=Paper= {{Paper |id=Vol-1877/CtrlE2017_AC_25_9 |storemode=property |title=Planejando o Uso da Tecnologia por Meio da Tecnologia: Uma Experiência com Professores da Educação Básica (Planning the Use of Technology Through Technology: An Experience with Basic Education Teachers) |pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-1877/CtrlE2017_AC_25_9.pdf |volume=Vol-1877 |authors=Carlinho Viana De Sousa,Osmar Quim,Cássia Regina Tomanin,Jéssica Josiane Wagner }} ==Planejando o Uso da Tecnologia por Meio da Tecnologia: Uma Experiência com Professores da Educação Básica (Planning the Use of Technology Through Technology: An Experience with Basic Education Teachers)== https://ceur-ws.org/Vol-1877/CtrlE2017_AC_25_9.pdf
                                             II Congresso sobre Tecnologias na Educação (Ctrl+E 2017)
                                                          Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                       Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                         18, 19 e 20 de maio de 2017




          Planejando o uso da Tecnologia por meio da Tecnologia:
          uma Experiência com Professores da Educação Básica
Carlinho Viana de Sousa1, Osmar Quim2, Cássia R. Tomanin2, Jéssica J. Wagner3
1
    Departamento de Computação – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).
                     CEP 78.780-000 – Alto Araguaia – MT – Brazil
      2
          Departamento de Letras – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
                        CEP 78.780-000 – Alto Araguaia – MT – Brazil
 3
     Licenciatura em Computação – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
                      CEP 78.780-000 – Alto Araguaia – MT – Brazil
            profcarlinho@unemat.br, {oq.quim, tomanincassia}@gmail.com,
                           jessica.wagner2013@hotmail.com

       Abstract. The article describing the experience of three higher education
       teachers with a group of Basic Education teachers through activities carried
       out in the research project (Re)thinking the Pedagogical Practices with
       Support from the ICT. The objective of the project is to insert the digital
       information and communication technologies (ICT) in the pedagogical
       practice of teachers. This insertion occurs in three moments: i) discussion
       about teaching and learning issues; ii) improvement courses (Education and
       ICT); and, iii) insertion of the ICT in the pedagogical practice of teachers
       (collaborative online project and construction and dissemination of a School
       Blog).

       Resumo. O artigo que ora se anuncia descreve a experiência de três
       professores do ensino superior com um grupo de professores da Educação
       Básica por meio de atividades realizadas no projeto de pesquisa Re(pensando)
       as Práticas Pedagógicas com Auxílio das TDIC. O objetivo do projeto é
       inserir as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) na
       prática pedagógica dos professores. Essa inserção ocorre em três momentos:
       i) discussão sobre as questões do ensino e aprendizagem; ii) cursos de
       aperfeiçoamento (Educação e TDIC); e, iii) inserção das TDIC na prática
       pedagógica dos professores (projeto colaborativo online e construção e
       divulgação de um Blog Escolar).

1. Introdução
A escola não deve ficar alheia ao que acontece no mundo, aos diversos modos de ensino
e aprendizagem da cultura humana. A escola não pode viver no século XX e seus alunos
no século XXI. Vivemos o que é definido por Barlam (2012) como a era da Edusfera
(professores eruditos, textos bem fundamentados, filosóficos...) versus Acnesfera

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                                                                      Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                        18, 19 e 20 de maio de 2017


(alunos pragmáticos, de textos curtos, imagéticos...). As duas culturas imersas nos
recursos midiáticos, cada uma à sua maneira.
        Ante o exposto, entendemos que o maior desafio nos tempos atuais é aproximar
a cultura digital (alunos) da cultura erudita ou formal (escola). Vivemos a “onda” da
escola 2.0, em especial depois do boom da web 2.0, que transformou a maneira como as
pessoas se comunicam e compartilham diversas informações na rede por meio de várias
tecnologias digitais para todas as idades e gostos. Tempos atrás eram utilizados
computadores, depois os tablets, atualmente existem os smartphones (verdadeiros
“computadores de mão”) que a cada dia se tornam mais inteligentes, com mais funções e
aplicativos para muitas atividades. Esse potencial tecnológico tem que ser utilizado em
favor da Educação. É nesse cenário que nasce o projeto (Re)Pensando a Prática
Pedagógica com Auxílio das TDIC (RPPTDIC) objetivando inserir as tecnologias
digitais na prática dos professores, uma inserção pensada dentro um projeto pedagógico
que suscite constantemente reflexões sobre a prática.
        O artigo aqui proposto tem como objetivo relatar o processo inicial de um
trabalho de pesquisa-ação que culminará na construção de um Blog Escolar como meio
de inserir as tecnologias digitais na comunidade participante do referido projeto. Nesse
trabalho o grupo de professores da Educação Básica, em parceria com os coordenadores
do projeto planejam um Blog Escolar por meio de um projeto escrito online e de forma
colaborativa. A ideia é fazer o professor pensar a tecnologia por meio da tecnologia,
inserir gradativamente a cultura digital no cotidiano dos professores e alunos.
        Este texto está organizado em quatro seções. Na segunda seção são apresentados
e discutidos os dados de um questionário-diagnóstico aplicado a nove professores
participantes do projeto RPPTDIC. Na terceira seção relatamos as atividades
desenvolvidas no projeto RPPTDIC, em especial o trabalho desenvolvido com os
professores na construção do projeto colaborativo online utilizando recursos do Google
Drive. Na quarta seção apresentamos os resultados preliminares e tecemos nossas
considerações e apontamentos futuros para as atividades a serem desenvolvidas no
projeto RPPTDIC.

2. À guisa de Análise
Antes de iniciarmos as atividades do projeto RPPTDIC, aplicamos um questionário-
diagnóstico para nove professores participantes do projeto. O questionário teve como
objetivo levantar informações sobre capacitação e uso das TDIC na prática pedagógica
dos professores, e as dificuldades encontradas por eles na inserção dessas tecnologias na
sala de aula. Os resultados dos questionários são apresentados nas linhas que seguem.
        Analisando as respostas dos gráficos das figuras 1 e 2 (abaixo) percebe-se que a
maioria dos professores (67% – figura 1) participou de algum curso que o possibilitasse
usar as TDIC em sala de aula e acredita que a formação recebida foi boa (parcialmente
satisfatória – figura 2).
      Entendemos que para o professor usar bem as TDIC em sala de aula é de
fundamental importância a capacitação, mas não de forma “tecnicista” (utilização da

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tecnologia com fim em si mesma), pelo contrário, acreditamos em uma formação que
considere o processo de ação, reflexão e ação, o qual é exposto por Tajra (2012) como
“descongelamento” (reconhecer que é preciso se adequar às mudanças), “mudança”
(assimilação das mudanças, aceitação do novo cenário) e “recongelamento”
(conhecimento da realidade, aparecimento de uma nova tecnologia, reinicialização do
processo de atualização).




  Figura 1. Utilização das tecnologias em          Figura 2. Classificação da formação
                 sala de aula

       Percebemos pelo gráfico da figura 3, que o uso do laboratório da escola por parte
dos professores acontece raramente (44,4%), às vezes (33,33%) e, há ainda professores
que nunca utilizam o laboratório (22,22%). Sabemos que a maioria das escolas possuem
laboratórios de informática, os quais são subutilizados.
        A maioria dos professores afirma que receberam capacitação para uso das TDIC
(figura 1), no entanto o laboratório de informática da escola é pouco utilizado. Talvez
por falta de um projeto que incentive os professores a utilizarem esses espaços, talvez
por falta de preparo do professor para utilizar de fato o laboratório, talvez por falta de
um profissional para auxiliar no laboratório (ressalta-se que esse não é o caso da escola
onde o projeto é executado). Nas raras vezes em que os professores utilizam o
laboratório de informática da escola, as atividades mais realizadas estão relacionadas à
pesquisa (35,29%) e jogos educativos (23,53%) – conforme apresentado no gráfico da
figura 4.




Figura 3. Frequência de uso do laboratório        Figura 4. Objetivos de utilização do
                                                              laboratório




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       Hoje temos uma grande biblioteca mundial que é a internet, um vasto local para
fazermos pesquisa sobre “tudo” e “todos”, a grande dificuldade talvez seja ficar perdido
no emaranhado de informações que a rede disponibiliza. Como afirma Lévy (1999),
passamos de um conhecimento totalizável para incontrolável e, acreditamos que o
professor pode ser a figura mais importante na seleção/transformação das informações
(vindas da rede) em conhecimento utilizável em sala de aula.
       Outra atividade realizada pelos professores no laboratório de informática é o uso
de jogos educativos, os quais são bem aceitos pelos estudantes, já que a maioria deles
faz uso de jogos no cotidiano, seja individual ou coletivamente na internet. Os jogos
exigem dos estudantes estratégias e raciocínio para vencer as etapas, a competição com
os colegas gera desafios e motivação nos estudantes.
        Analisando o gráfico da figura 5, percebemos que 100% dos professores
consideram importante a utilização das tecnologias para se trabalhar os conteúdos
curriculares. Por outro lado, a maioria afirma (89%, gráfico da figura 6) que não existe
projeto para incentivar o uso da tecnologia no ambiente escolar.




   Figura 5. Importância da utilização das       Figura 6. Projeto de incentivo ao uso das
                tecnologias                                         TDIC



        Entendemos que a inserção das TDIC no ambiente escolar, mais precisamente no
currículo escolar só poderá ter sucesso se fizer parte de um projeto que envolva alunos,
professores (em maior intensidade) e gestores. Um projeto que leve em consideração as
TDIC não como recursos técnicos, mas como recursos cognitivos, como uma extensão
do aprender. O uso das TDIC no desenvolvimento do currículo por projetos permite
registrar processos, recuperar trajetórias, rever narrativas e identificar caminhos
percorridos, conhecimentos colocados em ação e significados em construção [Almeida
and Valente 2011]. Aqui o professor é fundamental para dar significado à aprendizagem
do aluno, para colocar-se em sinergia com a cultura digital do aluno, para compreender
o conhecimento que os alunos representam por meio do recurso tecnológico.
      No gráfico da figura 7, vemos que 67% dos professores afirmam sentirem-se
motivados para usar as tecnologias e 33% não percebem tal fato. Para complementar a


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questão foi solicitado aos professores que justificassem suas respostas. As justificativas
são apresentadas no quadro 1 (abaixo).




                      Figura 7. Motivação para uso das tecnologias

        Observando o quadro 1 (abaixo) nota-se que entre os professores que se sentem
motivados para uso das tecnologias, o diferencial é a inovação das aulas, fazendo com
que os alunos se tornem mais motivados e interessados pelos conteúdos. De fato, se bem
utilizadas, dentro de um planejamento pedagógico, as TDIC podem ser aliadas
importantes dos professores. Um simples vídeo pode ser o diferencial em uma aula, tudo
vai depender da metodologia e da criatividade do professor. Por outro lado, há também
professores que não se sentem motivados para usar as tecnologias (quadro 1 – abaixo),
apesar de terem afirmado que receberam algum tipo de formação para uso das TDIC. A
desmotivação se dá por falta de material apropriado, falta de recurso digital apropriado
para a disciplina, máquinas obsoletas e em quantidade insuficiente, entre outras
dificuldades.
        Sempre que se propõe a utilizar uma tecnologia digital em sala de aula, tal
atividade é um trabalho árduo para o professor. Surgem questões: “Onde encontrar?”,
“O que utilizar?”, “Como utilizar?”, “Onde utilizar?”, entre outras. Os estudos de
Almeida and Fonseca Júnior (2000) revelam que os professores quando pensam em usar
as TDIC, na maioria das vezes, se esquecem da sala de aula, procuram o lugar específico
para isso, os laboratórios de informática. Esses autores propõem o contrário, que o
professor, a partir de uma mídia escolhida e apresentada aos alunos por meio de um
projetor multimídia, realize as atividades em sala de aula. Ao invés de os alunos ficarem
“presos” dentro de um laboratório de informática em contato com um software, por
exemplo, ele entra em contato com o recurso em sala de aula, dialogando com o
professor e seus colegas, problematizando a partir da mídia escolhida.
                 Quadro 1. Justificativa do uso ou não das tecnologias
 Professor                  Sim. Por quê?                                Não. Por quê?
    P1                             -                                           -
    P2                 “Para enriquecer as aulas”
                                                                 “Falta de material apropriado
     P3                             -
                                                                        para utilização”
                “Enriquecimento das aulas e diferenciar
     P4                                                                           -
                               ambiente”
     P5        “Nos da a possibilidade de inovar as aulas.                        -
                                                                                                  289
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                                                         Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                      Mamanguape - Paraíba – Brasil
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              Fazendo com que os alunos se tornem mais
                 inteirados e motivados com as aulas”
                                                                 “Devidos às dificuldades
                                                                 básicas do aluno quanto a
                                                                    disciplina ‘conteúdo
    P6                            -                              ministrado’ e por não ter
                                                                   encontrado nenhuma
                                                              ferramenta realmente eficaz na
                                                                    prática pedagógica”
                                                                “Não existe a quantidade de
                                                               computadores correspondente
    P7                            -                           ao número de alunos e também
                                                                  é baixa a qualidade dos
                                                                         aparelhos”
              “Quando a Internet propicia o uso de forma
    P8                                                                          -
                          rápida e segura”
                 “Porque percebo o quanto facilita a
    P9       compreensão dos conteúdos, conhecimentos e                         -
                              atitudes”
        Analisando o gráfico da figura 8 (abaixo), percebemos que 67% dos professores
não se sentem capacitados a fazerem uso da tecnologia em sala de aula, apesar de a
maioria (67% – figura 1) afirmar que recebeu algum curso de capacitação para uso das
TDIC. De acordo com o quadro 2 (abaixo), os professores não se sentem preparados
para uso das TDIC pelas seguintes razões: falta de formação, limitação e pouco
conhecimento das TDIC, falta de prática, entre outras. De fato, a formação para uso e a
prática no uso das TDIC é fator primordial para que professores possam integrar tais
tecnologias em suas aulas. Mas é necessário reconhecer que o domínio instrumental de
uma tecnologia, seja ela qual for, é insuficiente para compreender seus modos de
produção e incorporá-la ao ensino, à aprendizagem e ao currículo [Almeida and Valente
2011].




                    Figura 8. Capacitação para uso das tecnologias




                                                                                                290
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                                                          Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                       Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                         18, 19 e 20 de maio de 2017



             Quadro 2. Justificativa de capacitação para uso das tecnologias
 Professor               Sim. Por quê?                            Não. Por quê?
                                                        “Por que no momento não participei
     P1                         -                        de nenhuma formação para usar as
                                                                   tecnologias”
                                                        “Porque não participei de nenhuma
     P2                         -
                                                         formação para usar as tecnologias”
                “Sou licenciada em Computação e
     P3                                                                      -
              especialista em informática educativa”
                                                         “No momento não participei de
     P4                         -                      nenhuma formação para atuar com as
                                                                  tecnologias”
                “Devido já fazer uso contínuo em
     P5                                                                      -
                 outro estabelecimento de ensino”
               “Sou graduado em licenciatura plena
     P6                                                                      -
                         em computação”
                                                        “Porque ainda tenho limitações com
                                                           os programas disponíveis nos
     P7                         -
                                                          computadores e acessar algumas
                                                                    plataformas”
                                                        “Já participei de curso de formação
                                                        continuada acerca das TICs. Porém,
     P8                         -
                                                        é necessário mais prática, devido ter
                                                                   algum tempo”
                                                        “Porque tenho pouco conhecimento
     P9                         -                         dos programas de computador e
                                                                       celular”
        Um fato interessante percebido no quadro 2 (acima), é que dois professores são
formados em Licenciatura em Computação, curso criado para formar profissionais aptos
a trabalhar com as TDIC na Educação. Esses professores serão de suma importância
para auxiliarem os outros professores durante as atividades de inserção das TDIC na
prática pedagógica.
        Analisando o gráfico da figura 9, percebemos que 89% dos professores
consideram que os alunos não têm domínio sobre o uso das TDIC para fins
educacionais. Relacionando o gráfico da figura 9 com o quadro 3 (abaixo), pudemos
perceber que três professores (P3, P8 e P9) apontam como fator de dificuldade ou
desestímulo para usar as TDIC, a falta de interesse dos alunos. Talvez a falta de
interesse dos alunos, poderia estar relacionada com o despreparo dos professores em
lidar com as TDIC, conforme apontado no quadro 3 (abaixo) pelos professores: P1, P2,
P4, P8 e P9.




                                                                                                 291
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                                                           Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                        Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                          18, 19 e 20 de maio de 2017




                      Figura 9. Domínio do aluno sobre a tecnologia

             Quadro 3. Problemas/dificuldades que impedem o uso das TDIC
 Professor                             Problemas/dificuldades
    P1           1.   Falta de preparo.
    P2           1.   Falta de preparo.
                 1.   Falta de material didático;
     P3
                 2.   Pouco interesse dos alunos para fins educacionais.
     P4          1.   Falta de preparo.
                 1.   Poderia haver em cada sala de aula um computador com data show
     P5
                      para facilitar a vida do aluno e do professor.
                 1.   Dificuldades básicas quanto aos conteúdos ministrados;
                 2.   Ausência de ferramentas “aplicativos” eficaz na prática pedagógica;
     P6
                 3.   Deficiência tecnológica da instituição;
                 4.   Disponibilidade de tempo.
                 1.   Horário disponível para o uso do laboratório de informática;
     P7          2.   Número de computadores limitados;
                 3.   Computadores defasados.
                 1.   Internet lenta;
                 2.   Falta de interesse por parte dos alunos;
     P8          3.   Relacionado à inclusão, desconhecimento de software que trabalha
                      as especificidades das crianças com necessidades educacionais
                      especiais.
                 1.   Falta de recursos;
     P9          2.   Pouca capacitação;
                 3.   Desinteresse dos educandos.
        Sabemos que a maioria dos alunos já são “nativos digitais”, ou seja, pessoas que
já nasceram imersas no mundo tecnologicamente desenvolvido, com acesso ilimitado às
informações; isso não significa que eles disponham de habilidades e dos saberes
necessários para converter todas as informações em conhecimento [Sancho 2006]. Mais
uma vez o papel do professor se torna crucial, necessário, indispensável, na mediação ou
correlação entre os conhecimentos da cibercultura preconizados por Lévy (1999) com as
da cultura formal (escola).
        Analisando o quadro 3 (acima), percebemos que além da falta de preparo dos
professores e do desinteresse dos alunos, os problemas que mais
dificultam/desestimulam ou impedem os professores de usar as TDIC com seus alunos

                                                                                                  292
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                                                        Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                     Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                       18, 19 e 20 de maio de 2017


são: falta de material, infraestrutura tecnológica, disponibilidade de tempo, máquinas
defasadas, entre outras. Tais problemas levantados pelos professores são discutidos no
Brasil e em outros países, pelo menos naqueles que tentam inserir as TDIC no currículo
das escolas.
       Sancho (2006) cita o trabalho do professor Robert McClintock, da Universidade
de Columbia. O professor define sete axiomas para converter as TDIC em motor de
inovação pedagógica, são eles: 1) infraestrutura tecnológica adequada; 2) utilização
dos novos meios nos processos de ensino e aprendizagem; 3) enfoque construtivista da
gestão; 4) investimento na capacidade do aluno de adquirir sua própria educação; e, 4)
impossibilidade de prever os resultados da aprendizagem. Nos dez anos de participação
do professor Robert McClintock em projetos educativos, ficou constatado que apenas é
cumprido o primeiro axioma, ou seja, é mais fácil conseguir recursos para comprar
equipamentos do que para transformar as concepções e práticas educativas [Sancho
2006].

3. Planejando o uso da Tecnologia por meio da Tecnologia
A proposta de inserção das tecnologias por meio do projeto RPPTDIC parte do
pressuposto de que os professores serão os protagonistas, uma vez que são eles que
conhecem o ambiente escolar, os alunos, as dificuldades de ensino e aprendizagem, os
saberes inerentes ao seu trabalho, entre outros. Procuramos desenvolver o trabalho com
os professores, levando-se em consideração os saberes profissionais, disciplinares,
curriculares e experienciais trazidos por eles [Tardif 2014]. Não apresentamos a
proposta pronta para que eles executassem, lançamos as ideias para
construirmos/planejarmos em conjunto o que deveria ser feito.
        Seguindo essa linha de pensamento nossas ações foram organizadas em três
etapas. Na primeira etapa foram realizados encontros para discussão de temas relevantes
para despertar o processo de reflexão sobre a prática pedagógica, dentre eles podemos
mencionar: a) Dificuldades de aprendizagem; b) A prática pedagógica: modelos
pedagógicos e epistemológicos; c) A relação entre tecnologia e educação; d) O
“internetês” e a norma culta do português; e, e) Gêneros textuais. Também foram
oferecidos alguns cursos de capacitação para a utilização das tecnologias, a saber: a)
Internet: técnicas de pesquisa no Google; b) Internet: recursos do Google Drive; e, c)
Blog pedagógico – conhecendo e aplicando. Os cursos tiveram como objetivo discutir
questões relacionadas à prática pedagógica (ensino e aprendizagem), oferecer
treinamento tecnológico aos professores e, por último, analisar/refletir como os
professores poderiam utilizar as TDIC em sala de aula.
        Na segunda etapa propusemos a escrita de um projeto colaborativo para
desenvolvimento de um Blog Escolar. Para a escrita do projeto foi proposto o uso do
editor de textos (Documentos Google) do Google Drive, o recurso permite a escrita
colaborativa online. O objetivo foi fazer com que todos os professores participassem da
escrita do projeto utilizando um recurso digital, ou seja, planejar a construção de uma
tecnologia (no caso o Blog Escolar) por meio de outra tecnologia (editor de textos


                                                                                               293
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                                                          Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                       Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                         18, 19 e 20 de maio de 2017


online). A ideia foi fazer o professor ir se familiarizando com a tecnologia e, ao mesmo
tempo pensar como poderia planejar/construir a outra.
        Foi montado o escopo do projeto intitulado: Construindo o Blog da Escola
“Municipal José Inácio Fraga”, ou simplesmente projeto Blog Escolar com as
seguintes sessões: 1. Objetivos (Geral e Específicos); 2. Justificativa; 3. Metodologia; 4.
Recursos; e, 5. Cronograma. Por meio do e-mail do subprojeto: rpptdic@gmail.com foi
compartilhado para todos os professores o arquivo com todas as partes do projeto Blog
Escolar que seria construído. Alguns professores tiveram dificuldade em acessar o seu
Drive (espaço reservado no seu e-mail para acessar os recursos do Google), embora
tenham recebido curso de capacitação para isso. Os professores com dificuldades foram
auxiliados por nós (coordenadores) e pelos seus colegas que já sabiam acessar o Drive.
        As seções do projeto Blog Escolar foram trabalhadas em dois meses, nas
reuniões semanais na escola. Por mais que se estivesse sendo utilizado um recurso
online, as discussões/sugestões/alterações nas partes do projeto foram realizadas
presencialmente (cada professor em sua máquina na sala de reuniões da escola), uma
vez que os professores ainda não têm autonomia suficiente para utilizar o recurso digital
em casa. A ideia é introduzir a cultura digital aos poucos até que se torne comum para
todos eles a utilização das TDIC.




              Figura 10. Interação online com participante ausente no local

        Na primeira reunião para desenvolvimento do projeto Blog Escolar ocorreu um
fato interessante, um dos coordenadores não pode estar presente na escola. Ao
iniciarmos a escrita dos Objetivos (Geral e Específicos), todos ficaram surpresos ao
perceberem que o coordenador (ausente) estava participando online das discussões, uma
vez que o documento estava compartilhado com ele. A ideia realmente foi essa, mostrar
como um recurso online pode diminuir as distâncias e que não é preciso estar no local
físico para participar das reuniões/discussões. Os professores começaram a interagir
com o participante que não estava presente no local (figura 10 – acima).
        Na primeira reunião foram definidos os Objetivos (Geral e Específicos) do
projeto Blog Escolar, a saber: Geral – Construir um Blog Escolar que vise a interação
entre comunidade escolar e comunidade externa, criando um espaço que propicie a
construção coletiva do conhecimento, estimulando a interdisciplinaridade e
multidisciplinaridade; e, Específicos – i) ampliar os espaços das atividades escolares;
ii) introduzir os alunos nas atividades mediadas pela tecnologia; iii) divulgar as
                                                                                                 294
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                                                                       Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                         18, 19 e 20 de maio de 2017


atividades escolares realizadas; e, iv) estimular o professor a criar o Blog de sua
disciplina.
        A partir de objetivos bem claros, discutimos nas reuniões subsequentes a
Justificativa, a Metodologia, os Recursos e o Cronograma. Os professores se mostraram
bem participativos, muitos já não tinham dificuldades em abrir o Drive, acessar o
arquivo e escrever dentro dele. Todos queriam participar, mesmo que às vezes tinham
de ser instigados para isso. O trabalho foi demorado, pois não queríamos dar as
respostas, pelo contrário, suscitávamos os questionamentos, as reflexões, as dúvidas,
etc. A seção Metodologia foi a mais difícil de ser elaborada, pois foi preciso deixar claro
que o trabalho seria realizado pelos professores e que esse trabalho precisaria ter
envolvimento dos alunos. Era preciso saber selecionar e validar as informações que
veiculariam no Blog Escolar, uma vez que esse será um espaço online oficial da escola
e, que a comunidade externa terá acesso às informações.
       Na terceira etapa (em andamento), a partir do projeto escrito Construindo o Blog
da Escola “Municipal José Inácio Fraga” será materializado o Blog Escolar por meio
do recurso digital Blogger do Google (https://www.blogger.com/). A ideia é utilizar o e-
mail da escola (caso ela não tenha e-mail do Gmail, esse será criado). Para a criação do
Blog Escolar teremos a participação de uma acadêmica do curso de Licenciatura em
Computação da UNEMAT – Campus Universitário de Alto Araguaia, a qual participa
do projeto RPPTDIC e têm grande experiência com blogs educativos, visto que já
trabalhou em outro projeto com esse fim.
        O processo de criação técnica de um blog atualmente não toma mais que dez
minutos. Com um pouco de paciência, com certeza encontraremos aquele que mais se
ajusta ao nosso nível de interesse. O que verdadeiramente é difícil e dá trabalho é dar ao
blog um verdadeiro sentido educativo [Barlam 2012]. Nesse sentido, os professores
participarão de todas as etapas de construção do Blog Escolar, não só com o
fornecimento das informações, mas também na escolha do layout, nas configurações, na
organização, na seleção e postagens das informações, antes e depois da criação do Blog
Escolar. Esperamos que o Blog Escolar seja o canal online educacional da escola e que
este trabalho possa motivar os professores a criarem também os blogs de suas
disciplinas.

4. Resultados Preliminares e Considerações Finais
Os resultados do projeto RPPTDIC até o momento indicam que os professores
acreditam ser importante o uso das TDIC em sala de aula, a maioria deles se sente
motivado para utilizar as TDIC, mas por outro lado, muitos deles não se sentem
preparados para integrar as TDIC em sua prática pedagógica.
        O despreparo dos professores está relacionado à falta de: capacitação,
infraestrutura tecnológica, tempo, interesse dos alunos, recursos adequados às
disciplinas, entre outros. Mesmo com todos esses apontamentos, os professores têm se
mostrado motivados e interessados pelas atividades do projeto RPPTDIC, nas reuniões
realizadas na escola, o número de ausências é irrelevante. Todos os professores são bem
participativos, sabem trabalhar em equipe, ajudam uns aos outros.
                                                                                                 295
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                                                           Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                        Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                          18, 19 e 20 de maio de 2017


        Como em todos os lugares que se tenta implantar as TDIC, há muitas
dificuldades, estamos, como muitos, vivenciando tal fato. As reuniões acontecem em
uma sala com poucos computadores, insuficientes para todos os professores, nem
sempre a internet está boa para navegação, o local não é adequado para cursos de
capacitação, o laboratório de informática ainda não está apto para ser usado, pois a
escola mudou de um lugar para outro recentemente. Aos poucos estamos inserindo uma
cultura digital na escola, sabemos que o processo é demorado, que as dificuldades são
muitas, mas trabalhar na forma de projetos de acordo com Almeida and Valente (2012),
Almeida and Fonseca Júnior (2000), parece ser uma ótima saída para os percalços. Um
projeto educativo para inserir as TDIC na prática pedagógica dos professores, esperando
que isso desperte nos alunos o interesse pelos conteúdos curriculares, e que pouco a
pouco, a Edusfera possa se aproximar mais e mais da Acnesfera, ou vice-versa.
        Iniciamos a nossa jornada com discussões sobre o ensino e aprendizagem,
começamos a inserir as TDIC por meio de cursos de aperfeiçoamento. Propusemos a
escrita de um projeto colaborativo online objetivando planejar a construção de uma
tecnologia por meio de outra, instigamos os professores a pensar com a tecnologia.
Professores que sequer sabiam como utilizar um recurso online, atualmente já o fazem,
alguns com bastante dificuldade é claro! Faz parte do processo. Nossa próxima etapa
será a construção e divulgação do Blog Escolar, a materialização do projeto online,
pensado e escrito por todos os professores com auxílio das TDIC.

Referências
Almeida, F. J. de. and Fonseca Júnior, F. M. (2000), Proinfo: projetos e ambientes
  inovadores, Ministério da Educação, Seed, 1st edition.
Almeida, M. E. B. de. and Valente, J. A. (2011), Tecnologias e currículo: trajetórias
  convergentes ou divergentes?, Paulus, 1st edition.
Barlam, R. (2012) “To blog or not to blog, eis a questão”, Computadores em sala de
  aula: métodos e uso, C. Barba and S. Capella [Org.], Porto Alegre, Penso, p. 228-
  242.
Lévy, P. (1999), Cibercultura, Ed. 34, 1st edition.
Sancho, J. M. (2006) “De tecnologias da informação e comunicação a recursos
  educativos”, Tecnologias para transformar a educação, J. M. Sancho [et al.], Porto
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