Produzindo materiais didáticos para cursos EaD: uma proposta de formação docente Andressa Lenuska Sousa de Macedo1, Bárbara Fernandes da Silva de Souza1, Edilene Cândido da Silva1, Raiane dos Santos Martins1 1 Instituto Metrópole DigitalUniversidade Federal do Rio Grande do Norte (IMD- UFRN) CEP 59078-970 – Natal – RN – Brasil {andressa.lenuska, barbara, edilene.candido, raiane}@imd.ufrn.br Abstract. The article discusses concepts and characteristics of teaching materials used in the Distance Education, such as planning, methods, strategies for the production of these materials, copyright and intellectual property. The proposed course is aimed at training teachers, focused on distance learning courses. We will use the Active Methodology, through questioning, to the development of the proposed activities; we will also use the case study as evaluation tool. It is expected that the public at the end of the course, will can extend their pedagogical practices and their knowledge about Distance Education, which favors the adoption of a more critical look on the production of teaching materials that meet the specifics of the course to which it proposes to work. Resumo. O artigo aborda conceitos e características dos materiais didáticos utilizados na Educação a Distâncias, tais como planejamento, métodos, estratégias de elaboração, direitos autorais e propriedade intelectual. O minicurso proposto é voltado para formação de professores, com foco nos cursos a distância. Utilizaremos a Metodologia Ativa, por meio da problematização, para o desenvolvimento das atividades propostas, bem como o estudo de caso como estratégia avaliativa. Entendemos que o público, ao final do minicurso, poderá ampliar suas práticas pedagógicas e seus conhecimentos sobre a Educação a Distância, o que favorece a adoção de um olhar mais crítico sob a produção de materiais didáticos que atendam as especificidades do curso ao qual se propõe a trabalhar. 1. Introdução A facilidade no acesso à informação e a rapidez com que esta chega a sociedade atual favorece a expansão do conhecimento, principalmente ao pensarmos na necessidade de oportunizarmos uma formação de qualidade para o maior número de profissionais e em menor tempo possível. Na Educação, a necessidade que o professor tem para se adequar as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) é um fato inegável. Para isso, torna- se cada vez mais iminente que o profissional se qualifique academicamente e exerça na prática o que aprende. O nosso aporte teórico é embasado nos autores: Cabral Neto e Rebelo (2010), Nóvoa (1995), Belloni (2012), Barbosa e Moura (2013), que tratam dos conceitos de Formação Docente, Educação a Distância, Material Didático e Metodologia Ativa. Na Educação a Distância há a possibilidade de implantação de variadas ferramentas colaborativas para a construção da aprendizagem, tais como fóruns, chats e questionários online. Tais ferramentas, síncronas e assíncronas, suprem as demandas de quem precisa se qualificar para o mundo do trabalho e flexibilizar seus horários.    Nos cursos a distância, há a necessidade de elaboração de materiais didáticos apropriados, construídos em linguagem dialógica e de fácil apreensão, para que os estudantes possam se referenciar teoricamente, podendo utilizar ou não os vários recursos tecnológicos disponíveis. Nesse sentido, a elaboração de materiais didáticos para cursos a distância insere- se como parte das ações pedagógicas das instituições de ensino e, no Instituto Metrópole Digital (IMD) da UFRN, as orientações oferecidas pelo Setor Pedagógico e Setor de Materiais têm a finalidade de qualificar os professores conteudistas que elaboram os materiais utilizados pelos alunos dos Cursos Técnicos dessa instituição. Este artigo está estruturado da seguinte forma: inicia-se com o contexto de elaboração da temática voltada a formação docente em educação a distância, seguido pela explicação da metodologia e estratégias a serem adotadas no curso de formação de professores para elaboração de materiais didáticos, e, por fim, algumas considerações acerca dos resultados esperados que os cursistas deverão alcançar ao final do curso. 2. Formação docente em EaD: Uso do Material Didático A Educação é a mola propulsora de desenvolvimento socioeconômico das nações, por ser um vetor importante para a construção de políticas ou de programas de governo voltado ao atendimento das novas demandas esperadas pelo avanço da ciência e da tecnologia. Citamos, Cabral Neto e Rebelo (2010, p. 9) quando mencionam que “essas mudanças trouxeram novos desafios para a sociedade, em geral, e para a educação, em particular, requerendo amplas reformas nesse campo visando atender às novas demandas sociais e do mundo do trabalho”, o que reforça a necessidade de se consolidar a Educação a Distância como modalidade de ensino que pode colaborar para alcance das necessidades de um público alvo com mais restrições de acesso ao ensino presencial. Observando o contexto mundial que requer resposta rápida aos anseios da sociedade, às necessidades de inovação e atualização constante que o professor deve adotar em sua prática cotidiana, a fim de entender o seu aluno em suas várias dimensões, encontramos na educação a distância um suporte possível para atender a demanda efetiva que os sistemas educacionais trazem, pelas suas possibilidades de ampliação no acesso ao saber dissociado da presença física no espaço institucional e da flexibilização de horários por ela propiciada. Nóvoa (1995) coloca que novas competências e olhares devem ser desenvolvidos para que o professor possa adotar uma formação reflexiva sobre a sua prática. As formações dessas novas perspectivas estão classificadas, segundo Bladin (1990) em quatro categorias: cultura técnica, competências de comunicação, capacidade de trabalhar com método e capacidade de capitalizar. Belloni (2012, p. 95) destaca que a capacidade técnica é uma das mais difíceis de se trabalhar, pois refere-se à “capacidade de integrar materiais pedagógicos em suportes mais sofisticados”, onde pode-se elaborar e produzir novos materiais. No entendimento de Andrade e Kipnis (2010, p. 175), os desafios e expectativas da sociedade em cumprir com as exigências do mundo do trabalho, estão acentuadas no entorno da Educação, precisamente no desenvolvimento da capacidade tecnológica visando a ampliação de competências. Para eles,    O desenvolvimento da capacidade tecnológica, por meio da compreensão, criação, produção e adaptação de insumos, produtos e serviços, fez-se notar no universo educacional. Disso, surgem desafios relacionados às novas expectativas da sociedade em relação à educação superior – seus cursos e instituições – e ao mundo do trabalho, estabelecendo-se novas exigências em relação à formação, complexidade e flexibilidade dos profissionais na conjuntura de economias globalizadas, e no caso brasileiro, acentuadas num contexto de aumento expressivo dos concluintes do ensino médio e de expansão do ensino superior [Andrade e Kipnis 2010, p.175]. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996), que regulamenta o ensino no Brasil, em seu artigo 80 destaca o papel de incentivador do Poder Publico em relação aos programas de ensino a distância, no mesmo artigo encontramos orientações de regulamentação e requisitos para as praticas administrativas e educativas como: certificação através da expedição de diplomas, avaliação e construção de materiais próprios. [Brasil, 2012] Na perspectiva citada, o IMD atua na formação de pessoal de nível médio técnico, graduação e na pós-graduação, cujas ações integram a inclusão social e digital desses jovens e adultos em seus diferentes niveis de ensino. Observando a necessidade de capacitação para o público que trabalha com Tecnologia da Informação, o IMD oferece diversos cursos, dentre eles o de Capacitação de Professores Conteudistas para elaboração de material didático para o ensino a distância. 3. Elaboração de materiais didáticos: Uso de estratégias para aprendizagem em cursos a distância O material didático em EaD deve oferecer uma linguagem adequada a modalidade proposta. Possuir uma formatação inovadora, estimulante e motivadora. sendo o principal mediador da aprendizagem ao educando. Através do material didático o aluno pode problematizar enquanto estuda, assimilando as atividades integradas aos conteúdos, para o desenvolvimento das competências esperadas. Essa problematização insere-se em um contexto onde os alunos devem ser incentivados a estudar e pesquisar contínuamente, com metodologias que se adaptem às suas capacidades cognitivas, a apropriação desse saber e aos conceitos a construir, por meio de interlocução, observação, investigação, análise, síntese e avaliação. Levando-se em conta que os estudantes desenvolvem diversas formas de aprendizagem, o profissional que irá elaborar o material didático deve atentar a introduzir as TICs como recurso para tornar a aprendizagem mais efetiva. Um método produtivo comumente utilizado na Educação a Distância é o da Aprendizagem Ativa, que ocorre quando o aluno interage positivamente com o assunto que está sendo mediado: quer seja ouvindo, falando, perguntando, discutindo, fazendo e ensinando; sendo estimulado a construir o conhecimento ao invés de recebê-lo mecanicamente do professor. No âmbito dessa aprendizagem ativa, o professor configura orientando, supervisionando, facilitando o processo de aprendizagem [Barbosa e Moura 2013]. Apresentamos como estratégias para tornar o material didático de cursos a distância atrativo para os estudantes o enfoque em um planejamento que: possibilite ao autor do texto uma conversa com o seu leitor, de maneira a proporcionar uma relação de dialogicidade; que consiga atuar buscando focar em um problema ou questão específica;    além de motivar alunos a se envolverem com as tarefas propostas no texto, e dessa forma, estimular as funções cognitivas do pensamento. O foco do minicurso será a capacitação de professores e demais interessados na elaboração de materiais didáticos para o ensino a distância, abordando a importância do material didático para a educação a distância e o seu papel como organizador do conhecimento e suporte para aprendizagem. A metodologia utilizada será a análise de um estudo de caso, onde os alunos irão se apropriar das características do material didático escrito e digital e suas orientações básicas de elaboração, além de direcionamentos relativos aos direitos autorais. A proposta para esse minicurso também será a de conhecermos algumas informações acerca das leis que tratam sobre os Direitos Autorais e suas aplicações na produção de material didático. É fundamental que os autores tenham conhecimento destas leis e façam uso delas sempre que tiverem dúvidas no decorrer de sua produção. 4. Considerações Considerando as reflexões produzidas no decorrer do planejamento desse minicurso, subsidiadas pelos aportes teóricos estudados, e pensando também em uma proposta de formação de profissionais para a elaboração de materiais didáticos voltados para cursos a distância entendemos que, ao final do minicurso, os participantes terão a oportunidade de se ambientarem aos diversos conceitos de materiais didáticos, bem como seu planejamento, suas metodologias e estratégias utilizadas na produção dos mesmos. É importante também que os cursistas possam refletir sobre questões de direitos autorais na concepção de materiais didáticos online e saberem identificar os principais elementos que constituem um material didático para a EaD. Tais conhecimentos serão extremamente relevantes para que estes profissionais possam se embasar em suas produções futuras. Referências Andrade e Kipnis (2010). ‘Cursos superiores de tecnologia: um estudo sobre as razões de sua escolha por parte dos estudantes. In: Educação Profissional e Tecnológica no Brasil Contemporâneo. Desafios , tensões e possibilidades. MOLL, J. Artimed, 2010. Barbosa, E. F., Moura, D. G. de. (2013) “Metodologias ativas de aprendizagem na educação profissional e tecnológica”. B. Tec. Senac, v. 39, n. 2, p. 48-67, retrieve from http://www.senac.br/media/42471/os_boletim_web_4.pdf on 27/4/16. Belloni, M. L. (2012). Educação a distância. Campinas, SP: Autores associados. Bladin, B. (1990). “Formateus et formation multimédia”. In: Les Editions de l´Organisation. Paris. Brasil. (2012) “Ministério da Educação”, retrieve from http://portal.mec.gov.br/index.php on 9/3/16. Cabral Neto, A., Rebelo, M. da P.P.V. (orgs.) (2010) “O ensino superior no Brasil e em Portugal: perspectivas políticas e pedagógicas”. Natal, EDUFRN. Nóvoa, A. (1995). Formação de professores e profissão docente. In: Nóvoa, A. Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote.