=Paper= {{Paper |id=Vol-1877/CtrlE2017_AC_36_99 |storemode=property |title=Chroma Key: O Simulacro de Cenários… (Chroma Key: The Simulacrum of Scenarios ...) |pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-1877/CtrlE2017_AC_36_99.pdf |volume=Vol-1877 |authors=Maria Negromonte,Taciana Pontual Falcão }} ==Chroma Key: O Simulacro de Cenários… (Chroma Key: The Simulacrum of Scenarios ...)== https://ceur-ws.org/Vol-1877/CtrlE2017_AC_36_99.pdf
                                                II Congresso sobre Tecnologias na Educação (Ctrl+E 2017)
                                                             Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                          Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                            18, 19 e 20 de maio de 2017




                       Chroma Key: o simulacro de cenários...
                        Maria J. Negromonte1, Taciana Pontual Falcão2
   1
       Prefeitura do Recife, Secretaria de Educação, Cais do Apolo, S/N – Recife – PE –
                                             Brasil
         2
             Universidade Federal Rural de Pernambuco – Departamento de Estatística e
                            Informática (UFRPE), Recife – PE – Brasil
                 cellynegromonte@hotmail.com, taciana.pontual@ufrpe.br

       Abstract. This article presents a project carried out by students of the 8th
       Year, aiming to study photographs, in different techniques, supports, colors,
       integrating the use of technologies to Visual Arts classes. The project included
       the aesthetics of photographers, the basic elements of photography, its history
       and functions, in addition to performing various experiments. In this article we
       detail the Chroma Key technique, through which the students photographed
       their colleagues, using the cell phone and a green screen that later was
       replaced by different scenarios, through the application Green Screen Lite.
       The photos were edited, inserted in other landscapes and subtitled to raise
       awareness of socio-environmental issues.

       Resumo. Este artigo apresenta um projeto realizado por estudantes de 8º Ano,
       tendo como objetivo estudar fotografias em diferentes técnicas, suportes,
       cores, agregando o uso de tecnologias às aulas de Artes Visuais. O projeto
       incluiu a estética de fotógrafos, os elementos básicos da fotografia, sua
       história e suas funções, além da realização de diversos experimentos. Nesse
       artigo detalhamos a técnica do Chroma Key, através da qual os estudantes
       fotografaram seus colegas, utilizando o celular e uma tela verde que depois
       era substituída por diferentes cenários, por meio do aplicativo Green Screen
       Lite. As fotos foram editadas, inseridas em outras paisagens e foram
       acrescentadas legendas para sensibilização de questões socioambientais.

1. Palavras Iniciais
A Arte é umas das melhores formas para as pessoas demonstrarem suas emoções e
sentimentos, os quais podem ser expressos por meio de músicas, danças, teatro, Artes
Visuais e literatura. Ou seja, por meio de diferentes linguagens os indivíduos
expressam-se e apreciam Arte. É nessa perspectiva que o ensino de Arte, em suas
diferentes linguagens, se destaca na educação contemporânea.
       Cada linguagem artística requer conhecimentos específicos, além disso, a Arte
serve como meio de reconhecimento de identidades e alteridades entre os sujeitos
(alunos, professores, cidadãos) e entre as culturas. Dessa forma, o ensinar e o aprender


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                                                                        Mamanguape - Paraíba – Brasil
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Arte conduz a reflexões, que facilitam que os sujeitos dessa ação interpretem o mundo
de forma mais perspicaz.
       Essas diferentes linguagens mostram a dimensão estética presente na vida. A
Arte não está confinada aos museus ou salas de espetáculos. Percebemo-la em todos os
espaços, principalmente, por meio das imagens multi midiáticas apresentadas pelos
meios de comunicação.

       No campo das Artes Visuais, a fotografia é uma das modalidades mais usadas,
principalmente, para registro e divulgação das ações culturais. A fotografia foi o objeto
de estudo nesse projeto, realizado com os estudantes do 8º Ano, da Escola Municipal em
Tempo Integral Pedro Augusto, em Recife/PE. O grupo estudou os conceitos básicos
sobre o universo fotográfico, como: história, elementos básicos, equipamentos
(analógicos e digitais), estética, fotos coloridas e preto e branco, fotógrafos profissionais
e amadores e participou também de atividades práticas, realizadas na escola.
        Dentre as técnicas apresentadas aos estudantes a que mais chamou a atenção do
grupo foi a Chroma Key. Essa técnica consiste na captação das imagens tendo como
pano de fundo uma cor base (verde limão ou azul Royal) e a substituição dessa cor por
diferentes cenários. Dessa forma, a sala de aula foi transformada num estúdio com a
fixação de uma tela verde na parede e devidamente iluminada.
       Para a realização das fotografias usamos aparelho celular para os estudantes se
fotografarem e, por meio da Internet eles selecionaram as imagens que queriam utilizar
nessa sobreposição de imagens. Os temas acordados pelo grupo estiveram voltados para
as questões socioambientais. Com as fotografias, criaram uma campanha publicitária
afim de sensibilizar o leitor para a preservação do meio ambiente.
        Nesse artigo abordamos as experiências vividas pelos estudantes nesse
laboratório. Sendo assim, apresentamos uma fundamentação teórica sobre a fotografia,
as etapas percorridas pelo grupo para criar e editar as fotografias por meio do aplicativo
Green Screen Lite e a repercussão do projeto na escola e em eventos científicos como a
II Feira de Conhecimentos da Rede Municipal de Ensino do Recife.
2. Fotografias: história, técnica e Arte
Estudar fotografia exige um aprendizado constante, suas principais matérias-primas são
a luz e o olhar, além do equipamento fotográfico, claro, que pode ser tradicional ou
alternativo. Para Santos (2010), a fotografia pode ter um condão de simplicidade ou de
complexidade, se assim quisermos.
       De acordo com Fiest (1996, p. 24), a fotografia surgiu, oficialmente, em Paris,
em 1839, quando foi anunciado que o francês Louis Jacques Mandé Daguerre (1789-
1851) havia inventado um processo para fixar uma imagem no papel especial. No
entanto, muitos estudos apontam que ele não foi o único a conseguir tal proeza, pois
Nicéphore Niépce conseguiu fixar em uma placa de estanho, besuntada por betume-da-
Judéia, a primeira imagem retratada fora das paletas dos pintores e das pranchas dos
desenhistas. Essa placa ficou exposta ao sol por oito horas a captou a imagem do pátio


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de sua residência. Esse processo foi aperfeiçoado por Daguerre que reduziu o tempo de
exposição na luz.
        Desde o seu surgimento, as câmeras vêm se modernizando, passando por fases
históricas como: lambe-lambe (mecânica), monóculos (filme e lente), analógicas (filme)
e digitais (cartão de memória), além dos dispositivos integrados a muitos celulares. O
domínio técnico da fotografia chega até a dispensar o uso do equipamento, com as
imagens captadas em caixas de fósforos (filme) ou latas (papel fotográfico) como a
pinhole.
       O ato de fotografar exige: organização, planejamento, conhecimento técnico e
mecânico do equipamento. A luz é o principal elemento a ser compreendido na
fotografia. Ela é perceptível aos nossos olhos, que absorvem o espectro de cores e
luminosidade das coisas que nos cercam. E a câmera fotográfica funciona de forma
similar aos nossos olhos. Ao fotografar, a luz passa pela lente e chega ao sensor da
câmera. A luz refletida dos objetos chega aos nossos olhos e a câmera em decorrência
da exposição da luz.
                       O termo ‘exposição’ surge como sinônimo de fazer fotografia, sendo que de
                       um ponto de vista técnico, representa a quantidade de luz que consegue
                       atingir o meio de registro da imagem, isto depois de ter sido condicionada
                       pela abertura do diafragma, pela velocidade do obturador e, pela
                       sensibilidade ISO (SANTOS, 2010, p. 20).
        Na exposição da luz o diafragma, obturador e o ISO, tanto servem para reunir a
quantidade de luz ideal, quanto para criar alguns efeitos especiais, dependendo das
intenções do fotógrafo. Além desses recursos devemos dedicar especial atenção para o
foco, a profundidade de campo e a distância focal para definir o campo de visão de uma
lente. Para fazer os ajustes do campo de visão é necessário utilizar o zoom. Em algumas
máquinas essa lente vem acoplada e em outras elas são encaixadas. Em linhas gerais,
esses elementos são responsáveis pela parte técnica da fotografia. Eles se integram e
compõe as imagens.
        O uso da fotografia nas aulas de Arte valida-se por sua importância em
‘perpetuar’ a cena, o episódio, ‘congelar’ o tempo, a paisagem, o espaço vivido. Para
Arantes (2005), a fotografia era considerada a imitação mais perfeita da realidade e
poderia vir a substituir algumas das funções da Arte. Isso poderia corrompê-la por
inteiro e seu verdadeiro dever é o de servir a ciência e a Arte de maneira bem humilde.
Enquanto na época se pensava vir a fotografia substituir a pintura, na atualidade,
existem aplicativos que fazem na edição de imagem exatamente o contrário: a fotografia
fica com a aparência de desenhos ou pinturas de diversas técnicas, num simulacro
amistoso entre as duas formas de expressão.
        As fotografias passaram a ser cobiçadas por alguns artistas que desejavam a sua
perfeição em seus trabalhos. Os fotógrafos perceberam que poderiam usar essa técnica
não apenas para retratar a realidade, mas como forma de manifestação artística que
poderia provocar emoções e transmitir ideias e pensamentos. Indo muito além das
imagens, esses profissionais procuraram criar efeitos, usando lentes mais sofisticadas,
buscando um enquadramento especial e uma valorização maior.

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                       A fotografia supre, no território das Artes plásticas, aquilo que a pintura ou a
                       escultura não podem oferecer. Mais, a fotografia como que libera a pintura
                       desse compromisso com o real, permitindo a esta especular sobre questões
                       mais abstratas e menos contingentes. Certos temas abordados pelos
                       fotógrafos, se postos na pintura, cairiam fatalmente no panfleto e na
                       demagogia, da mesma maneira como, inversamente, as tentativas
                       formalizantes em fotografia tendem a cair no vazio. Vale dizer, a fotografia
                       atende a nossa necessidade de realismo, de nos envolvermos visceralmente
                       com o real, ou quem sabe, apenas atende à nossa má consciência social
                       (MORAIS, 1998, p.123).

        O valor da fotografia é relativo, depende da função e da intencionalidade da
mesma, como registro histórico, Kossoy assegura que “a história da fotografia de um
país está definitivamente ligada ao próprio curso histórico desse país, vínculo esse que
jamais poderá ser dissociado” (KOSSOY, 1980, apud MORAIS, 1998, p. 123).
        O processo de criação, ou seja, o ato de criar não é exclusividade dos artistas
plásticos, faz parte do processo de todas as pessoas sejam artistas ou não, em algum
momento elas sentem a necessidade de criar. Fayga Ostrower (2010, p. 147) aponta que
a criação não é apenas uma questão individual, mas não deixa de ser questão do próprio
indivíduo.
        Ao escolher aquele momento “clímax” daquele instante o fotógrafo precisa ter a
precisão exata do registro, pois os segundos fazem a diferença, diferentemente do
desenho e da pintura, em que a imagem pode ser retrabalhada, embora as tecnologias
digitais possam ser usadas na manipulação das imagens fotográficas. O instante da
fotografia tem caráter único, dependendo de seu objeto de retratação essa imagem pode
ser captada com mais ou menos facilidade.
        Com equipamentos sofisticados ou não, o fotógrafo precisa definir os tipos de
imagens que pretende captar, se são imagens reais (sem pose) ou com poses planejadas.
Para isso precisará definir o enquadramento, observar os efeitos de luz e sombra, as
cores, a composição e, no caso das câmeras digitais as manipulações que podem ser
feitas como cortes, mudanças de cores, ou seja, explorar as possibilidades de efeitos que
os equipamentos, tanto computadores como as câmeras, permitem.
                       A câmera fotográfica é uma espécie de órgão sensitivo que tenta imitar o
                       funcionamento do olho humano. Ela age como uma extensão mecânica do
                       nosso olho. O diafragma da câmera, que controla a quantidade de luz, imita a
                       íris, órgão capaz de recepcionar os comprimentos de onda de cada cor,
                       decodificando-os para diferenciar o claro do escuro e as distinções de cores.
                       A lente da câmera imita o cristalino, que é responsável por focalizar as
                       imagens que vemos e mudar a cor. A retina encontra sua correspondência na
                       parte de trás da câmera, uma superfície fotossensível sobre a qual se forma a
                       imagem. As imagens são fixadas por meio de gradações tonais que vão do
                       branco ao preto, da luz a escuridão e de um tempo maior e menor de
                       exposição (SANTAELLA, 2012, p. 73).
       Essa é uma alegoria que representa bem esse equipamento. As câmeras
fotográficas podem ser analógicas ou digitais. As analógicas, desconhecidas pela
maioria dos estudantes de Ensino Fundamental e Médio dos dias atuais, requerem um
filme fotográfico e o processo de revelação à base de produto químico, com a

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dificuldade de só vermos o resultado após a revelação do filme. Nesse projeto,
trabalhamos apenas com fotografias digitais, utilizando as câmeras dos aparelhos
celulares, portanto conteúdos como revelação e montagem de laboratório não foram
abordados.
        Na câmera digital as imagens armazenadas num cartão de memória podem ser
vistas instantaneamente, permitindo gravar, copiar e excluir arquivos de fotos ou vídeos
indesejados. Essas câmeras são equipadas com sensores, que são as fotocélulas. Essas
fotocélulas são capazes de interpretar as ondas luminosas e convertê-las para a
linguagem do computador. As imagens captadas podem ser transferidas para a memória
do microcomputador e apresentadas em monitores ou serem impressas.

3. Caminhos Percorridos
Essa pesquisa, de natureza qualitativa, é um estudo de caso realizado nas aulas de Arte
da Escola Municipal em Tempo Integral Pedro Augusto, em Recife/PE. A mesma foi
desenvolvida com todas as turmas de Anos Finais (6º ao 9º Ano). Todavia, no presente
artigo apresentamos um recorte da experiência realizada com 95 estudantes de 8º Anos
(entre os meses de julho e outubro de 2016). Os dados pesquisados foram coletados por
meio de observações durantes as aulas e com algumas intervenções dessa pesquisadora,
no sentido de colaborar com as atividades práticas. A professora dessas turmas,
cognominada SV, é a detentora do acervo fotográfico dos estudantes apresentadas nesse
relato.
3.1. Leituras de imagens e algumas reflexões...
No contexto do uso de recursos digitais nas aulas de Arte, a fotografia foi estudada pelos
estudantes que pesquisaram fotografias em seu acervo pessoal e/ou familiar e na
Internet. Eles estudaram os elementos básicos da fotografia e assistiram vídeos que
mostravam o funcionamento da câmera fotográfica, as funções da fotografia, a aplicação
e enquadramento de diversas imagens. Nessa pesquisa destacamos as fotografias da
Figura 1, que fazem parte da página pessoal do fotógrafo pernambucano Xirumba
Amorim, no Facebook.




         Figura 1. Fotografias de Xirumba Amorim. Fonte: Facebook do artista1



1

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1233383386737141&set=pcb.1233386860070127&t
ype=3&theater. Acesso 01 ago. 2016.
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        Nas aulas foram explorados os aspectos gerais das imagens e analisados os
aspectos conceituais que subsidiaram as interpretações pessoais. Nas leituras de
imagens propostas os estudantes foram bem participativos, e apontaram quem já tinha
feito pesca no mar e no rio. Falaram também de alguns pescadores que conheciam.
Sobre a 1ª imagem, falaram que os pescadores tinham que ser mais rápidos que as aves
e que havia muito lixo nas águas.
       Outras imagens também foram apresentadas como a 2ª fotografia, que é uma
mostra de bonecas que foram recolhidas das águas do rio e que fazem parte do cenário
do Capibar, bar localizado às margens do Rio Capibaribe, em Recife, cujas paredes são
decoradas com o lixo recolhido do rio, como pneus, televisores, bonecas, etc. Esse bar
propõe chamar a atenção dos frequentadores para a sustentabilidade do planeta.
        A 3ª imagem também é uma fotografia do Xirumba e apresenta palafitas. Essas
palafitas servem de moradias e estão construídas às margens do rio Capibaribe. Com
essa figura foram discutidos os aspectos estéticos e sociais. Essas imagens foram
apresentadas ao grupo com o intuito de sensibilizá-lo para as questões socioambientais e
a proposta da professora era inserir fotografias dos estudantes nesses cenários de
poluição para que eles refletissem sobre como se sentiriam nos respectivos espaços e o
que poderiam fazer para modificá-los.
3.2. Experimentações para sensibilização
Após estudar sobre os fundamentos da fotografia e refletir sobre as imagens
apresentadas o grupo propôs criar uma campanha de sensibilização e a técnica escolhida
foi o Chroma Key, que é uma técnica de efeitos especiais visuais, muito usada em
superproduções. Esses efeitos especiais revolucionaram a indústria cinematográfica e
são muito usados pelos cineastas para mudar a localização das gravações, consertar
erros, ajustar orçamentos. Combinando cenas eles criam efeitos impossíveis de
acontecerem no mundo real e com custos bem mais baixos, haja vista que gravações em
estúdios podem simular viagens caríssimas.
        Todavia, essa ferramenta é bem simples, não sendo, portanto, privilégio de
grandes produtoras, podendo ser empregadas em produções caseiras com resultados bem
interessantes. Nessa técnica é possível produzir com qualidade, imagens estáticas e em
movimento usando um fundo colorido removível, para produzir imagens com cenários
diferentes, sem precisar de equipe de produção e grandes investimentos.
        Essa técnica consiste em substituir o fundo de filmagem a fim de isolar as
personagens ou objetos de interesse. Depois de isolar as imagens nesse “pano de fundo
neutro”, elas são utilizadas combinando-as com novas imagens de fundo ou cenário
virtual. O “pano de fundo” que será anulado, geralmente tem cor verde limão (essa é
uma das mais usadas, pois precisa de menos luz), azul ou vermelho. O vermelho tem
sido registrado em trabalhos mais recentes). Porém, é necessária harmonização da
tonalidade da cor com a do aplicativo que será utilizado na edição das imagens.
       De acordo com o site Chocoladesign (2016), essa técnica foi criada em 1898
pelo cineasta francês George Méliès. Esse cineasta é considerado um dos maiores
inventores de efeitos especiais do mundo. Sua fonte de inspiração eram os filmes em

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                                                         Universidade Federal da Paraíba - Campus IV
                                                                      Mamanguape - Paraíba – Brasil
                                                                        18, 19 e 20 de maio de 2017


preto e branco. Neles ele começou a aplicar técnicas de sobreposição de filmes e “Black
Screen” que posteriormente seriam substituídas por telas azuis e verdes.
        Ao processar essas imagens há uma fusão visual de seus elementos, ou seja,
obtém-se uma única composição. Para fazer a edição de imagem pode-se usar um
aplicativo como After Effects, Keylight, Screen Mate, PicsArt ou Color Key.
        Para a realização desse trabalho na escola, algumas providências foram tomadas,
pois essa técnica exige alguns cuidados. O primeiro deles foi em relação ao fundo base
(aquele que vai desaparecer): um tecido de cor verde (uniforme) foi colocado na sala.
Esse tecido foi bem esticado e iluminado (se houver sombras o vídeo ou a fotografia
ficarão manchados).
       A luz é outro elemento muito importante nesse trabalho, pois ela mostra o
elemento a ser fotografado, separando-o da cena (fundo), além de minimizar as sombras
projetadas. Às vezes há a necessidade de mais de uma projeção de luz. Sendo assim, o
cenário foi criado na própria sala de aula, tornando o ambiente propício para as
fotografias.
        Outro cuidado foi em relação aos objetos que não podiam ser da cor da base nem
transparentes (para não sumirem). A vantagem para uso da técnica é possibilitar
abordagens distintas para a fotografia. Observamos no trabalho realizado com os
estudantes que uma imagem pode ser inserida em diferentes contextos, uma vez que
essa técnica coloca uma imagem sobre a outra com o anulamento do “pano de fundo”,
podendo a mesma imagem ser fixada em diferentes cenários.
        Para fazer as fotografias os estudantes instalaram um aplicativo no celular
chamado “Green Screen lite”. Com esse aplicativo é possível editar a fotografia
realizada com o fundo verde (ou azul, ou vermelho) e inserir novas imagens como pano
de fundo, que podem ser paisagens, objetos ou outros retratos. A figura retratada pode
ser movida e inserida nesse cenário, de acordo com o resultado idealizado.
        Além da troca de imagens, foram inseridas nas produções dos estudantes frases
com o intuito de sensibilizar o leitor e o estudante/produtor para as questões
socioambientais. Para essa edição o aplicativo utilizado foi o “PicsArt - make pictures”,
com ele as frases escritas ganharam um apelo a mais. E assim, desenvolveram uma
campanha publicitária bastante criativa e o resultado pode ser observado nas imagens a
seguir. Portanto, o Chroma Key pode ser um verdadeiro simulacro, transformando
imagens, criando outra realidade da virtualidade. Na atividade observamos que o grupo
apresentou um bom entrosamento e divertimento, obtendo resultados motivadores e em
parceria, pois, na maioria das vezes, um estudante fazia a pose e outro fotografava,
como mostra a Figura 2.




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       Figura 2. Estudantes sendo fotografados. Fonte: Acervo da Professora SV
       Na Figura 2, aparecem dois estudantes sentados numa mesa para que a colega os
fotografasse, como podemos observar a parede e mesa estão forradas com um tecido
verde e há um refletor iluminando a dupla.
        Já a Figura 3 mostra um estudante deitado numa mesa que está forrada com o
tecido verde, e essa mesma fotografia montada num outro cenário e com uma frase de
impacto. Um ponto muito positivo dessa atividade é que os estudantes manipulam as
figuras colocando-as nos pontos que escolherem sobre o novo cenário, além de poderem
trocar de cenários.




    Figura 3. Fotografia com o fundo verde e fotografia da Campanha Publicitária. Fonte:
                                  Acervo da Professora SV
        A seguir podemos observar outros resultados desse trabalho, ou seja, primeiro os
estudantes foram fotografados com o pano de fundo verde e depois essas imagens foram
editadas usando o aplicativo “Green Screen lite”, e com o aplicativo “PicsArt - make
pictures”, digitaram as frases, que combinavam com o cenário e o propósito de cada
estudante. Na Figura 4, o estudante simulou estar tossindo e voando sobre carros em
meio à fumaça que sai dos escapamentos. Já a Figura 5 mostra a imagem de uma jovem
que demonstra desespero ao ver o desperdício de comida. Observamos durante essas
atividades que havia uma preocupação dos estudantes com a escolha das imagens e com
as poses ao serem fotografados.

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             Figura 4. O estudante “sobrevoando” sobre carros e fumaça.
                           Fonte: Acervo da Professora SV.




           Figura 5. Estudante desesperada por causa do desperdício de comida.
                              Fonte: Acervo da Professora SV

        Observamos durante as atividades um constante processo de criação, como
afirma Ostrower (2010), criar é basicamente formar. É ter competência para formar algo
novo. Todavia, em qualquer que seja o campo de atividade esse “novo” tem que estar
em coerência com as novas relações que se estabelecem para a mente humana e os
fenômenos. Nessa perspectiva, a autora concebe que “o ato criador abrange, portanto, a
capacidade de compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar,
significar ” (2010, p. 9).
       Percebemos com as poéticas dos estudantes que o processo de criação defendido
pela autora contribuem para a formação de pessoas conscientes, culturais e sensíveis
com as questões socioambientais, como observamos nas imagens apresentadas.



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       Na visão de Ostrower (2010), os processos de conscientização dos indivíduos
são influenciados pela cultura, orientam seus interesses, aspirações, necessidades,
propõem formas de participação social, objetivos e ideais, e assim, “a cultura orienta o
ser sensível ao mesmo tempo que orienta o ser consciente. ” (p.17). Essa foi a intenção
da professora ao propor o uso do Chroma Key, provocar nos estudantes reflexões sobre
os problemas ambientais para, ao menos, minimizá-los.

       O resultado desse trabalho pode ser conferido pela comunidade escolar (gestores,
professores, funcionários, pais dos estudantes) e por técnicos educacionais da Secretaria
de Educação e da Secretaria de Tecnologia durante a Feira de Conhecimentos, realizada
na escola, no dia 31 de agosto de 2016. Nessa ocasião foram avaliados 44 trabalhos da
escola, para selecionar os três trabalhos que seriam apresentados na II Feira de
Conhecimentos da Rede Municipal de Ensino do Recife (RMER) e esse foi um deles.

       A II Feira de Conhecimentos da RMER foi realizada nos dias 19 e 20 de outubro
de 2016, com apresentação de 72 trabalhos realizados por 35 escolas de Anos Finais.
Durante o evento, que aconteceu no Marco Zero do Recife, estudantes de outras escolas
e os apreciadores da feira puderam conhecer a técnica, foram fotografados, escolheram
os cenários e frases que gostariam de inserir nas fotos. Essas produções foram
repassadas às pessoas por meio do aplicativo WhatsApp ou por comunicação Bluetooth.

4. Considerações Finais
O ensino da Arte permite ao estudante desenvolver a capacidade de expressar-se, pois
nela interferem e se desenvolvem a percepção, a imaginação, a observação, o raciocínio,
o controle gestual – capacidades psíquicas que influem na aprendizagem. Por meio das
TICs, os educandos podem dialogar com as temáticas atuais, do nosso tempo e dos mais
diversos espaços, sejam físicos ou virtuais.
        A interação da Arte com TICs proporciona nutrição estética (empregada como
veículo) e amplia as experiências poéticas (empregada como instrumento) por meio
de aplicativos, programas de software e sites que facilitam a produção em Arte e
procuram inovar a transmissão e aplicabilidade de conhecimentos. Contudo, para
transformar uma prática se faz necessário conhecer o contexto e a finalidade almejada
com o uso efetivo das tecnologias, por professores e estudantes.
        São os usos que se fazem dessas tecnologias que determinam qual o maior ou
menor impacto nas práticas pedagógicas, assim como a maior ou menor capacidade para
transformar informações em conhecimento e assim melhorar a aprendizagem. A
dimensão pedagógica da Arte, nesse contexto, não se restringe à apreciação ou produção
de trabalhos artísticos, mas transcende o âmbito escolar e atua como uma proposta de
reflexão para o próprio estudante observar o espaço circundante e tornar-se um agente
de transformação na conservação e preservação do meio ambiente.
       A linguagem artística permite criação, construção, invenção do ser humano.
Através dela, o artista cria novas formas e transforma a matéria prima oferecida pela
natureza e pela cultura em algo significativo. E, dessa forma, vai atribuindo significados

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aos gestos, às cores, aos sons, com certa finalidade, percorrendo vários caminhos, num
exercício que mais parece um jogo de montar, um quebra-cabeça no qual se busca a
forma ideal.
        As fotografias como forma de expressão e comunicação embasam o
conhecimento humano e assumem também importante papel na redefinição dos
sentidos, criando novos significados e disseminando novas ideias e padrões que passam
a influenciar as pessoas em diferentes aspectos.
        Nos experimentos apresentados a fotografia foi utilizada em aspectos
conceituais, técnicos e tecnológicos, sendo mais explorada a técnica Chroma Key. Para
visualizarmos as construções poéticas dos estudantes criamos o Blog Didática na
Fotografia (didaticanafotografia.art.blog), nele há algumas orientações de uso das
tecnologias na sala de aula e uma galeria de Arte digital que mostra alguns resultados e
o processo de construção dessas produções. Faz-se necessário continuar pesquisando
sobre o tema na perspectiva de atualizações e de ampliação de opções de inserção das
TICs, aos conteúdos de Arte.

Agradecimentos
A professora Suzana Vital e aos estudantes do 8º Ano da Escola Municipal em Tempo
Integral Pedro Augusto, pelo compartilhamento de suas poéticas.

Referências
Arantes, P. (2005) “Arte e Mídia: Perspectiva da Estética Digital”, Editora do SENAC,
  São Paulo.
Fiest, H. (1996) “Pequena Viagem pelo Mundo da Arte”, 8ª edição, Editora Moderna,
   São Paulo.
Morais, F. (1998) “A Arte é o que eu e você chamamos Arte: 801 definições sobre a
  Arte e o Sistema da Arte”, Editora Record, Rio de Janeiro.
Ostrower, F. (2010) “Criatividade e Processos de Criação”, 7ª edição, Editora Vozes,
  Petrópolis, Rio de Janeiro.
Santaella, L. (2012) “ Leitura de Imagens”, Editora Melhoramentos, São Paulo.
Santos, J. (2010) “Fotografia: luz, exposição, composição, equipamentos e dicas para
  fotografar em Portugal”. Centro Atlântico. (livro digital). Portugal,
  http://www.centroatl.pt/titulos/tecnologias/fotografia/imagens/excerto-livro-ca-
  fotografia.pdf, Acesso: 20 de nov. 2016.
You Tube: http://chocoladesign.com/a-magia-do-chroma-key, Acesso: 01 Nov. 2015.




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