=Paper= {{Paper |id=Vol-1667/CtrlE_2016_AC_paper_57 |storemode=property |title=Design Instrucional para uma Aprendizagem Significativa: pesquisa e extensão no caminho do desenvolvimento de tecnologias para a educação |pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-1667/CtrlE_2016_AC_paper_57.pdf |volume=Vol-1667 |authors=Signe Melo e Silva,Luis Mendes,Jorge Barcelos,Ricardo Paiva,Breno Freitas,Rafael Toscano }} ==Design Instrucional para uma Aprendizagem Significativa: pesquisa e extensão no caminho do desenvolvimento de tecnologias para a educação== https://ceur-ws.org/Vol-1667/CtrlE_2016_AC_paper_57.pdf
  Design Instrucional para uma Aprendizagem Significativa:
   pesquisa e extensão no caminho do desenvolvimento de
                 tecnologias para a educação

           Signe Melo e Silva1, Luis Mendes, Jorge Barcelos, Ricardo Paiva,
                            Breno Freitas, Rafael Toscano
   1
       Departamento de Mídias Digitais (DEMID) da Universidade Federal da Paraíba
                               (UFPB), Paraíba, Brasil.
                              signedayse@yahoo.com.br



    Abstract. The main purpose of the University as an institution is to promote
    activities in teaching, researching and extension harmonically, allowing
    students to learn, discover and spread to society some knowledge and
    experience as a result of theirs Academic studies. This paper reports the
    experience of a Research and Extension Project that was born aiming the
    development of environments, softwares and hardwares to support teaching
    and learning.


    Resumo. O sentido maior da Universidade está em promover atividades de
    ensino, pesquisa e extensão de forma harmônica, possibilitando aos estudantes
    aprender, descobrir e estender à sociedade os conhecimentos e experiências
    adquiridos no decorrer de seus estudos acadêmicos. Este texto relata a
    experiência de um projeto de pesquisa e extensão que nasceu com o objetivo
    principal de desenvolver ambientes, softwares e hardwares para apoiar o
    ensino e a aprendizagem.


1. O Desafio Inicial
        Reconhecido institucionalmente como de Pesquisa e Extensão, o Projeto Dias
(ainda anônimo em função do edital do evento) é fomentado pelo Programa de Bolsas
de Extensão PROBEX, inserido e regulado no SigProj do Ministério da Educação/MEC
e foi estruturado nas formas de Oficinas, Cursos e Laboratórios de Produção em Design
Instrucional, com o objetivo de desenvolver Objetos de Aprendizagem, ou seja,
materiais para a educação no formato digital para uso em suportes tais como Tablets,
Smartfones, Notebooks e Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) como a
Plataforma Moodle, a Rede Social Facebook, dentre outros.
      As ações do Projeto Dias são sustentadas teoricamente no campo da
Comunicação Social e nas Teorias das Mídias Digitais pelas categorias da Cybercultura
e Design Instrucional e no âmbito das Ciências da Educação, pelas categorias de
Aprendizagem Significativa, Formação por Competências e Competências
Socioemocionais.




                                                                                    347
       O princípio básico do Projeto Dias é a interação criativa e produtiva do estudante
com as oportunidades relacionadas à produção de produtos e serviços educacionais em
atendimento e suporte ao trabalho de professores, técnicos e entidades interessadas.


1.1. Os Fundamentos Institucionais
        Desde os primórdios do nascimento, implementação e atuação das universidades
no Brasil as preocupações com a relação entre a comunidade do entorno e a Sociedade
Civil local são uma meta a ser conquistada em quantidade e qualidade de ações. A
universidade sem integração não cumpriria seu papel principal, que é servir à sociedade.
Para além das ações de ensino e pesquisa a extensão universitária se fortalece a cada
década, produzindo resultados e encontrando soluções para as infinitas demandas
sociais.
       De acordo com a Política Nacional de Extensão Universitária (2012, p.06), a
extensão universitária tem por objetivos, acolhidos neste projeto: a) Reafirmar a
extensão universitária como processo acadêmico definido e efetivado em função das
exigências da realidade, indispensável na formação do aluno, na qualificação do
professor e no intercâmbio com a sociedade; b) Assegurar a relação bidirecional entre
a universidade e a sociedade, de tal modo que os problemas sociais urgentes recebam
atenção produtiva por parte da universidade; c) Enfatizar a utilização de tecnologia
disponível para ampliar a oferta de oportunidades e melhorar a qualidade da
educação, aí incluindo a educação continuada e a distância.
        No Projeto Pedagógico de Curso/PPC, dos Cursos de Comunicação Social e
Comunicação em Mídias Digitais: a) As Mídias Digitais resultam da convergência e
interfaceamento de um variado número de áreas do conhecimento, a saber:
Comunicação Social, Artes, Ciências Sociais, Filosofia, Psicologia, Linguística,
Ciências da Informação, Marketing, Direito Digital, Educação (em particular a EAD),
Ergonomia, Informática e Tecnologias de Informação e Comunicação; b) Mídias
Digitais, enquanto área de conhecimento integra uma variedade de conceitos, teorias,
técnicas, processos e métodos provenientes, das áreas supracitadas (entre outras).
Como resultado desta atividade de integração, as Mídias Digitais, extrapolam, vão
além dos conceitos e teóricas de uma única área (como a Comunicação Social),
oferecendo uma nova perspectiva bem como, novos recortes e abordagens
metodológicas o que resulta, como consequência, em objetos de estudo diferenciados.
Um destes ‘objetos de estudo diferenciados’ é o Design Instrucional.
       Para além das fronteiras institucionais, no Catálogo Brasileiro de
Ocupações/CBO, Designer Instrucional – CBO 2394-35 (também identificados como -
desenhistas instrucionais, designers educacionais e projetistas instrucionais) estão
contidos dentro da categoria Programadores, avaliadores e orientadores de ensino. De
acordo com a CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) o Designer Instrucional tem
por função: “Implementar, avaliar, coordenar e planejar o desenvolvimento de projetos
sejam eles pedagógicos, sejam eles organizacionais tanto nas modalidades de ensino
presencial, a distância como na modalidade de ensino presencial conectado. Aplica-se
técnicas e metodologias que agregam a utilização de tecnologias no ambiente virtual de
aprendizagem. Sua atuação não está vinculada apenas ao ambiente acadêmico,
podendo atuar em RHs, Empresas de Treinamentos, Universidades Corporativas,


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Bancos entre outros. O principal objetivo é do de proporcionar a tradução entre o
conteúdo desenvolvido e ministrado pelo professor até o processo de interação entre o
conteúdo e o conhecimento a ser adquirido pelo aluno. Através de ferramentas e
recursos interativos, o Designer Instrucional buscará adaptar o conteúdo teórico de
forma síncrono e assíncrona promovendo a aprendizagem por meio do auxílio de
ferramentas colaborativas”. (Fonte: http://designerinstrucional.com.br/sample-page/)
       Finalmente, ainda de acordo o estudo “As Perspectivas Tecnológicas para o
Ensino Fundamental e Médio Brasileiro de 2012 a 2017” sistematizado pela FIRJAN
(2012, p.06) “Existe um senso comum de que simplesmente adicionar tecnologias às
escolas não é suficiente. A formação de professores deve incluir competências como a
educação digital e a produção de mídias antes que entrem nas salas de aulas. De forma
semelhante, professores em atividade devem envolver-se em ações de educação
continuada para aprenderem novas competências à medida que a tecnologia evolui”.
        Assim, a promoção do desenvolvimento de Objetos de Aprendizagem na
perspectiva de formação complementar por competências em Design Instrucional, para
os estudantes das áreas de Comunicação Social e Comunicação em Mídias Digitais, se
justificou por atender as necessidades e tendências postas e previstas em documentos
oficiais, contemplando os objetivos da tríade ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃO da
Universidade Pública Brasileira.


2. Os Fundamentos Teóricos que nos Sustentam
       Naturalmente, por tratar-se de um projeto de Pesquisa-Extensão, necessário
tornou-se que os elementos teóricos constitutivos fossem desenhados em sintonia com
as pesquisas já existentes sobre as possibilidades da dialética tecnologia-educação,
considerando-se as trajetórias pedagógicas dos docentes envolvidos e tendo como norte
a Comunicação Social e as Mídias Digitais como campo teórico e prático na construção
das ações do grupo.
         De acordo com Gomez (2010, p.09): “Estamos caminhando para uma fase de
convergência e integração das mídias. Tudo começa a integrar-se com tudo, a falar
com tudo e com todos. Tudo pode ser divulgado em alguma mídia. Todos podem ser
produtores e consumidores de informação. A digitalização traz a multiplicação de
possibilidades de escolha, de interação. A mobilidade e a virtualização nos libertam
dos espaços e tempos rígidos, previsíveis, determinados. O mundo físico se reproduz em
plataformas digitais e todos os serviços começam a poder ser realizados física ou
virtualmente. Há um diálogo crescente, muito novo e rico entre o mundo físico e o
chamado mundo digital, com suas múltiplas atividades de pesquisa, lazer, de
relacionamento e outros serviços e possibilidades de integração entre ambos, que
impactam profundamente a educação escolar e as formas de ensinar e aprender a que
estamos habituados. As mudanças que estão acontecendo na sociedade, mediadas pelas
tecnologias em rede, são de tal magnitude que implicam – a médio prazo – em
reinventar a educação como um todo, em todos os níveis e de todas as formas”.
        É inegável, segundo Gomez (2010, p.11) que o “uso da internet está abrindo
um caleidoscópio de modos de apropriação nos mais diversos âmbitos”, no entanto, a
defesa de um conhecimento significativo, contextual, tácito e vivencial, é um caminho
ao equilíbrio nas relações entre professor e aluno, numa era em que o aluno, por


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incontáveis possibilidades e circunstâncias ‘acessa’ a informação numa velocidade
impossível ao professor de alcançar e manter em níveis confortáveis. Sobrariam quais
caminhos para a realização de uma formação que favorecesse o “aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser”?
         Sob o olhar desses quatro Pilares da Educação – aprender a conhecer;
aprender a fazer; aprender a viver juntos; e aprender a ser – propostos pelo Relatório
Delors organizado por Werthein (2000, p.22) para a UNESCO – Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – as mais recentes iniciativas em
resposta às demandas postas pela educação do novo milênio têm dado grande atenção
ao desenvolvimento das competências socioemocionais.
       Anita Abed (2014, p.105) diz que “o desenvolvimento das habilidades
socioemocionais é fundamental para aprimorar o processo de ensino aprendizagem,
promover o sucesso escolar e fomentar o progresso social dos indivíduos e das
nações”.
        Para além das abordagens tradicionais da educação Ocidental, que priorizam a
razão e a aprendizagem de conhecimentos já construídos, ações que trabalham as
habilidades socioemocionais visão o desenvolvimento do ser humano em sua
integridade.
       Assim, assumimos o que alerta Abed (2014, p.06): “Essa configuração de
educação formal que prioriza apenas os aspectos cognitivos e os conteúdos
programáticos sustenta-se, segundo Morin (2000a), em concepções que marcaram a
cultura pós-iluminista: a separabilidade; a neutralidade dos conhecimentos científicos;
o universo ordenado e imutável; a supremacia da razão”.
      Essa “visão moderna” de educação não faz mais sentido para século XXI e suas
novas configurações. “Os paradigmas que sustentam a ação educativa precisam se
adequar aos novos tempos e aos novos estudantes que as escolas recebem dentro de seus
muros” de acordo com Abed (2010, p.05) cada vez mais cercados de informação e
ambientados num mundo cada vez mais dinâmico.
       Desta forma, tendo partido do entendimento dos fundamentos pedagógicos mais
rudimentares, representados pelos conceitos das três formas de aprendizagem –
Cognitiva, Afetiva e Psicomotora – e seguimos com as abordagens de ensino –
Tradicional, Behaviorista, Cognitivista, Sociocultural e Humanista, segundo as
considerações de Moreira (1999, p.13) e Grohs e Piletti (2015, p.14).
        Sobre os três tipos ou formas ‘gerais’ de aprendizagem, de acordo com Moreira
(1999, p.14), a Cognitiva resulta no armazenamento organizado de informações na
mente do ser aprendente; a Afetiva resulta de sinais internos ao indivíduo e que podem
ser identificadas como prazer e dor, satisfação, descontentamento, alegria, ansiedade,
dentre outras; e a Psicomotora envolve respostas musculares ocasionadas por meio de
treinos e práticas.
         Quanto às abordagens do processo educativo, conforme sistematiza Grohs e
Piletti (2015, p.15), são definidas como: Tradicional: representada por Comenius, tem
por característica a possibilidade de se conhecer a realidade através do emprego de
métodos formais e padronizados que levem à memorização por repetição das
informações a serem aprendidas; Behaviorista: espaço de Skinner que diz que o
conhecimento da realidade é um fenômeno objetivo e marcado pelas mudanças de


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comportamento dos indivíduos; Cognitivista: tendo em Piaget seu principal
representante, defende a ideia de que o conhecimento é uma construção subjetiva e
contínua e está diretamente relacionado com a interação do mesmo com a realidade
objetiva; Sociocultural: método de Vygotsky, onde o conhecimento da realidade é um
processo de interação entre o indivíduo e seu meio, tendo a linguagem como principal
mediadora; Humanista: onde Carl Rogers simplifica que a aquisição do conhecimento
da realidade como significativa, apenas se realizado pelo próprio indivíduo.
       Tendo a visão geral dos principais ícones das “Teorias de Aprendizagem”,
pudemos ‘pinçar’ em Carl Rogers colocações sobre uma aprendizagem significativa
desejada numa perspectiva educacional humanista, antes de adentramos efetivamente no
universo de David Ausubel, defensor da Teoria da Aprendizagem Significativa/TAS e
seu máximo representante na contemporaneidade.
        Para Carl Rogers, segundo Grohs e Piletti (2015, p.62) “A aprendizagem, para o
autor, somente é significativa, ou seja, somente possui um sentido para o aprendiz,
quando é ele mesmo que constrói de maneira experiencial o seu conhecimento. A
aprendizagem significativa, em vez de um aglomerado de conhecimentos que não
possuem relação com o sujeito, é uma experiência unificada de sentir e conhecer. [...] A
aprendizagem significativa produz uma mudança no comportamento do indivíduo, na
sua orientação para o futuro e nas suas escolhas. [...] A aprendizagem significativa,
por outro lado, busca ser funcional, ou seja, provocar uma mudança no comportamento
das pessoas em sua vida como um todo”. E, finalmente, que “a aprendizagem
significativa acontece mais facilmente em contato com alguma situação problemática
para o indivíduo”.
        No entanto, foi na perspectiva analítica de Ausubel, na obra de Moreira (2006,
p.19) que compreendemos o sentido da Aprendizagem Significativa que mais se
aproximou de nossa prática pedagógica: “A essência do processo de aprendizagem
significativa é que ideias simbolicamente expressas sejam relacionadas, de maneira
substantiva (não literal) e não arbitrária, ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum
aspecto de sua estrutura cognitiva especificamente relevante (isto é, um subsunçor) que
pode ser, por exemplo, uma imagem, um símbolo, um conceito ou uma proposição já
significativas”. Ou seja, a aprendizagem se dará quando uma ideia for relacionada a
outra pré-concebida e a partir daí, dê abertura à construção de novas ideias.
        No caso do Projeto Dias, a sua configuração é de “ancoragem”, “esteio” ou
“alicerce geral” de subprojetos pensados, nascidos e executados por estudantes, técnicos
e professores como propostas de intervenção individuais, motivadas por escolhas
temáticas pessoais.
        Além da ação concreta de concepção de um “objeto de aprendizagem”, ou seja,
de um vídeo, um tutorial, um podcast, ou qualquer outro material para o uso
pedagógico, o proponente deverá ter o cuidado em fundamentar teoricamente o seu
projeto, partindo de suas leituras e experiências pessoais. Desde o processo de escolha
de um tema educacional a ser tratado e do suporte tecnológico onde o mesmo será
instalado, passando pela criação, desenvolvimento e aplicação do Objeto de
Aprendizagem apropriado, o gestor do projeto tem autonomia para dar seguimento ao
trabalho, de forma livre e autônoma, com o apoio de todos da equipe e sob a supervisão
dos docentes Coordenadores do Projeto Dias.



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        No sentido de agregar nossas ações à práticas pedagógicas atuais e aderentes às
demandas da educação por meio do uso de tecnologias, os fundamentos teóricos em
construção permanente pelos estudiosos da educação e suas interfaces, foram agrupados
nas seguintes categorias de análise: Cibercultura, Design Instrucional, Aprendizagem
Significativa, Formação por Competências e Competências Socioemocionais.
       Por Cibercultura, Gomez (2010, p.16) nos sugere que é “produto de uma
relação de trocas entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base
microeletrônica graças à convergência das telecomunicações com a informática”.
       Definimos que Design Instrucional é o proposto por Filatro (2004, p.64): “A
ação intencional e sistemática de ensino que envolve o planejamento, o
desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e
produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a
aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução
conhecidos”.
        Relativamente à Aprendizagem Significativa, acolhemos o que diz Ausubel na
obra de Moreira (2006, p.19): “A essência do processo de aprendizagem significativa é
que ideias simbolicamente expressas sejam relacionadas, de maneira substantiva (não
literal) e não arbitrária, ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum aspecto de sua
estrutura cognitiva especificamente relevante (isto é, um subsunçor) que pode ser, por
exemplo, uma imagem, um símbolo, um conceito ou uma proposição já significativas”.
       Na perspectiva da Formação por Competências, de acordo com Perrenoud
(1999, p.69) é um processo de aprendizagem onde “as competências são construídas
somente no confronto com verdadeiros obstáculos, em um processo de projeto ou
resolução de problemas”, ou seja, a partir de significados reais.
       Por não encontrarmos uma definição clara sobre o conceito de Competências
Socioemocionais, adotamos a ponderação de Tough (2014) citado por Abed (2010)
quando explica que competências socioemocionais “são habilidades que você pode
aprender; são habilidades que você pode praticar; e são habilidades que você pode
ensinar”. Entretanto, não há uma definição exata do que seriam as competências
socioemocionas.


3. A Proposta Prático-Metodológica
        A compreensão dos conceitos e a definição das categorias que sustentariam o
Projeto Dias nos levaram a adotar as seguintes práticas e encaminhamentos
metodológicos, que em detrimento de serem amplos e aderentes a qualquer outra
prática, nos confortou como sendo uma possibilidade suave de encontro, considerando-
se as categorias que nos sustentariam.
        Uma primeira perspectiva metodológica foi pinçada em Cavalcanti (1999, p.02)
que recomenda que conceitos “andragógicos”, ou seja, fundadores do aprendizado de
adultos sejam introduzidos ao ensino superior, favorecendo aos alunos o
desenvolvimento de métodos pessoais de estudo, levando-os a uma aprendizagem mais
significativa: a) tirando proveito da experiência acumulada pelos alunos; b) propondo
problemas, novos conhecimentos e situações sincronizadas com a vida real; c)
justificando a necessidade e utilidade de cada conhecimento; d) envolvendo alunos no


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planejamento e na responsabilidade pelo aprendizado; e) estimulando e utilizando a
motivação interna para o aprendizado; e, f) facilitando o acesso, os meios, o tempo e as
oportunidades.
       Num segundo momento Perrenoud (1999, p.69) trouxe-nos que “as
competências são construídas somente no confronto com verdadeiros obstáculos, em um
processo de projeto ou resolução de problemas”, ou seja, a partir de significados reais.
Assim, outra possibilidade de dar sentido e significado à aprendizagem é o
estabelecimento de conhecimentos, habilidades e atitudes ‘úteis’ ou de real significação
à solução de problemas concretos.
        Neste caminho, Küller e Rodrigo (2013, p.75) também sugerem 07 (sete) passos
metodológicos para uma aprendizagem voltada ao desenvolvimento de competências: a)
contextualização e mobilização; b) definição da atividade de aprendizagem; c)
organização da atividade de aprendizagem; d) coordenação e acompanhamento; e)
análise a avaliação das atividades de aprendizagem; f) acesso a outras referências; e, g)
síntese e aplicação.
       Bases teóricas acolhidas os procedimentos metodológicos foram construídos em
Santos (2011, p.73), que defende que não há mais espaço para a repetição automática,
descontextualizada e sem significação.
       Ele enfatiza que a aprendizagem significativa pressupõe sete atitudes que podem
favorecer a postura de quem queira adotar o modelo proposto por Ausubel, e assim
fizemos: a) Dê sentido ao conteúdo, pois toda aprendizagem parte de um significado
contextual e emocional (usando organizadores prévios – infográficos); b) Especifique,
depois da contextualização, levando o aluno a perceber as características específicas do
que está sendo estudado (análise do currículo do curso); c) Favoreça a compreensão,
que levará à construção do conceito que poderá ser utilizado em diversos contextos
(escolha do eixo de atuação); d) Leve à definição, de forma clara e através das palavras
do próprio aluno, dos conceitos que foram construídos (construção em grupos); e)
Provoque a argumentação, após a definição, através do relacionamento lógico dos
diversos conceitos (via linhas de argumentação); f) Viabilize a discussão, incentivando
o raciocínio através dos argumentos e dos conceitos construídos (aplicação de enquetes
através dos Questionários Google); g) Leve o conhecimento para a vida, do aluno,
através da possibilidade de intervenção em sua realidade e da transformação da mesma
(associação aos disparos de notícias publicadas no Facebook). Sem esse propósito,
qualquer aprendizagem seria inócua.


3. As Ações e Resultados do Ano de 2015
        No decorrer do ano de 2015 o Projeto Dias executou as ações propostas no
projeto original e buscou expandir suas possibilidades através da prospecção de suas
ações junto à comunidade acadêmica e à sociedade civil. Aos poucos foi sendo
conhecido e procurado pelos mais diversos perfis de pessoas e organizações
interessadas em firmar parcerias, contratar serviços e realizar trabalhos em conjunto.
        As 08 (oito) meta-objetivos de trabalho definidas no projeto original foram
realizadas e concluímos o ano de 2015 com os seguintes resultados:




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       1) Construção de 10 Mapas Conceituais na Disciplina de Metodologia da
           Pesquisa Científica em Mídias Digitais em conformidade com a Teoria de
           Aprendizagem Significativa e os interesses prévios de grupos de estudantes
           matriculados na disciplina;
       2) Mapeamento das Competências Necessárias ao Designer Instrucional em
           conformidade com a CBO/MTb. 2394-35 e os parâmetros do IBDIN -
           Instituto Brasileiro de Desenho Instrucional;
       3) Realização de um piloto de Podcast (Vida e Obra de David Ausubel) e 02
           Vídeo-Tutoriais para a preparação de vídeo-aulas no formato de Oficinas;
       4) Atendimento a outros setores da Universidade, na realização de Produção de
           Vídeo-Tutorias;
       5) Realização de 01 Palestra para 200 professores do Sistema Estadual de
           Ensino e de 01 Palestra durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia;
       6) Realização de Fóruns na Fanpage do Projeto no Facebook com 170 pessoas
           atendidas até 22/02/2016;
       7) Objetivo realizado através do fórum no Grupo Secreto do “PD” no Facebook
           (Vinculado ao perfil da Coordenadora-Geral) e com 25 membros até o dia
           22/02/2016;
       8) Produção de 03 Resumos no encontro de Extensão da Universidade em
           2015; e, Publicação de 01 Artigo Completo no Projeto Universidade-EAD
           (NO PRELO).
        No momento nos encontramos na fase de produção de Artigos e do Relatório
ANALÍTICO final com imagens e som. Toda a equipe envolveu-se satisfatoriamente na
execução. Durante a execução percebemos inúmeras possibilidades oriundas de nossas
participações e parcerias junto a entidades e órgãos ligados à educação na Paraíba e
Pernambuco. Estratégias para 2016, construídas com a atual equipe:
      1) Desenvolvimento de Boas Práticas para a Educação Virtual e Design
          Instrucional
      2) Realização de um Game alusivo à Proteção da Mata Atlântica (Foco no
          Campus UFPB)
      3) Capacitação de Professores do Ensino Fundamental para o uso de
          Tecnologias Móveis
      4) Realização de Roteiros de Vídeo para Letramento Digital
      5) Customização de Ferramentas Tecnológicas para Educação
      6) Finalização do Projeto PODCAST (Vida e Obra de David Ausubel e sua
          Aprendizagem Significativa)
      7) Realização de uma WEB-Série sobre Boas Práticas em Gastronomia
          (Atendimento ao CTDR/UFPB Campus Mangabeira)
      8) Atendimento ao PROINFO-Paraíba (Unidade Cajazeiras)
      9) Atendimento de Professores de todos os níveis para o Letramento Digital e o
          Uso Contínuo de Tecnologias Móveis-UCTM


                                                                                  354
       10) Outras demandas que venham a surgir!


       As experiências pessoais são um relato à parte, uma vez que os conceitos e
fundamentos da Aprendizagem Significativa foram sendo disseminados em outros
projetos e com repercussões em outras práticas do Curso de Graduação e da Gestão
Acadêmica que o Coordenada.


5. Referências Bibliográficas:

Abed, A. L. Z. (2010). O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como
  caminho para a aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da educação básica. São
  Paulo: 2014. Disponível em: http://www.recriar-se.com.br/downloads/teoricos/
  HabilidadesSocioemocionais2014.zip

Catálogo Brasileiro de Ocupações (CBO). CBO-2394-35 – Design Instrucional.
  Ministério do Trabalho e Emprego. Brasil.

Cavalcanti, R. (1999). Andragogia: a aprendizagem nos adultos, In: Revista de
  Clínica Cirúrgica da Paraíba. N° 6, Ano 4.

Filatro, A. (2004) Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia. São
   Paulo: Editora SENAC São Paulo.

Firjan. Horizon Report (2012). Panorama Tecnológico para o Ensino Fundamental e
   Médio Brasileiro. New Media Consortium (NMC) e Sistema FIRJAN.

Gomez, M. V. (2010). Cibercultura, formação e atuação docente em rede: guia para
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