=Paper=
{{Paper
|id=Vol-1714/paper09
|storemode=property
|title=Adoção da auditabilidade como proposta para identificar informações falsas em redes sociais
|pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-1714/paper09.pdf
|volume=Vol-1714
|authors=Alexandre Pinheiro,Claudia Cappelli,Cristiano Maciel
|dblpUrl=https://dblp.org/rec/conf/ihc/PinheiroCM16
}}
==Adoção da auditabilidade como proposta para identificar informações falsas em redes sociais==
Anais do 7º Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador para a Web Social (WAIHCWS’16)
Adoção da auditabilidade como proposta para identificar
informações falsas em redes sociais
Alexandre Pinheiro Claudia Cappelli Cristiano Maciel
Universidade Federal do Universidade Federal do Universidade Federal de
Estado do Rio de Janeiro Estado do Rio de Janeiro Mato Grosso
UNIRIO UNIRIO UFMT
Rio de Janeiro, RJ - Brasil Rio de Janeiro, RJ - Brasil Cuiabá, MT - Brasil
alexandre.pinheiro@uniriotec.br claudia.cappelli@uniriotec.br cmaciel@ufmt.br
RESUMO INTRODUÇÃO
A lacuna de opções de verificação da informação em redes Informações incipientes, tendenciosas e muitas vezes
sociais é evidenciada pela proliferação de informações vindas de fontes não confiáveis, atingem hoje as redes
falsas e boatos neste tipo de sistema. Face esse cenário a sociais. O imediatismo, a descentralização e o âmbito
disponibilização de ferramentas que auxiliem a global fazem das redes sociais um meio propício para
auditabilidade de informação nas redes sociais torna-se propagação de falsas histórias [1]. Ainda, a popularização
emergencial. Esse artigo descreve um catálogo seguido de das redes sociais nos últimos anos, acompanhada da
um guia de implementação de características que suscitam dinâmica do fluxo informacional encontrado neste tipo de
auditabilidade nas redes sociais. O guia contém diretivas sistema, alavancou uma renovação nos ambientes online
para que sejam desenvolvidas funcionalidades com objetivo predispostos a circulação de conteúdo sem credibilidade.
de promover a adoção da auditabilidade e permitir aos
O despreparo de alguns indivíduos em lidar com a origem e
usuários identificar falsas informações e validar o conteúdo
veracidade questionável das informações que divulgam é
que consomem nas redes sociais.
preocupante, sobretudo em sistemas com ênfase na
Palavras-chave interação social. Casos de disseminação de informações
Auditabilidade; Análise de Informação; Redes Sociais; falsas nas redes sociais ganharam notoriedade, pois tem o
poder de despertar a atenção das pessoas [2], sobretudo pelo
ABSTRACT conteúdo com elementos atraentes que contribuem com a
The lack of mechanisms made to check reliability of desinformação como: compatibilidade com anseios ou
information on social networks is evidenced by the spread opiniões dos usuários, dificuldade de rastreabilidade, fontes
of misinformation and rumors in this kind of system. Given duvidosas e pretensões dúbias entre outras peculiaridades.
this scenario, the provision of tools to assist users with A disseminação de histórias falsas, rumores e conteúdo
information auditability on social networks needs an inverídico é fundamentada pela ausência de condições de
emergencial approach. This article describes a catalog, verificação de informação, por sua apresentação
followed by a guide of features that provide auditability on circunstancialmente incerta, pela ansiedade e consequente
social networks. The guide contains guidelines for falta de controle das pessoas que interagem com essa
development of funcionalities in order to promote the informação, além da empatia e senso comum entre o
adoption of auditability and enable users to identify false transmissor e o receptor da mensagem que está sendo
information and validate content on social networks. veiculada[3].
Author Keywords O engajamento dos usuários nas redes sociais confere ainda
Auditability; Information Analysis; Social Networks; mais inquietação quando a temática da disseminação de
informação sem credibilidade é destacada. Entre habitantes
de 12 países analisados em uma pesquisa acerca do
compartilhamento de notícias em redes sociais e por e-mail
feita pelo Instituto Reuters de Jornalismo [4], os usuários
brasileiros detêm a liderança no quesito participação
chegando a distribuir 59% de conteúdo noticioso. Os
brasileiros também são os usuários que passam mais tempo
durante cada visita que fazem às redes sociais, em média 21
WAIHCWS’16 was held as part of IHC’16, organized by the Brazilian
minutos. Esse tempo é 60% maior que a média mundial [5].
Computing Society (SBC). October 04, 2016, São Paulo/SP, Brazil.
Copyright 2016 © for this paper by its authors. Permission to make digital No Brasil, as redes sociais também são o nicho de sítio da
or hard copies of all or part of this work for personal or classroom use is web ao qual as pessoas dedicam mais tempo em detrimento
granted for private and academic purposes. a portais, sítios de serviços, entretenimento e varejo.
65
Anais do 7º Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador para a Web Social (WAIHCWS’16)
Figura 1. Índice de credibilidade nas notícias em geral [4].
Buscando intervir no paradoxo de um cenário no qual uma contrapartida sem credibilidade. A dicotomia da
volumosa quantidade de informação a respeito de inúmeros disponibilidade de conteúdo verídico e falso permeia
assuntos está a disposição das pessoas, mas parte ou sistemas com fluxos de informação dinâmico, suscitando
totalidade dessa informação é severamente incompreendida interesse de pesquisadores em relação as consequências que
e difícil de se verificar a autenticidade, emergem as a dificuldade da distinção entre esses conteúdos podem
caracterizações da Transparência. Inicialmente aplicado no acarretar socialmente. Segundo Newman et al. [4], em
âmbito governamental, o conceito de transparência passou a pesquisa que envolveu pessoas de mais 11 países, 62% dos
ser discutido em diferentes nichos chegando até os sistemas entrevistados disseram acreditar na informação que
de informação e está relacionado com a divulgação de consomem independentemente da mídia que a
informação [6] de forma útil, compreensível e com disponibilizou conforme a Figura 1. Aprofundando os
qualidade, além de destacar suas fontes [7]. dados para as redes sociais, novas constatações reforçam a
vulnerabilidade dos usuários brasileiros a informação
Baseado em uma metodologia de pesquisa exploratória, este
disseminada carente de avaliação. Em um relatório da
artigo aborda o problema da lacuna da disponibilidade de
Secretaria de Comunicação da Presidência da República
ferramentas que facultem aos usuários de redes sociais a
Brasileira [9] a respeito da credibilidade que as pessoas
avaliação da informação que é disseminada nesse sistema.
concedem às informações que consomem tendo como fonte
Como objetivo, o artigo descreve um catálogo seguido de
as redes sociais, dois números chamam atenção: 26% dos
um guia de implementação de características que
usuários acreditam muito ou sempre nas informações e
promovem a adoção de características de auditabilidade,
20\% nunca confiam. Os usuários que acreditam sempre ou
úteis a engenheiros de softwares na busca pela circulação e
em demasia estão mais suscetíveis a notícias falsas, por
disponibilização de informação transparente em seus
outro aspecto os usuários que nunca confiam desqualificam
sistemas de redes sociais.
as redes sociais como fonte de informação. Estes dados
O artigo é apresentado da seguinte forma: as problemáticas geram apreensão quanto a postura dos brasileiros frente a
atribuídas a verificação das informações em redes sociais é informação propagada nos meios de comunicação
descrita na seção 2, juntamente com exemplos de trabalhos tradicionais, na Internet e sobretudo nas redes sociais.
relacionados. Na seção 3 é abordada a característica de
Diante de dados que quantificam a omissão das pessoas
auditabilidade, sua representatividade em relação a
quanto a verificação de conteúdo justificam-se os relatos de
transparência e sua derivação destinada a auditoria de
efeitos perigosos da propagação de informações falsas nas
informação em redes sociais. A derivação de um framework
redes sociais. Na seara financeira, um boato veiculado em
de transparência para o contexto da auditabilidade de
2008 que relatou o falecimento1 do então CEO da empresa
informações permitiu a criação de um catálogo em forma de
Apple, Steve Jobs, ocasionou a desvalorização das ações da
guia onde são descritas as operacionalizações e mecanismos
empresa em 10% [10]. No trato social do problema uma
de implementação a serem estabelecidos nas redes sociais
tendência que dificulta a análise de informações pelos
com a finalidade da provisão de auditabilidade. Este guia é
usuários das redes sociais é o compartilhamento de
resumidamente apresentado na seção 4, com suas
pseudonotícias. As pseudonotícias fazem um arremedo da
características de maior relevância ao combate da
atividade jornalística de prover notícias e apesar de
propagação de falsas informações. A seção 5 apresenta
contarem com elementos próprios da prática do jornalismo,
considerações finais e as observações feitas nas seções
estas faltam com a verdade ou tem uma inclinação
anteriores acerca do tema deste trabalho.
humorística [11]. Os elementos que mimetizam veículos de
notícia reconhecidos confundem os usuários. O
VERIFICAÇÃO DE INFORMAÇÃO EM REDES SOCIAIS Sensacionalista2, por exemplo, é estruturado de acordo com
Algumas ações de usuários nas redes sociais possuem sítios de notícias legítimos e ainda que essa apresentação
implicações distintas que podem refletir fora do ambiente seja empregada de forma irônica, alguns usuários que
online. A publicação e compartilhamento de informações chegam a este sítio inadvertidamente através de links
figura entre as atividades propiciadas pelas redes sociais nas disseminados nas redes sociais acreditam se tratar de algo
quais o conteúdo disseminado pode transitar entre a
legitimidade e falsidade [8]. Existe uma linha tênue entre 1
Steve Jobs faleceu no ano de 2011.
uma informação verídica de procedência reconhecida e sua 2
http://www.sensasionalista.com.br
66
Anais do 7º Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador para a Web Social (WAIHCWS’16)
crível e alimentam o ciclo da desinformação, possível instituir algum agente ou entidade que garanta a
compartilhando os links que os levaram até ali. procedência de informação em uma rede social? São
fornecidos aos usuários de redes sociais condições de
Acontecimentos fatais também figuram como resultado da
avaliar o conteúdo? Existe a preocupação com a parcimônia
disseminação de informações falsas. Destaca-se neste caso
de ações do usuário ao lidar com a informação? Estas
a morte de uma mulher após veiculação na rede social
perguntas advêm de aspectos que combinam o despreparo
Facebook, história na qual a mesma estaria sequestrando
das pessoas independente de sua literacia digital ou
crianças de uma vizinhança no litoral paulista [13]. As
cognitividade, face a avaliação do fluxo de informações nas
supostas ações atribuídas a esta mulher através dos relatos
redes sociais e da inexistência de ferramentas que ataquem
da rede social, incutiu nas pessoas da comunidade um
esse panorama.
clamor revanchista e justiceiro sem que estes cidadãos
averiguassem a veracidade da história ocasionando o
desfecho trágico da situação. O discurso de ódio e AUDITABILIDADE: UM PILAR DA TRANSPARÊNCIA
fortalecimento da polarização de opiniões resultante de Etimologicamente a palavra Auditabilidade significa
informações falsas é outra prática que se aproveita da falta “capacidade de auditar algo” e seu conceito é pautado na
de compromisso dos usuários das redes sociais com a entrega de soluções que fomentam a confiança, qualidade
validação do conteúdo que acessam. Dado o momento que de exame e revisão metodológica da informação de acordo
as redes sociais fortaleceram a participação cidadã e com uma condição ou situação [18]. A transparência da
empenho civil quanto a exigência da transparência informação figura como um requisito não funcional [19] e
informacional de governos e políticos em geral, combate a um sistema de informação que possua essa característica
corrupção e também representam importante papel nas estará apto a atender anseios da sociedade que passou a
manifestações no Brasil [14] contra e a favor de políticas exigí-la nas relações com seus representantes, sejam elas
governamentais, houve exponencial proliferação de comerciais, sociais, enfim nas relações humanas em geral
episódios nos quais informação manipulada foi amplamente que se fazem presentes em sistemas [20] tais quais as redes
divulgada. sociais.
Entre pesquisas que versam sobre a verificação de A partir de um catálogo com a proposta de projetar
informação em redes sociais destacam-se as que tratam transparência da informação [21] foi criado um catálogo
conteúdo segmentado destinado a aplicação de golpes como [22] derivado, cujo características visam a promoção da
o que promete remunerar pessoas por trabalho a partir de auditabilidade de informações em redes sociais. A criação
casa, se aproveitando de engenharia social e disseminação de catálogos é uma abordagem que busca desenvolver uma
de posts com links suspeitos intencionados em captar dados base de conhecimento sobre um requisito não funcional
dos usuários [14]. No trabalho de Slonka [15] é realizada almejado para um sistema usando métodos de
uma análise do ciclo de vida da publicação de uma notícia decomposição que partem da elicitação do requisito em si e
maliciosa desprovida de credibilidade. Essa análise progride no estabelecimento de objetivos (softgoals) a
permitiu observar o tempo que a informação fica em voga e serem atingidos [23]. Na sequência a decomposição dos
a rapidez com que ela é disseminada dadas suas softgoals são descritas suas operacionalizações, ou seja,
características que se aproveitam da ansiedade e falta de possíveis designs ou componentes que podem ser
verificação pelos usuários. Em sua pesquisa Tambuscio et implementados no software para que o requisito não
al. [16] comparam a proliferação das informações falsas nas funcional seja atendido. Neste artigo, por exemplo, busca-se
redes sociais com a ação de vírus de computador. O projeto a auditabilidade da informação em redes sociais, para tal
PHEME é uma iniciativa de pesquisa de instituições um dos softgoals observados é a rastreabilidade que vai
europeias que tem como objetivo mapear aspectos de proporcionar a capacidade de rastrear a informação e uma
histórias inverídicas publicadas nas redes sociais montando operacionalização para esse objetivo é determinar a origem
uma base de conhecimento das peculiaridades contidas das URLs publicadas pelos usuários em suas postagens.
nesses conteúdos, propondo futuramente uma forma de Os softgoals possuem um tipo e um tópico. O tipo é a
eliminar a presença desse tipo de informação [17]. Apesar característica não funcional almejada que se trata da
de ser uma iniciativa estrangeira as principais diretivas do auditabilidade e o tópico se refere ao domínio onde se
projeto PHEME, presentes em trabalhos já publicados são espera aplicar essa característica que neste caso são as redes
pertinentes e aplicáveis aos usuários brasileiros de redes sociais. O catálogo de auditabilidade de informações em
sociais. Após apreciação dos trabalhos citados verifica-se o redes sociais foi elaborado com o uso do NFR Framework e
empenho em buscar soluções que diminuam a modelado com notação SIG (Softgoal Interdependency
desinformação nas redes sociais, porém sem apresentar Graph), apresentada na Figura 2, que é uma estrutura
ferramentas sistêmicas que não sejam baseadas em organizada, onde os tipos são ligados por laços de
algoritmos, não prevendo a oportunidade de operação pelo
interdependência, cada qual contribuindo hierarquicamente
próprio usuário na checagem da informação. A gama de para realização de uma característica. Este trabalho aborda
situações na qual a propagação de informação falsa nas um catálogo contendo operacionalizações apresentadas em
redes sociais é insuflada, reforça questionamentos como: É
67
Anais do 7º Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador para a Web Social (WAIHCWS’16)
Figura 2. Representação do catálogo de auditabilidade de informações em redes sociais.
forma de um guia com práticas que visam inserir a explicação é suplantado pela possibilidade de informar ao
característica de auditabilidade nas redes sociais. usuário sobre as particularidades das redes sociais.
GUIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE AUDITABILIDADE Para Jeong e Kim [26] o desenvolvedor é responsável pela
EM REDES SOCIAIS documentação e promoção da descoberta pelos usuários de
Após a construção do SIG de auditabilidade de informações como fazer uso do sistema. A qualidade da informação em
em redes sociais foi desenvolvido um guia que descreve as um sistema, como as redes sociais, está alinhada com a
operacionalizações contidas neste SIG. Esse guia é capacidade de Explicação e a disponibilidade dos atributos
endereçado aos desenvolvedores interessados em criar ou que fomentam essa característica. Caso um sistema se
adequar redes sociais para que estas possam prover aos encontre desprovido da característica de explicação, a
usuários funcionalidades com fins de auditabilidade da avaliação da informação presente em seu cerne torna-se
informações. Para cada característica presente no SIG de uma tarefa árdua. Apesar da diferença conceitual entre
auditabilidade de informações em redes sociais, o guia conhecimento e cognitividade do usuário na utilização de
define operacionalizações determinando formas de uma aplicação, a capacidade de explicação pode contribuir
implementações que são expostas através de exemplos de de forma positiva ao proporcionar informações que ajudam
interfaces. Entre as 11 características elencadas no SIG, três as pessoas a lidar e conhecer melhor o sistema [27] e de
se sobressaem quanto à contribuição para transparência ao fato ter um melhor entendimento de seu conteúdo, fator
mesmo tempo que fomentam a interação do usuário, são primordial para Transparência [21].
elas: Explicação, Compositividade e Rastreabilidade.
Seguem abaixo as referências que subsidiam sua presença A Compositividade é uma característica que reforça a
no guia, uma vez que essas são as características abordadas capacidade de verificação da informação, pois está pautada
neste artigo. no uso de elementos provenientes de outras fontes que
ajudam a incorporar credibilidade ao conteúdo publicado
O emprego da característica de explicação em softwares é pelos usuários de redes sociais. O conteúdo que circula na
primariamente observado em sistemas especializados e Internet não se encontra mais sob domínio individual ou de
posteriormente abordado em estudos relacionados a uma organização, permitindo que uma informação seja
temáticas de: Interação Humano-Computador, E-learning, composta de várias partes referenciadas em distintos
User Modelling, etc. Quando o sistema fornece explicação repositórios. As redes sociais não concentram informações
sobre suas funcionalidades, torna mais fácil as ações dos estruturadas sem relação com as atividades que ocorrem em
usuários e corrobora com a transparência da informação seu ambiente, fora aquelas que são inseridas pelos próprios
[24]. Em determinadas situações os usuários de redes usuários. Para permitir a verificação agregando
sociais podem desconhecer funcionalidades, procedimentos credibilidade e por consequência fornecendo transparência
de utilização ou até mesmo a variedade de conteúdo a informação com adição de detalhes, se faz necessário
oferecido pela aplicação. A propagação de informação de acessar dados externos as redes sociais, provenientes de
origem duvidosa e respectiva ausência de checagem figura diferentes fontes. A oferta de repositórios de informações
dentre as consequências do despreparo dos usuários em públicos na Web, que contém diversos tópicos e podem ser
lidar com as ferramentas e demais elementos de uma rede acessados através das APIs (Application Programming
social [25]. Neste artigo o conceito da característica de Interfaces) facilita a compositividade da informação visto
68
Anais do 7º Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador para a Web Social (WAIHCWS’16)
que dados de uma ou mais bases podem ser confrontados
em uma referência cruzada [28].
Quando um sistema está apto a procurar pela origem das
informações que circulam em seu cerne a característica de
Rastreabilidade é destacada. Nas redes sociais as
informações compartilhadas são frequentemente associadas
a hiperlinks que direcionam para diversos tipos de sítios da
Web. A estrutura de sítios da Internet e das próprias redes
sociais possui uma padronização de codificação que contém
metadados passíveis de rastreabilidade e indexação. A
publicação de hiperlinks é uma atividade frequentemente
praticada por usuários de redes sociais, porém dependendo
da intenção do usuário que executa esse tipo de ação o
hiperlink publicado pode ter viés malicioso direcionando
para uma página suspeita. O pré processamento das URLs
publicadas pelos usuários das redes sociais e consequente
submissão dos metadados para avaliações junto a
mecanismos que mensuram relevância (ex: PageRank do Figura 3. Implementação sugerida para característica de
Google) são possibilidades aderentes a provisão de explicação
rastreabilidade [29] e logo da transparência [21]. Tabela 2. Operacionalização da característica de
compositividade
EXEMPLOS DE OPERACIONALIZAÇÕES E
IMPLEMENTAÇÕES DAS CARACTERÍSTICAS A PARTIR Característica: Compositividade
DE SUGESTÕES DO GUIA
Assim como as oito características restantes do guia de Operacionalização:
Associação do usuário a outras redes sociais aproveitando
auditabilidade de informação em redes sociais, a
informações externas
Explicação, Compositividade e Rastreabilidade possuem
operacionalizações e sugestões de implementações para Exemplo de Problema:
desenvolvedores que objetivam fornecer auditabilidade para Um usuário tem interesse em fazer publicações segmentadas,
seus sistemas de redes sociais. Cada característica é porém não pode comprovar sua expertise ou reputação dado o
apresentada em uma tabela (Tabelas 1, 2 e 3) com a conteúdo do que deseja compartilhar.
respectiva operacionalização. As tabelas contém um ou
mais exemplos de problemas enfrentados pelos usuários e Mecanismo de Implementação:
para solução destes, sugestões de mecanismos de Disponibilização da associação da conta do Facebook com o
implementação. Exemplos destes mecanismos aparecem Linkedin por meio da API de autenticação. Uma vez associadas
implementados nas Figuras 3, 4 e 5. Foi escolhida a rede as contas as publicações do usuário contarão com respaldo das
social Facebook para ilustrar os exemplos de cenários de informações de sua conta do Linkedin
implementação devido sua expressividade ratificada pelos
seus mais de 1 bilhão de usuários ativos diariamente [30].
Tabela 1. Operacionalização da característica de explicação
Característica: Explicação
Operacionalização:
Provisão de meta informações acerca de elementos da rede social
Exemplo de Problema:
Boatos sobre o funcionamento da rede social afetam usuários que
ficam temerosos em relação a indisponibilidade do sistema ou
possível cobrança pelo seu uso.
Mecanismo de Implementação:
Assim como já fazem alguns sítios da Web com conteúdo
sensível como as instituições bancárias, disponibilizar uma seção
de FAQ (Frequently Asked Questions) e outra com
esclarecimentos acerca de possíveis golpes e informações
Figura 4. Implementação sugerida para característica de
maliciosas difundidas na rede social.
compositividade
69
Anais do 7º Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador para a Web Social (WAIHCWS’16)
Tabela 3. Operacionalização da característica de característica de auditabilidade que se mostrou pertinente a
rastreabilidade proposta de solução apresentada nesse trabalho devido as
suas diretivas para análise de informação. A solução
Característica: Rastreabilidade proposta parte da escolha da característica supracitada e,
subsequente, elaboração um catálogo de auditabilidade
Operacionalização: composto por um SIG e um guia voltados para auditoria de
Rastrear a origem da informação apresentada utilizando-se de informações em redes sociais. O guia pode ser usado como
metadados de URLs que acompanham uma publicação
orientação para que desenvolvedores criem funcionalidades
Exemplo de Problema: aderentes a ideia do usuário auditor e pode ser de extrema
Usuários desavisados estão acessando URLs disseminadas na valia para implementações dessas ferramentas. Por se tratar
rede social sem conhecimento do conteúdo relacionado aos de uma estrutura aberta, os catálogos permitem
hiperlinks, sujeitando-se a acessar sítios da web maliciosos. complementações, fazendo com que o desenvolvedor atento
para tendências que exploram o dinamismo das redes
Mecanismo de Implementação: sociais, possa sempre contribuir com novas
Identificação da URL publicada com exibição do título da página operacionalizações e mecanismos de implementação,
alvo bem como pré-processamento de informações de meta dados principalmente aqueles que obstruam a proliferação da
retornando informações para o usuário como: autoria e desinformação. Os limites desta pesquisa são as redes
propriedade da página destino da URL. sociais não segmentadas, tais quais o Facebook que foi
utilizado como parâmetro para sugestão da incorporação de
melhorias e novas implementações que suscitam a
auditabilidade. Algumas redes sociais segmentadas, como o
Linkedin, já carregam consigo fatores que fortalecem as
práticas auditáveis, uma vez que se trata de uma rede
voltada para procura de empregos e os aspecto cultural
relacionado a seriedade que envolve a efetivação em um
emprego inibe a disseminação de informações falsas a partir
de um perfil deste tipo de rede social.
Neste artigo foram exploradas três características do
catálogo de auditabilidade considerando o foco na
transparência. Todavia, em estudo futuros, as demais
características podem ser exploradas, bem como detalhadas
as operacionalizações.
Como oportunidades de trabalhos futuros relacionados a
implementação de ferramentas com foco na auditabilidade
Figura 5. Implementação sugerida para característica de de redes sociais destaca-se a exploração de métodos
rastreabilidade presentes nas APIs para desenvolvedores disponibilizadas
pelas próprias redes sociais com intuito de criar
funcionalidades third-party em forma de add-ins que
CONSIDERAÇÕES FINAIS possam suprir lacunas de desenvolvimento identificadas a
A consolidação das redes sociais como fonte de informação partir de requisitos não funcionais assim como o de
está ultrapassando as mídias tradicionais e, auditabilidade. Dado o pressuposto, artefatos com
consequentemente, refletindo a dificuldade dos usuários em ferramentas que ainda não existam ou não tenham previsão
avaliar o conteúdo informacional disseminado neste tipo de para ser implementadas no sistema poderão ser criadas
sistema. A falta de averiguação da veracidade da baseadas na compositividade do arranjo de um conjunto de
informação pelos usuários nas redes sociais se mostrou dados concedidos pelas redes sociais. Outra opção de
temerária visto que acontecimentos com desfechos graves extensão da pesquisa aborda questões sobre a comunicação
são decorrentes da inatividade das pessoas quanto a essa das equipes, focando a relação entre desenvolvedor e
prática. As referências para determinação de credibilidade usuário a fim de discutir o papel que cada um pode
da informação veiculadas pelos meios de comunicação mais desempenhar para melhorar o sistema com a participação
significativos de outrora não são completamente aderentes do usuário, com opiniões que impactam no
ao domínio da Internet, bem como não se observam desenvolvimento e o pronto posicionamento do
ferramentas sistêmicas atraentes aos usuários que ajudem a desenvolvedor diante das necessidades levantadas pelos
verificar qualidade da informação contextualizadas as redes usuários.
sociais.
Exposto o problema, foram explorados os fundamentos de
transparência e a partir deste conhecimento foi estudada a
70
Anais do 7º Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador para a Web Social (WAIHCWS’16)
REFERÊNCIAS 17. Pheme. Project PHEME: Computing Veracity the
1. F. O. Nunes. “O fake na web arte: incursões miméticas Fourth Challenge of Big Data.
na produção em arte e tecnologia na rede http://www.pheme.eu. Acessado em 15 de
Internet”. Em: ANAIS do 21º Encontro da ANPAP. março. 2016.
Rio de Janeiro (2012).
18. Wordnet. WordNet Search 3.1 by Princeton University.
2. S. Kwon et al.“Aspects of rumor spreading on a micro- http://wordnetweb.princeton.edu/perl/
blog network”. Em: International Conference on Social webwn. Acessado em 02 de abril. 2016.
Informatics. Springer. 2013, pp. 299–308
19. C. Cappelli, J. C. S. Leite e A. Oliveira. “Exploring
3. H. B. Dunn e C. A. Allen.“Rumors, urban legends and business process transparency concepts”. Em: Requi-
Internet hoaxes”. Em: Proceedings of the Annual Me- rements Engineering Conference, 2007. RE’07. 15th
eting of the Association of Collegiate Marketing Edu- IEEE International. IEEE. 2007, pp. 389–390.
cators. 2005, p. 85.
20. J. W. Baía, J. L. Braga e L. F. de Carvalho.
4. N. Newman, D. Levy e R. Nielsen. Reuters Institute “Verificação de Requisitos de Transparência em
Digital News Report. Reuters Institute for the Study Modelos iStar.” Em: WER. 2012.
of Journalism, 2015.
21. C. Cappelli. “Uma abordagem para transparência em
5. ComScore. 2015 Brazil Digital Future in Focus. Rel. processos organizacionais utilizando aspectos”. Tese
técnico. Sãoo Paulo, Brasil: ComScore, 2015. de doutorado. Pontifícia Universidade Católica do Rio
6. J. C. S. Leite e C. Cappelli. “Software transparency”. de Janeiro, 2009.
Em: Business & Information Systems Engineering 2.3 22. A. Pinheiro. “Projetando Auditabilidade de
(2010), pp. 127–139 Informações em Softwares de Redes Sociais”. Diss.
7. C. Ball. “What is transparency?” Em: Public Integrity de mestrado. Universidade Federal do Estado do Rio
11.4 (2009), pp. 293–308. de Janeiro - UNIRIO, 2015.
8. L. Jin et al. “Understanding user behavior in online 23. N. Subramanian e L. Chung. “Software architecture
social networks: A survey”. Em: Communications Ma- adaptability: an NFR approach”. Em: Proceedings of
gazine, IEEE 51.9 (2013), pp. 144–150. the 4th International Workshop on Principles of Soft-
ware Evolution. ACM. 2001, pp. 52–61.
9. Brasil. Pesquisa Brasileira de Mídia 2015: Hábitos de
Consumo de Mídia pela População Brasileira. Rel. téc. 24. A. Papadimitriou, P. Symeonidis e Y. Manolopoulos.
Brasília, Brasil: (SECOM), Brasil, 2015. “A generalized taxonomy of explanations styles for tra-
ditional and social recommender systems”. Em: Data
10. Y. Chen, N. J. Conroy e V. L. Rubin. “Misleading On-
Mining and Knowledge Discovery 24.3 (2012), pp.
line Content: Recognizing Clickbait as? False News?”
555–583.
Em: Proceedings of ACM Workshop on Multimodal
Deception Detection. ACM. 2015, pp. 15– 19. 25. B. Viswanath et al.“Towards detecting anomalous user
behavior in online social networks”. Em: 23rd
11. Langdon Winner. 1999. Do artifacts have politics? In
USENIX Security Symposium. 2014, pp. 223–238.
The Social Shaping of Technology (2nd. ed.), Donald
MacKenzie and Judy Wajcman (eds.). pp. 28-40. 26. H.Y. Jeong e Y.H. Kim. “A System Software Quality
Model using DeLone & McLean Model and ISO/IEC
12. M. Rossi. Mulher espancada após boatos em rede
9126.” Em: International Journal of Digital Content
social morre em SP.http://glo.bo/1j1X0xS.
Technology & its Applications 6.5 (2012).
Acessado em 07 de março 2016.
27. R. M. Jones, R. E. Wray III e M. Van Lent.
13. L. M. Muriana, C. Maciel e A. C. B. Garcia. “Do
“Practi- cal Evaluation of Integrated Cognitive
Facebook às Ruas- Comunidades em Interação.” Em:
Systems”. Em: Advances in Cognitive Systems 1
WAIHCWS. 2013, pp. 39–50
(2012), pp. 83–92
14. S. Gupta e R. Garg.“Scam-Alert: Characterizing Work
28. D. Bianchini, V. De Antonellis e M. Melchiori. “A lin-
from Home Scams on Social Networks”. Em:
ked data perspective for effective exploration of web
International Journal of Computer Applications 117.15
APIs repositories”. Em: Web Engineering. 2013, pp.
(2015).
506– 509.
15. K. J. Slonka. Awareness of malicious social enginee-
29. D. M. Romero et al. “Influence and passivity in social
ring among facebook users. Robert Morris University,
media”. Em: Machine learning and knowledge disco-
2014.
very in databases. Springer, 2011, pp. 18–33.
16. M. Tambuscio et al. “Fact-checking Effect on Viral
30. Facebook. Facebook Company Info.
Hoaxes: A Model of Misinformation Spread in Social http://newsroom. fb.com/company-
Networks”. Em: Proceedings of the 24th International
info/. Acessado em 29 de janeiro. 2016.
Conference on WWW Companion. 2015, pp. 977–982.
71