of Knowledge“ (SWEBOK e PMBOK). Em conclusão, caso as metodologias sejam implementadas independentemente, poderão verificar-se perdas de eficiência devido ao facto de existirem processos comuns, como acima referido. Um factor a reter, após esta análise, é que as metodologias são complementares e daí se obterem sinergias na implementação de ambas. 6 MODELOS DE MATURIDADE PARA SI/TI DE PEQUENAS E MÉDIA DIMENSÃO 6 CARACTERÍSTICAS DAS PME Os reais problemas que se passam hoje em dia nas No contexto da Engenharia de Software, o conceito de PME organizações, quer sejam PME quer sejam grandes não é consensual, e tem sido largamente discutido no âmbito organizações, passam por requisitos não documentados, do CMM. Pode-se considerar que PME são empresas com um erros por inexperiência dos gestores, alocação de recursos, número de colaboradores inferior a 50 [5] [9], com recursos formação contínua, revisão por pares e documentação do financeiros limitados e com uma carteira de projectos produto. essencialmente constituída por pequenos projectos com equipas de menos de 20 colaboradores [5]. Para além disso, as Outro problema que por vezes ocorre com a implementação PME têm como principal objectivo a sua sobrevivência, o que dos modelos de maturidade é o excessivo números de faz com que foquem todo o seu esforço em tarefas de negócio funções que devem estar presentes na organização. Este ignorando a optimização dos seus processos e problema deve ser endereçado com vista a um colaborador consequentemente o aumento do seu nível de maturidade. acumular diversos papéis de uma forma coerente e Apresentamos de seguida algumas características das PME. suficientemente independente. [9] TABELA 4 – CARACTERÍSTICAS POSITIVAS E NEGATIVAS DAS PME Ex: Um colaborador pode assumir o papel de gestor de projecto em simultâneo com o papel de Engenheiro de software (Responsável técnico) mas não de responsável pelos testes [9]. Por definição, as pessoas responsáveis por esta área não devem ser as que efectuam desenvolvimento de Software, por não terem a distanciação necessária à detecção de erros. A visão que deve ser abordada para a implementação dos modelos de maturidade passa por encarar estes problemas de uma forma diferente. A complexidade do modelo deixa de ser impeditiva se ele for dividido em pequenas partes possíveis de serem geridas. A dificuldade de adaptação não se coloca, caso se utilize apenas o conhecimento e experiência disponível para começar com processos simples. Os modelos muito estruturados/rígidos não se colocam pois devem ser interpretados como um guia e não para serem seguidos à letra. A ideia de documentação exagerada não existe pois deverá sempre existir a documentação necessária para manter o processo controlado. Os Clientes das PME conseguem efectuar maior pressão sobre as empresas, obrigando-as por vezes a alteração de A necessidade de um grande investimento inicial (recursos, processos e metodologias instituídas nas organizações, tempo e aspecto financeiro) pode ser colmatada iniciando devido ao seu poder negocial, enquanto nas grandes com um investimento razoável, que faça sentido. organizações, essa pressão é praticamente impossível e as O retorno do investimento não é imediato mas é visível metodologias devem ser seguidas. caso se comece com as áreas que possam gerar maior retorno e com o retorno visível a nível da qualidade e da produtividade, o que irá aumentar a moral organizacional. 7 MODELOS DE MATURIDADE NAS PME A implementação dos modelos de maturidade nas PME é Finalmente, a implementação e a adaptação dos modelos de um trabalho que deve ser abordado com serenidade e com maturidade devem ser abordadas com bom senso, e com o apoio da gestão a todos os níveis, não podendo ser visto adaptação às realidades organizacionais, com o principal de uma forma leviana. objectivo de potenciar o negócio e não de o prejudicar [5]. A “If the CMM is simply the flavor of the month, then you implementação/optimização dos processos com base nos have a prescrition for disaster [1]” [5] modelos de maturidade para uma PME é possível, quando interpretada de uma forma apropriada. No caso do CMM, Os argumentos que muitas vezes são utilizados pelas este está já está a ser usado por empresas com menos de 15 diversas organizações são: os processos são demasiado pessoas e em projectos com apenas 2 pessoas: inclusive o complexos, modelos difíceis de adaptar, os modelos são SEI’s em Dezembro de 1998 tinha 27 organizações com muito estruturados/rígidos, a documentação é exagerada, menos de 25 colaboradores, que tinham realizado a requer um grande investimento inicial (recursos, tempo e auditoria (CBA-IPI - CMM-based appraisal for Internal ao nível financeiro) e o retorno do investimento não é Process Improvement). [4]. imediato. FERNANDO SIMOES, PEDRO SOUSA: MODELOS DE MATURIDADE PARA SI/TI DE PEQUENAS E MÉDIA DIMENSÃO 7 8 CONCLUSÕES UMINF 00.12, 2000. [8] Orci, T, Capability Maturity Model for Extra Small Organizations, Os dois modelos de maturidade aqui apresentados, vindos Level 2. Umeå University, Dept of Computing Sciences, UMINF de duas escolas diferentes, Engenharia de Software e 00.13, 2000. Gestão de Projectos, tal como se pode constatar, são [9] Terttu Orci, Capability Maturity Model for Small Organizations, complementares, tendo sinergias interessantes. Devido ao Level 2. Umeå University, Dept of Computing Sciences, UMINF facto de existirem processos comuns aos dois modelos , 00.14, 2000. uma organização que pretenda atingir um determinado [10] Terttu Orci, Astrid Laryd CMModel for Small Organizations, Level nível de maturidade de ambos os modelos tem toda a 2. Umeå University, Dept of Computing Sciences, UMINF 00.20, vantagem em implementá-los em conjunto devido às 2000 sinergias que daí advêm. [11] Kaisu Sammalisto, “Developing Total Quality Environmental Management in SMEs Management Systems Approach”, Por outro lado, as PME, apesar de todos os problemas February 2001 apresentados, têm vantagens em relação às grandes [12] Phillipe Kruchten, “The Rational Unified Process, an empresas, pois podem tirar partido da sua dimensão. Esta Introduction”, 1998 facilita claramente a implementação dos processos, sendo a comunicação interna muito facilitada e tirando partindo Fernando Simões, Licenciado em Engenharia Informatica; Consultor das relações inter-pessoais. na Novabase SA., Consultor especialista na Link SA, consultor Sénior na Portugal Telecom Sistemas de Informação; Pesquisa em Modelos de qualidade nas organizações de SI/TI. Para que a implementação dos modelos de maturidade numa organização seja efectuada com sucesso, deverá Pedro Sousa, Administrador Link Consulting, Professor Associado do existir, ao nível da gestão, um apoio total para a Instituto Superior Técnico, Investigador no Centro de Engenharia implementação dos modelos na organização. Para além Organizacional do INESC. disso, ao nível da organização dever-se-á trabalhar numa possível mudança cultural, para que a transição seja efectuada sem grandes problemas. 9 PRÓXIMOS PASSOS. Ao nível de próximos passos, um dos caminhos possíveis será a definição de uma arquitectura de sistemas de informação de referência, pela qual as organizações se possam eventualmente orientar. Esta arquitectura deverá ter por base todos os processos definidos neste trabalho, assim como os processos base de suporte ao negócio. A implementação desta tem por objectivo a automatização dos processos de negócio de forma a diminuir o esforço de implementação, utilização e manutenção, facilitando desta forma o alcance de um determinado nível de maturidade REFERENCES [1] M. C. Paulk, Charles V. Weber, Suzanne M. Garcia, M. B.Chrisis, Marilyn Bush, "Key Practices of the Capability Maturity ModelSM, Version 1.1" Software Engineering Institute Technical Report, CMU/SEI-93-TR-25, Fevereiro 1993. [2] Kerzner, Harold, “Strategic Planning for project management using a Project Management Maturity Model”, John Wiley and Sons, 2000. [3] PMI Standards Committee, Wiliam R. Duncan, “A Guide to project management Body of Knowledge”, 1996. [4] M. C. Paulk, "Using the software CMM® With Good Judgment", ASQ Software Quality Professional, Vol. 1, No. 3, Junho 1999. [5] Paulk M. C.: Using the Software CMM in Small Organizations, Carnegie Mellon University, 1998. [6] Abran, A. and J. W. Moore, Eds. (2001). Guide to the Software Engineering Body of Knowledge - Trial Version v 1.0 - SWEBOK . Los Alamitos, California, U.S., IEEE Computer Society [7] Terttu Orci, Capability Maturity Model for Extra Extra Small Organizations, Level 2. Umeå University, Dept of Computing Sciences,