=Paper= {{Paper |id=Vol-1877/CtrlE2017_AC_13_62 |storemode=property |title=Educação Híbrida: Conceitos, Reflexões e Possibilidades do Ensino Personalizado (Blended Learning: Concepts, Reflections and Possibilities of Learning Personalization) |pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-1877/CtrlE2017_AC_13_62.pdf |volume=Vol-1877 |authors=Mariana Da Silva Neta,Adriana Carvalho Capuchinho }} ==Educação Híbrida: Conceitos, Reflexões e Possibilidades do Ensino Personalizado (Blended Learning: Concepts, Reflections and Possibilities of Learning Personalization)== https://ceur-ws.org/Vol-1877/CtrlE2017_AC_13_62.pdf
                                               II Congresso sobre Tecnologias na Educação (Ctrl+E 2017)
                                                            Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                         Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                           18, 19 e 20 de maio de 2017



         Educação Híbrida: Conceitos, Reflexões e Possibilidades
                     do Ensino Personalizado
                   Mariana da Silva Neta1, Adriana Carvalho Capuchinho2
 1
     Secretaria Est. de Educação do Tocantins / Universidade Federal do Tocantins (UFT)
                                 Porto Nacional TO – Brasil
         2
             Programa de Pós Graduação em Letras. Universidade Federal do Tocantins
                                         (UFT/CPN)
                   marianasneta@gmail.com, driowlet@mail.uft.edu.br

       Abstract. Digital information and communication technologies (TDICs) favor
       innovation in teaching practices and allow the development of student's new
       skills. We propose to analyze and discuss the different modalities of blended
       learning as a promising trend in education and to observe the challenges and
       possibilities of learning personalization through an integrated approach of
       digital technologies in the classroom and to demonstrate the relevance of this
       approach to meaningful learning. In blended learning, it is necessary to
       review the roles of those involved in the educational process, since both
       teacher and student begin to play new roles in the construction of knowledge.

       Resumo. As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs)
       favorecem a inovação de práticas docentes e oportunizam o desenvolvimento
       de novas habilidades dos alunos. Propomos analisar e discutir as diferentes
       modalidades de ensino híbrido como uma tendência promissora e refletimos
       sobre os desafios e possibilidades da personalização do ensino por meio de
       uma abordagem integrada das tecnologias digitais em sala de aula, bem como
       demonstrar a relevância dessa abordagem para a aprendizagem significativa
       do educando. Nessa abordagem, faz-se necessário rever os papéis dos
       envolvidos no processo educacional, pois tanto o professor quanto o aluno
       passam a desempenhar novos papéis na construção de conhecimento.

1. Introdução
Um dos grandes desafios da educação contemporânea é atender aos anseios dos
estudantes que chegam às escolas que, frequentemente ainda trabalham com o modo
transmissivo de conhecimento, totalmente tradicional e centrado na figura do professor.
        Alguns educadores até utilizam as tecnologias digitais durante o planejamento,
mas ainda precisamos percorrer um longo caminho para atingirmos o patamar de outros
países. Com tantos avanços e recursos tecnológicos disponíveis, deveríamos estar no
momento da incorporação total das novas tecnologias da informação e comunicação no
processo de ensino e aprendizagem, entretanto, precisa-se investir no aprimoramento
dos profissionais para atender às novas demandas educacionais.
       Quando o assunto é o ensino apoiado pelo uso das tecnologias digitais, percebe-
se que novos horizontes se abrem com o surgimento de algo que veio para derrubar
paradigmas e nos colocar próximos a experiências em outros países; como a Escola
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                                                          Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                       Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                         18, 19 e 20 de maio de 2017

Pública Burnett Elementary, na Califórnia, Estados Unidos, que tenta aproximar os
conceitos teóricos com a vida cotidiana dos alunos por meio do ensino híbrido, ou
ainda, a escola pública Summit San Jose, reconhecida nacionalmente nos EUA, por
implementar o ensino híbrido com sucesso e adquirir bons resultados. Nesse contexto,
visando instituir condições de aprendizagem em que o aluno seja ativo e também
responsável pelo seu próprio aprendizado a fim de superar as dificuldades, ampliar o
crescimento pessoal e a capacidade produtiva, surge a educação híbrida, que possibilita
um ensino personalizado, mesclando parte presencial e outra online, com outras
metodologias e um jeito novo de ensino, tendo o professor como mediador e orientador
dos estudos.
       Partindo desta pesquisa, pretende-se, por meio deste artigo levantar
contribuições das TDICs (Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação) para a
educação; analisar e discutir as diferentes modalidades de ensino híbrido, refletir sobre
os desafios e possibilidades da personalização do ensino por meio de uma abordagem
integrada das tecnologias digitais em sala de aula e demonstrar a importância do Ensino
Híbrido para a aprendizagem significativa do educando.
        Inicialmente, refletiremos sobre as contribuições das tecnologias digitais da
informação e comunicação para a educação. A partir dessas considerações, discutiremos
sobre as modalidades do ensino híbrido: rotação por estações, laboratório rotacional e
sala de aula invertida e finalizamos com as reflexões sobre os desafios e possibilidades
da personalização do ensino, demonstrando a importância do Ensino Híbrido para a
aprendizagem significativa do educando e destacamos a relevância do enfrentamento
das dificuldades para que possamos proporcionar uma educação de qualidade, com
propostas para otimizar o desenvolvimento do aluno.

2. Contribuições das tecnologias digitais da informação e comunicação para
a educação
O processo educacional brasileiro ainda permanece com algumas características do
século passado: estrutura, organização e práticas, pois não é tão fácil incorporar
inovações nas instituições de ensino, sejam elas tecnológicas ou de outro teor. Com
tantas mudanças sociais e avanços tecnológicos, ainda temos dificuldade em inserir as
novas tecnologias da informação e comunicação no processo de ensino, a fim de
transformar as características do ensino tradicional: fragmentação do conhecimento em
disciplinas, classificação dos estudantes por faixa etária, divisão do tempo escolar em
horas/aula, bem como a visão de alguns professores acerca do que seja ensinar e
aprender.
        Dialogar sobre tecnologia e educação torna-se complexo se desconsiderarmos o
processo de aprendizagem, pois, mesmo com todo o seu potencial e sendo um
instrumento significativo para favorecer a aprendizagem dos alunos, a tecnologia, por si
só, não solucionará as deficiências da educação brasileira, que necessita refletir sobre os
elementos desse processo, como o papel do aluno e do professor, o uso das tecnologias
digitais e até mesmo os objetivos de aprendizagem, bem como os conceitos e modos de
aprender.
      Entretanto, isso não pode nos impedir de buscarmos novos métodos de ensino,
muito menos de enfrentarmos os grandes desafios, principalmente quando se trata de
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potencializar o letramento digital. Mas,
                        a questão não é introduzir na escola as várias mídias, as linguagens e os
                        textos que emergem do digital. É preciso, acima de tudo, criar condições para
                        formas de leitura plurais e para concepções de ensino e aprendizagem que
                        considerem o aprendiz como protagonista, a fim de diminuir a distância entre
                        as leituras e as práticas que se desenvolvem fora da escola e aquelas que são
                        privilegiadas por ela. [Barreto, 2011, p. 67].
       Percebemos que a inserção das tecnologias e dispositivos digitais no processo
educacional é um fenômeno em crescimento de aceitação por muitos educadores, por
ampliar o acesso à educação de qualidade, mas convém destacar que precisamos
conhecer a real capacidade que as tecnologias digitais favorecem a educação a fim de
poder usufruir todo o seu potencial.
       Dentre as possibilidades de contribuição das TDICs - Tecnologias Digitais da
Informação e Comunicação para a educação, destacam-se a expansão das possibilidades
de pesquisa, discussão coletiva, produção colaborativa, criada em parceria entre os
membros, pois se dá por meio da interação e criação de novas perspectivas, pois,
                        as tecnologias ampliam as possibilidades de pesquisa online, de trazer
                        materiais importantes e atualizados para o grupo, de comunicar-nos com
                        outros professores, alunos e pessoas interessantes, de ser coautores,
                        “remixadores” de conteúdos e de difundir nossos projetos e atividades,
                        individuais, grupais e institucionais muito além das fronteiras físicas do
                        prédio. [Moran, 2015, p.19]
       Esse pensamento de Moran (2015) sintetiza algumas contribuições possíveis das
tecnologias digitais para a educação, mas destacamos principalmente o fato de o aluno
poder assumir o papel de aprendiz proativo e participante, sujeito de suas ações e
protagonista do seu aprendizado. Porém, ele não estará sozinho neste processo, pois o
professor será o mediador e orientador; para tanto, faz-se necessário uma mudança de
entendimento e até de atitude pelos envolvidos neste processo, pois há momentos em
que o aluno trabalhará individualmente, outros em grupos, mas o principal é que todos
estejam dispostos a colaborar com sua aprendizagem.
                        As tecnologias digitais possibilitam configurar espaços de aprendizagem, nos
                        quais o conhecimento é construído conjuntamente, porque permitem
                        interatividade. Não há como pensar em educação sem troca, sem co-criação.
                        Na busca do modelo pedagógico específico da educação online,
                        interatividade surge como aspecto central. [Silva e Claro 2007, p. 84 ]
        O trabalho colaborativo é parte fundamental com a utilização das tecnologias
digitais, pois, conforme Silva e Claro (2007) afirmam acima, educação é sinônimo de
troca, de interatividade e deve possibilitar a construção do conhecimento com a
participação efetiva de todos os envolvidos neste processo, mas tendo o aluno como
protagonista do seu aprendizado. Portanto,
                        as metodologias precisam acompanhar os objetivos pretendidos. Se
                        queremos que os alunos sejam proativos, precisamos adotar
                        metodologias em que os alunos se envolvam em atividades cada vez
                        mais complexas, em que tenham que tomar decisões e avaliar os
                        resultados, com apoio de materiais relevantes. Se queremos que sejam
                        criativos, eles precisam experimentar inúmeras novas possibilidades
                        de mostrar sua iniciativa. [Moran 2015, p. 17]
             Desta forma, o professor precisa ter um bom planejamento, com
objetivos bem claros, metodologias diferenciadas e que possibilitem a evolução dos
                                                                                                    150
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                                                            Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
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alunos por meio de técnicas escolhidas segundo o que se espera que eles aprendam e
desenvolvam. Para tanto, percebemos a necessidade de oportunizar aos alunos técnicas
que promovam a pesquisa, o diálogo, o debate, incentivem a produção do
conhecimento, o trabalho em equipe, a participação e a interação entre eles.

3. Ensino Híbrido: conceitos e modalidades
Avanços tecnológicos, mudanças no perfil dos estudantes e busca por novas
possibilidades de ensino direcionam a novos métodos de instrução. Desse modo, o
ensino híbrido torna-se uma grande tendência por respeitar as necessidades dos alunos e
oportunizar formatos personalizados de ensino ou, “ensino sob medida” a fim de
atender às necessidades individuais dos alunos. O termo ensino híbrido ainda é
relativamente novo e pouco utilizado em virtude da carência de discussão pelos
renomados autores da pedagogia brasileira.
       Com o surgimento de novos cenários educacionais, alunos com novos perfis e
modos de aprendizado, tecnologias digitais disponíveis para contribuir com novas
metodologias, precisamos apreender uma nova forma de ensino, que estabeleça novas
formas de aprender e ensinar.
                       Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre
                       foi misturada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos,
                       atividades, metodologias, públicos. Esse processo, agora, com a
                       mobilidade e a conectividade, é muito mais perceptível, amplo e
                       profundo: é um ecossistema mais aberto e criativo. Podemos ensinar e
                       aprender de inúmeras formas, em todos os momentos, em múltiplos
                       espaços. Híbrido é um conceito rico, apropriado e complicado. Tudo
                       pode ser misturado, combinado, e podemos, com os mesmos
                       ingredientes, preparar diversos “pratos”, com sabores muito
                       diferentes. [Moran e Bacich 2015, p. 22].
        Por sua vez, Christensen, Horn e Staker (2013) definem ensino híbrido como
“[...] um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte,
por meio do ensino online. O estudante tem algum controle sobre pelo menos um dos
seguintes elementos: tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo.”
Mas, quais os parâmetros para se afirmar que uma educação é híbrida?
                       A educação é Híbrida também porque acontece no contexto de uma
                       sociedade imperfeita, contraditória em suas políticas e em seus modelos,
                       entre os ideais afirmados e as práticas efetuadas; muitas das competências
                       socioemocionais e valores apregoados não são coerentes com o
                       comportamento cotidiano de uma parte dos gestores, docentes, alunos e
                       famílias. [Moran 2015. p. 26].
       Segundo Moran (2015), vivemos numa sociedade que dita suas políticas e
modelos contraditórios entre o ideal e o real, entretanto, não podemos nos acomodar,
continuar ofertando uma educação extremamente transmissiva, mas como mudar? De
que maneira? Estaremos realmente preparados para o novo?
                       Quando insistimos em melhorar os processos sem mudar o modelo
                       convencional, ele não nos serve para um mundo que exige pessoas muito
                       mais competentes em lidar com a mudança, com a complexidade, com a
                       convivência em projetos diferentes e com pessoas de culturas e formações
                       diferentes. A escola padronizada, que ensina e avalia a todos de forma igual e
                       exige resultados previsíveis, ignora que a sociedade do conhecimento é

                                                                                                   151
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                       baseada em competências cognitivas, pessoais e sociais, que não se adquirem
                       da forma convencional e que exigem proatividade, colaboração,
                       personalização e visão empreendedora. [Moran, 2013, p.1].
      Para se atuar de forma eficaz no ensino híbrido, precisamos conhecer todos os
modelos e escolher aquele que seja adequado para o público alvo, pois
                       a sala de aula se amplia, dilui, mistura com muitas outras salas e espaços
                       físicos, digitais e virtuais, tornando possível que o mundo seja uma sala de
                       aula, que qualquer lugar seja um lugar de ensinar e de aprender, que em
                       qualquer tempo possamos aprender e ensinar, que todos possam ser
                       aprendizes e mestres, simultaneamente, dependendo da situação, que cada um
                       possa desenvolver seu ambiente pessoal de aprendizagem. [Moran e Bacich
                       2015, p. 1].

       Com a utilização do ensino híbrido, é possível transformar aspectos do processo
educacional, retirar a figura do professor como centro do conhecimento e primeira fonte
de informação, além de viabilizar ao estudante o protagonismo do seu aprendizado, em
que ele assume uma postura mais participativa e coerente com a autonomia estudantil e
a ampliação do pensamento crítico, a fim de correlacionar o que está em estudo com as
situações da vida real.
        Para que o ensino híbrido seja implantado, alguns aspectos devem ser analisados
e considerados, como a dinâmica de sala de aula, a formação do professor, além da
adequação do currículo e as atividades curriculares. Em Ensino Híbrido: uma Inovação
Disruptiva? uma introdução à teoria dos híbridos (2013), Christensen, Horn, e Staker
determinam que as propostas de ensino híbrido podem organizar-se na categoria de
modelos sustentados, os quais mantém certa proximidade com o modelo vigente de
educação e modelos disruptivos, que rompem com a sala de aula tradicional e seguem
diferentes trajetórias. Portanto, esses são menos adotados em nossa realidade devido a
necessidade de mudar radicalmente o modelo vigente.
       Nos modelos sustentados de ensino híbrido há uma maior proximidade com o
ensino tradicional e não é necessário romper com todos os costumes do modelo de
ensino que todos conhecem. Os primeiros passos que são dados em direção a uma
educação híbrida perpassam pelo que mais se aproxima do modelo atual da maioria das
escolas, chamados modelos sustentados, e, dentre esses, os mais adotados são os
modelos de rotação.
        A rotação permite que os estudantes alternem em momentos de atividades com
roteiro fixo ou a critério do professor, podendo incluir leituras, produção textual,
discussões em grupos pequenos ou turmas completas, tutoria, trabalhos escritos ou
outras formas de apresentação, sempre contendo uma atividade online,
No modelo de rotação há possibilidades de submodelos rotacionais:
                       - o modelo de Rotação por Estações - ou o que alguns chamam de
                       Rotação de Turmas ou Rotação em Classe - é aquele no qual os alunos
                       revezam dentro do ambiente de uma sala de aula.
                       - o modelo de Laboratório Rotacional é aquele no qual a rotação
                       ocorre entre a sala de aula e um laboratório de aprendizado para o
                       ensino online.
                       - o modelo de Sala de Aula Invertida é aquele no qual a rotação
                       ocorre entre a prática supervisionada presencial pelo professor (ou
                       trabalhos) na escola e a residência ou outra localidade fora da escola
                                                                                                   152
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                                                             Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                          Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                            18, 19 e 20 de maio de 2017

                       para aplicação do conteúdo e lições online. [Bacich, Tanzi Neto e
                         Trevisani 2015, p. 43].
        No modelo de rotação por estações, a sala de aula é dividida em espaços de
aprendizado chamados estações, todas relacionadas ao tema principal da aula, em que
cada estação o abordará por meio de uma atividade diferente, de acordo com um
objetivo específico, sendo que ao menos uma das estações deve conter uma atividade
online. O professor planeja a quantidade de estações que desejar e atividades individuais
ou em grupos que possam ser realizadas mais ou menos no mesmo período de tempo,
pois os alunos trocam de estações e até o final da aula espera-se que tenham passado por
todas as atividades. As estações precisam ser independentes entre si, mas
complementar-se e disponibilizar atividades como vídeos, textos impressos, slides,
charges, cartuns, tirinhas, dentre outras.
       Assim, como no modelo de rotação por estações, que precisa de um tempo
determinado para cada estação, o modelo de laboratório rotacional também o necessita,
entretanto, apenas dois espaços, sendo um computacional para a realização das
atividades online e o outro a sala de aula específica da turma.
       A sala de aula invertida é outro modelo de ensino híbrido que prevê uma
mudança expressiva, porém progressiva do ensino tradicional centrado no professor e
propõe, por meio de metodologias ativas, privilegiar o maior envolvimento dos alunos,
possibilitando-lhes o auto crescimento, pois:
                       O conceito de sala de aula invertida não foi desenvolvido e articulado por
                       Salman Khan, pesquisadores já estudam o método desde 1990, no entanto foi
                       em 2007 que o conceito de sala de aula invertida se popularizou com os
                       professores como Karl Fisch e Jon Bergman/Aaron Sams que começaram a
                       gravar vídeos e criar Power Points com voz e animação e disponibilizar na
                       internet para os alunos que faltavam. Neste modelo o professor cria a sua aula
                       em vídeos e/ou outros formatos tais como podcasts, blogs, utilizando as
                       seguintes ferramentas: Google Drive, Dropbox, Facebook, Twitter, Youtube,
                       Slideshare, sites, Wiki e os alunos acessam em casa, na hora que desejarem, e
                       quantas vezes quiserem. [SOS Professor 2015].
        A sala de aula invertida viabiliza que os alunos definam quando, como e onde
eles aprendem com mais facilidade, pois o acesso aos vídeos, aulas interativas e demais
materiais torna-se constante. A sala de aula transforma-se num espaço para os alunos
trabalharem com situações-problema, coleta de dados e aplicação de conceitos, além de
criar oportunidades para cada aluno caminhar em ritmo próprio e se envolver nos
grupos colaborativos que mais atendam às suas necessidades.

4. Desafios e possibilidades da personalização do ensino
Considerando o cenário real da formação docente, a estrutura das escolas e o perfil
acadêmico dos alunos percebe-se um grande desafio a ser superado a fim de implantar o
ensino híbrido em nossas escolas. Como trabalhar com a realidade de algumas escolas
brasileiras? Como personalizar o ensino e atender às reais necessidades dos alunos?
Teremos profissionais com formação apropriada e com perfil inovador no meio
educacional? Algumas mudanças já estão iniciando, como destaca Moran:
                       As escolas que nos mostram novos caminhos estão mudando o modelo
                       disciplinar por modelos mais centrados em aprender ativamente com
                       problemas, desafios relevantes, jogos, atividades e leituras,
                       combinando tempos individuais e tempos coletivos; projetos pessoais
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                                                           Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                        Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                          18, 19 e 20 de maio de 2017

                      e projetos de grupo. Isso exige uma mudança de configuração do
                      currículo, da participação dos professores, da organização das
                      atividades didáticas, da organização dos espaços e tempos [Moran
                      2013, p.2]
       Para efetivamente haver mudança, precisa-se começar investindo na formação
dos profissionais, pois muitas escolas possuem estrutura para abarcar e utilizar um
ensino personalizado, tendo em vista que a maioria das escolas possui espaço físico e
alguns equipamentos tecnológicos. Consequentemente, necessitamos de criatividade do
professor, crença no potencial dos alunos, não ter medo do novo e aceitar as novas
tecnologias digitais como facilitadoras do processo educacional.
                      A educação híbrida precisa ser pensada no âmbito de modelos curriculares
                      que propõem mudanças, privilegiando a aprendizagem ativa dos alunos —
                      individualmente e em grupo, escolhendo-se fundamentalmente dois
                      caminhos: um mais suave, de mudanças progressivas, e outro mais amplo, de
                      mudanças profundas. No caminho mais suave, elas mantêm o modelo
                      curricular predominante (disciplinar), mas priorizam o envolvimento maior
                      do aluno, com metodologias ativas, como o ensino híbrido [Moran e Bacich
                      2015, p. 1].

        Conforme afirmam os autores acima, as mudanças podem e devem ser
progressivas, partindo do modelo existente e priorizando a participação efetiva do
aluno, possibilitando-lhe ver os colegas, professores e outros grupos como
colaboradores para seu crescimento, pois essas interações concedem um pleno sentido à
coparticipação no processo de aprendizagem.
                      O trabalho colaborativo pode estar aliado ao uso das tecnologias digitais e
                      propiciar momentos de aprendizagem e troca que ultrapassam as barreiras da
                      sala de aula. Aprender com os pares torna-se ainda mais significativo quando
                      há um objetivo comum a ser alcançado pelo grupo.
                      [Moran e Bacich 2015, p. 1].

        Outro aspecto que consideramos como relevante é a postura do professor, que
deve ser um motivador ou incentivador da aprendizagem, portando-se como um
facilitador desse processo, assim venceremos os desafios e ampliaremos as
possibilidades de personalização do ensino. Faz-se necessário um professor apoiador da
aprendizagem, curioso e com vontade de aprender sempre, que desafie e estimule a
criatividade dos alunos.
      Com o ensino híbrido, a escola apoiará o aluno, que terá liberdade de aprender
no seu ritmo, num ambiente inovador, democrático e criativo e contribuirá com a
formação plena dos sujeitos.

5. Considerações Finais
Com os avanços ocorridos nos últimos tempos, as tecnologias digitais da informação e
comunicação apresentam-se como estimuladoras de grandes transformações sociais. Em
consequência, esses avanços levam a alterações também para a educação e o ensino
híbrido é uma possibilidade que vem despertando crescente interesse. No entanto,
constata-se que ainda há um extenso caminho a percorrer, pois faz-se necessário todo
um planejamento e mudança de posturas perante os papéis dos envolvidos no processo
educacional. Afinal, será que o professor está preparado para tantas mudanças? A
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                                                        Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                     Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                       18, 19 e 20 de maio de 2017

escola está motivada para a mudança? A inserção do ensino híbrido alterará toda uma
cultura de metodologias, gestão, práticas docentes, crenças de alunos e professores.
Deixa-se de lado a memorização mecânica e atribui-se significado à análise, busca,
seleção, compartilhamento, bem como a necessidade de acesso às tecnologias para
promover a interatividade, o compartilhamento de experiências e a articulação entre as
atividades propostas.
        Pode-se encontrar um sistema avesso às inovações necessárias para a
implantação do ensino híbrido, mas todas as barreiras são superadas quando o propósito
é vencer o descompasso que ocorre entre a educação tradicional e o que exige a vida em
sociedade, pessoas proativas, com poder de decisão e senso crítico. Acreditamos que
num futuro não muito distante teremos esses ingredientes, possibilitaremos aos
estudantes não apenas a aprendizagem e produção de conhecimentos cognitivo e
cultural, mas também político, ético e lúdico, como também contribuiremos com a
formação de cidadãos ativos, colaborativos e inovadores, protagonistas do seu próprio
aprendizado.
        Vale destacar que essas são considerações finais, mas que iniciam novos
momentos de discussão acerca de tão relevante temática e abrem-se caminhos para
outras pesquisas, afinal, as ponderações sobre ensino híbrido permanecerão e tendem a
avançar.

Referências
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  2015.
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  http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/modelos_aula.pdf                        >
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MORÁN, José. Mudando a educação com metodologias ativas . Coleção Mídias
 Contemporâneas. Convergência Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações
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  Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação [recurso eletrônico] /
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MORAN, José Manuel. BACICH, Lilian. Aprender e ensinar com foco na educação

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                                                       Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                    Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                      18, 19 e 20 de maio de 2017

  híbrida.         Disponível          em         http://www2.eca.usp.br/moran/wp-
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SILVA, Marco; CLARO, T. A docência online e a pedagogia da transmissão.
  Boletim Técnico do SENAC, v. 33, p. 81-89, 2007.
SOSPROFESSOR. Sala de Aula Invertida. Disponível em
  http://www.sosprofessor.com.br/blog/sala-de-aula-invertida/ consulta realizada em
  02/03/2017.




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