Diretrizes de Acessibilidade na Web e Redes Sociais: Uma Revisão Sistemática da Literatura Tiago Nogueira1 , Jackelline Santos1 , Ana Vitória Barros1 , Franciely Santos1 , and Deller Ferreira2 1 Departamento de Informática, Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) tiago.nogueira@bag.ifmt.edu.br 2 Instituto de Informática, Universidade Federal de Goiás (UFG) deller@inf.ufg.br Abstract. The online social networks develop a great role on relation- ship visual representation, impacting on people’s interaction. Thus, it is essential that social network is accessible, so that every person with disability has access to the contents and interactivity in a equal way. Nev- ertheless, current researches only focus on measuring the benefits during the interaction, leaving aside the identification and mitigation of acces- sibility problems. Therefore, this article identifies, through a systematic review, the existing correlation among the Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) and social network, identifying the main difficulties faced by disabled people. The review results prove that the difficulties are related to content, loss of identity, navigability and accessibility. How- ever, there is a lack of works that correlate to the guidelines applicability in the social network constructions. Keywords: Social Networking, Web Accessibility, Usability, User Ex- perience 1 Introdução Com o aumento significativo de informações compartilhadas na web, especial- mente pelas redes sociais, gigantescas massas de dados são geradas, desorien- tando frequentemente os usuários. Além disso, várias barreiras são exponencial- mente geradas, impossibilitando assim, as interações entre pessoas com deficiências. Para Wu e Adamic [1], atualmente, existem várias barreiras que impossibili- tam os deficientes visuais a desenvolverem suas habilidades com as redes sociais, especificamente, o Facebook. Assim, utilizar-se de elementos como Java script, por exemplo, jQuery para a geração de páginas dinâmicas, causam barreiras na navegabilidade, impossibilitando sua leitura pelas tecnologias assistivas. Dessa forma, essas barreiras de acessibilidade tornam mais difı́ceis de ser capturadas e tratadas, uma vez que os usuários da web constituem entidades altamente heterogêneas com diferentes deficiências e exigências [2]. Neste sentido, vários trabalhos na literatura correlacionam os impactos das diretrizes de acessibilidade do conteúdo na web (WCAG) nas redes sociais. Se- gundo Shpigelman e Gill [3], a participação de pessoas com deficiência intelectual Anais do VIII Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador na Web Social 70 2 em redes sociais on-line possui a capacidade de qualificá-las, retirando-as do iso- lamento social do mundo real. Entretanto, este viés de investigação não tem sido explorado pelas pesquisas na área da Interação Humano-Computador (IHC) [4]. Realizando-se uma investigação on-line de como se comportam as pessoas com deficiências nas interações em redes sociais, utilizando-se de estatı́sticas descritivas, comparando as atividades relacionadas a grupos deficientes e não deficientes, pode-se estabelecer padrões comportamentais, os quais corroboram na construção de redes sociais mais inclusivas [4] [3]. Essas descobertas tornam as redes sociais on-line mais acessı́veis a essa população [4]. Por meio da utilização das melhores técnicas das interações adaptativas, en- tre usuários e espaço informacional na web, explorando os principais métodos e técnicas de acessibilidade adaptativa para cegos e deficientes visuais, as possi- bilidades da aplicação da acessibilidade adaptativa podem ser exploradas para avaliar a acessibilidade de acordo com a WCAG [2]. Assim, para Raufi et al. [2], estudos indicam que mesmo quando as diretrizes são aplicadas em sistemas web, há pouca indicação sobre se essas aplicações serão realmente acessı́veis às pessoas com deficiências. Para solucionar estes problemas, abordagens visuais e auditivas tornam-se essenciais para o entendimento das principais técnicas adaptativas para cegos e deficientes visuais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é identificar, por meio da literatura, quais são as correlações existentes entre a WCAG e as redes sociais e as prin- cipais barreiras enfrentadas por usuários, verificando o impacto da aplicação das diretrizes de acessibilidade. Para tal, na seção 2 é apresentado o referencial teórico com os trabalhos relacionados às diretrizes de acessibilidade na web e redes sociais; na seção 3 é realizado uma Revisão Sistemática da Literatura; na seção 4 são apresentados os resultados e discussões; e na seção 5 as conclusões. 2 Referencial Teórico Nesta seção são apresentados trabalhos relacionados às diretrizes de acessibili- dade na web (subseção 2.1) e trabalhos que tratam de redes sociais sob a per- spectiva da acessibilidade na web (subseção 2.2). 2.1 Diretrizes de Acessibilidade na Web A web desempenha um papel importante em diversas áreas da sociedade, e impacta em uma infinidade de coisas relacionadas à vida e ao cotidiano das pessoas. De acordo com o Consórcio da Rede Mundial de Computadores (W3C), é essencial que a web seja acessı́vel, de modo que todas as pessoas com algum tipo de deficiência, sejam elas fı́sicas ou psicológicas, tenham acesso aos conteúdos e as oportunidades de forma igualitária [5]. As Diretrizes de Acessibilidade do Conteúdo na Web (WCAG), desenvolvidas pela W3C por meio da Iniciativa de Acessibilidade da Web (WAI), são um conjunto de diretrizes que pormenorizam as formas de tornar um conteúdo web acessı́vel a todas as pessoas com algum tipo de deficiência, ou não, para que sejam capazes de perceber, compreender, Anais do VIII Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador na Web Social 71 3 navegar e interagir com conteúdo web, ou até mesmo contribuı́rem na produção de conteúdo [5]. Assim, a WCAG é dividida em quatro princı́pios: – Percebı́vel – os critérios permitem que o produto seja perceptı́vel por pessoas, independentemente da sua deficiência; – Operável – os componentes da interface do usuário e a navegação devem ser operáveis; – Compreensı́vel – as informações e a operação da interface do usuário devem ser compreensı́veis; – Robusto – o conteúdo deve ser robusto o suficiente para que possa ser inter- pretado de forma confiável por uma ampla variedade de agente de usuário, incluindo tecnologias de apoio. Tais recomendações incluem critérios de sucesso, cada critério tem um nı́vel de adequação de conformidade que pode indicar o impacto da acessibilidade (Tabela 1). Tabela 1. Nı́veis de acessibilidade de acordo com a WCAG Prioridade Nı́veis Descrição 1 A Nı́vel mı́nimo. 2 AA Nı́vel médio, onde o site deve aten- der a todos os critérios sob nı́veis A e AA. 3 AAA Nı́vel mais alto, neste nı́vel o site deve atender a todos os critérios sob nı́veis A, AA e AAA. Para aderir aos critérios, são disponibilizadas técnicas documentadas para desenvolver e avaliar o conteúdo da web, sendo divididas em técnicas suficientes, técnicas recomendadas e falhas comuns. Um dos exemplos da aplicabilidade da WCAG é proposto por Calle et al. [6], apresentando um estudo alternativo para o desenvolvimento e melhoria dos mapas geográficos para facilitar a acessibilidade, em conformidade com a WCAG e testado por usuários cegos, em diferentes navegadores. Também há estudos sobre o desempenho de métricas baseadas na web para avaliar a confiabilidade e a manutenção de aplicações hipermı́dia, que recomendam a aplicação de algoritmos de substituição de páginas da web para aumentar a usabilidade, a manutenção, a confiabilidade e a classificação do website [6]. Como já foi levantado anteriormente, a acessibilidade serve para todas as pessoas com algum tipo de deficiência, ou não. Mas, além dessas pessoas, observa- se que os idosos também se beneficiam seguindo estas diretrizes de acessibilidade. De acordo [7], os designers devem levar em consideração todos os tipos diferentes de deficiências, como visuais, auditivas, problemas de fala e de aprendizagem, etc., quando o acesso a todos é um aspecto essencial e o poder da web está em sua universalidade. Além disso, seja qual for o hardware, software, linguagem, Anais do VIII Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador na Web Social 72 4 cultura, localização ou capacidade fı́sica ou mental, a web é fundamentalmente concebida para funcionar para todas as pessoas, cujo elemento crı́tico para o mundo web é a acessibilidade. A maioria das ferramentas de avaliação automatizada baseia-se nas diretrizes de acessibilidade da WCAG 2.0. Isso implica que a plataforma vem se ampliando cada vez mais, com resultados significantes para a sociedade, pois as ferramentas de avaliação são fortemente empregadas, uma vez que ajudam a reduzir a carga de identificar barreiras de acessibilidade [8]. De uma perspectiva ampla, para que websites sejam considerados acessı́veis, devem obedecer aos regulamentos e diretrizes existentes. Portanto, a acessibili- dade de websites é um dos critérios importantes para disseminação da informação para um grupo mais amplo de pessoas [9]. Portanto, de um modo geral, pode-se afirmar que a WCAG, é o padrão universalmente adotado para projetar ou tornar um site totalmente acessı́vel que ajuda a reduzir os problemas com acessibilidade na web, tornando-a um instrumento auxiliador nas construções de interfaces acessı́veis e corroborando para um design universal, isto é, acessı́vel por todos. 2.2 Redes Sociais e à Acessibilidade na Web Para Shpigelman e Gill [3], a participação em redes sociais on-line por pessoas com deficiências tem o objetivo de realizar a capacitação dos indivı́duos, por exemplo, pessoas com déficit intelectual que possam ter isolamento no mundo real. Pessoas com deficiências acessam estes recursos computacionais com auxı́lio de outras pessoas, se comunicando com amigos e familiares. No entanto, pesquisas em redes sociais on-line se concentram em mensurar apenas seus benefı́cios durante as interações, deixando de lado a identificação e a mitigação dos problemas de acessibilidade [3]. Dessa forma, redes sociais on-line tornaram-se um meio integral de comunicação, fomentando as relações interpessoais, por exemplo, pessoas do mesmo grupo familiar [10]. Neste sentido, as redes sociais foram desenvolvidas para fornecer uma representação visual e os resultados dependem da abstração da rede, sendo definido pela capacidade de ou iteratividade dos usuários [11]. Segundo Fox e Moreland [10], o Facebook é avaliado como a rede social mais popular, por colocar vários recursos aos usuários, tais como a habilidade de conectar-se à sua rede off-line ou on-line, bem como fazer novas conexões on-line, permitindo que usuários se comuniquem facilmente com membros da rede, por meio das funções de publicações e compartilhamento e distribuindo facilmente as informações armazenadas entre seus membros. Entretanto, as redes sociais podem ser classificadas como redes sociais claras e escuras. Assim, o Facebook, classificando o seu lado claro, oferece a capacidade de fortalecer laços entre amigos e familiares, mantendo relacionamentos exis- tentes. No seu lado escuro, o Facebook apresenta aos usuários uma redução da autoestima, sobrecarga cognitiva e sentimentos de angústia e inveja. Conclui-se, portanto, que as redes sociais exploram a profundidade das experiências emo- cionais e negativas que os usuários podem ter usando-as [10]. Anais do VIII Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador na Web Social 73 5 Sob perspectivas emocionais, Fox e Moreland [10], identificou, por meio de narrativas dos usuários, as experiências psicológicas e os impactos negativos nas pessoas causados por redes sociais inacessı́veis, avaliando a conectividade, a vis- ibilidade, a acessibilidade e o feedback social. Com essas avaliações, as redes sociais tornam-se um potencial significativo para a capacitação de pessoas defi- cientes, permitindo-lhes expandir seus canais de comunicações e cı́rculos sociais [3] [4]. Percebe-se que as participações beneficiam pessoas com deficiências que pos- sam experimentar o isolamento social no mundo real [12], mas apesar disso, usuários ainda enfrentam barreiras que os privam de se comunicar adequada- mente. Um dos desafios são as deficiências de habilidades, por exemplo, pessoas com deficiência intelectual ou de aprendizagem, uma vez que as comunicações em redes sociais acontecem por meio de mecanismos textuais [3] [4]. No entanto, segundo [10], embora os usuários do Facebook enfrentam emoções negativas durante as interações, os mesmos se sentem pressionados a acessar a aplicação com frequência devido ao medo de perder os vı́nculos sociais de amizades, mantendo, assim, as suas relações. Outros sentimentos que podem ser avaliados e correlacionados com a acessibilidade em redes sociais são emoções de ansiedade, ciúmes, estresse e a experiência do usuário (UX). Portanto, faz-se necessário uma investigação profunda, sob a perspectiva da acessibilidade e experiência do usuário em redes sociais on-line, especificamente, pessoas com deficiências e as principais barreiras enfrentadas durante as in- terações. 3 Revisão Sistemática da Literatura Nesta seção, será apresentado o planejamento da revisão sistemática da literatura (subseção 3.1) e a fase de execução desta pesquisa (subseção 3.2). Esta revisão sistemática da literatura incidiu sobre as publicações indexadas entre janeiro de 2010 a dezembro de 2016, utilizando-se a abordagem proposta por Keele et al. [13] nos processos de planejamento e execução desta pesquisa. 3.1 Planejamento da Revisão Sistemática da Literatura No processo de realização da revisão sistemática, é fundamental, a partir da identificação de possı́veis problemas, construir indagações as quais possam ser respondidas durante o processo de sumarização dos resultados [14]. Dessa forma, elencam-se as seguintes indagações: – Q01 – Existem correlações entre as Diretrizes de Acessibilidade do Conteúdo na web e as redes sociais? – Q02 – É possı́vel identificar, por meio da literatura, as principais barreiras de acessibilidade na web enfrentadas por usuários em redes sociais? – Q03 – Qual é o impacto da aplicação das Diretrizes de Acessibilidade do Conteúdo na web em redes sociais? Anais do VIII Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador na Web Social 74 6 Para realização desta revisão sistemática da literatura, foram selecionadas as bases Google Scholar, IEEE Digital Library, ACM Digital Library, Springer Link e Science Direct. A construção da string de busca se deu por meio da extração das palavras- chaves das questões de pesquisas Q01, Q02 e Q03. Assim, as principais palavras- chaves e sinônimos extraı́dos foram: “acessibilidade”, “redes sociais”, “WCAG”, “comunidade virtual”. Por se tratar de pesquisas que endereçam a acessibilidade na web, o sinônimo mais próximo e adequado foi a palavra/sigla “WCAG”. Conseguintemente, geraram-se os seguintes protocolos de pesquisa: – P01 (“WCAG” AND (“redes sociais” OR “comunidades virtuais”)); – P02 (“WCAG” AND (“social network ” OR “virtual communities”)). Para testar a eficácia dos protocolos de pesquisa (P01 e P02), foram submeti- dos a uma pesquisa primária na base Google Scholar. Desse modo, retornaram 324 artigos cientı́ficos, os quais endereçam as Diretrizes de Acessibilidade do Conteúdo na Web (WCAG) e redes sociais. Após a construção dos protocolos de pesquisa P01 e P02, deu-se inı́cio a construção dos critérios de inclusão e exclusão, isto é, critérios para a aceitação e rejeição dos artigos mapeados por esta pesquisa. A Tabela 2 apresenta os critérios de inclusão e exclusão adotados por esta pesquisa. Tabela 2. Critérios de inclusão e exclusão adotados para a revisão sistemática da literatura Critérios de Inclusão Critérios de Exclusão a) Artigos em Inglês e Português a) Artigos que não contemplem as di- (Brasil); retrizes de acessibilidades aplicadas nas construções de redes sociais; b) Artigos que abordam a correlação en- b) Estudos que apresentam apenas re- tre as diretrizes de acessibilidades apli- latos de experiências; cadas nas construções de redes sociais; c) Artigos referentes às principais bar- c) Artigos que apresentem as diretrizes reiras de acessibilidades enfrentadas pe- de acessibilidades, mas não abordam as los usuários em redes sociais; redes sociais; d) Artigos que discutem o principal im- d) Artigos duplicados. pacto da aplicação das diretrizes de aces- sibilidades nas construções de redes soci- ais. 3.2 Execução da Pesquisa Por meio da execução dos protocolos P01 e P02, identificando artigos que cor- relacionam as Diretrizes de Acessibilidade do Conteúdo na Web e redes sociais, Anais do VIII Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador na Web Social 75 7 Tabela 3. Quantitativo de artigos identificados por meio da execução dos protocolos P01 e P02 Bases Perı́odo/Ano Total 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 IEEE 2 5 4 3 53 5 11 83 Springer 14 15 13 16 24 14 19 115 ACM 41 32 26 16 13 9 5 142 Google 30 28 46 68 67 56 31 326 Science Direct 5 3 11 15 8 5 5 52 Total 718 foram identificados 718 artigos cientı́ficos. A Tabela 3 apresenta o quantitativo de publicações por base e por perı́odo/ano. Percebe-se que, por meio da Tabela 2, foram identificados 718 artigos que endereçavam diretrizes de acessibilidade aplicadas nas construções de redes so- ciais. Dessa forma, 83 artigos foram identificados na base IEEE Digital Library, 115 artigos na base Springer Link, 142 artigos na base ACM Digital Library, 326 artigos na base Google Scholar e por fim, 52 artigos na base Science Direct. O processo de seleção dos artigos, isto é, o procedimento de decisão de aceitação ou rejeição dos artigos, por meio da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, deu-se pela leitura exaustiva dos tı́tulos, resumos e palavras-chaves identificadas nos artigos. A leitura foi realizada por pares de revisores, dividida em três rodadas, supervisionada pelo orientador pesquisador. Logo, por meio desta análise, na primeira fase foram identificados 175 artigos que estavam du- plicados, sendo rejeitados por esta revisão. Assim, restaram 457 artigos para serem selecionados, aplicando os critérios de inclusão e exclusão. Na segunda fase, aplicando-se apenas os critérios de exclusão, foi possı́vel rejeitar 528 artigos. A Figura 1 apresenta o quantitativo de artigos rejeitados por perı́odo. 140 2014; 124 120 2013; 96 Quan!dade de Ar!gos 100 2015; 78 80 2016; 67 2012; 61 60 2010; 56 2011; 46 40 20 0 Figura 1. Quantitativo de artigos rejeitados por perı́odo/ano Anais do VIII Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador na Web Social 76 8 A Figura 1 descreve a quantidade de artigos rejeitados por perı́odo. Assim, percebe-se que em 2010 foram rejeitados 56 artigos, em 2011 foram rejeitados 46 artigos, em 2012 foram rejeitados 61 artigos, em 2013 foram rejeitados 96 artigos, em 2014 foram rejeitados 124 artigos, em 2015 foram rejeitados 78 artigos e, em 2016 foram rejeitados 67 artigos. Desta forma, obteve-se como resultado um total de 528 artigos rejeitados por meio da aplicação dos critérios de exclusão. Na terceira fase, aplicando-se os critérios de inclusão, foi possı́vel aceitar todos os 15 artigos restantes. A Figura 2 apresenta o quantitativo de artigos aceitos por perı́odo. 9 2014; 8 8 7 Quan!dade de Ar!gos 6 2013; 5 5 4 3 2 2011; 1 2016; 1 1 2010; 0 2012; 0 2015; 0 0 Figura 2. Quantitativo de artigos aceitos por perı́odo/ano A Figura 2 descreve a quantidade de artigos aceitos por perı́odo/ano. Assim, percebe-se que, em 2011 foi aceito 1 artigo, em 2013 foram aceitos 5 artigos, em 2014 foram aceitos 8 artigos e, em 2016 foi aceito 1 artigo. Desta forma, obteve-se como resultado um total de 15 artigos aceitos por meio da aplicação dos critérios de inclusão [15] [16] [17] [18] [19] [20] [21] [22] [23] [24] [25] [26] [27] [28], os quais endereçavam a aplicação das Diretrizes de Acessibilidade em redes sociais. 4 Resultados e Discussões Por meio da revisão sistemática da literatura, foi possı́vel responder à questão de pesquisa (Q02), identificando, por meio da literatura, as principais barreiras de acessibilidade na web enfrentadas por usuários em redes sociais. Neste sentido, as barreiras enfrentadas por usuários durante a navegação na web são classificadas em quatro categorias: a) barreiras de acessibilidade; b) barreiras de conteúdo; c) perda de identidade; e d) barreiras de navegabilidade [26] [24] [25] [28]. Assim, é possı́vel por meio da leitura criteriosa dos artigos aceitos, classificá-los de acordo com as suas respectivas barreiras. Anais do VIII Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador na Web Social 77 9 Uma das principais barreiras identificadas pelos usuários durante as interações são os elementos inacessı́veis em aplicações web [24] [15]. Assim, pode-se clas- sificá-las como barreiras de acessibilidade. Uma das possibilidades de eliminação dessas barreiras é oferecer alternativas adicionais de acesso por diferentes tipos de deficiência, pois a oferta de tecnologias para pessoas com deficiência (PcD) possibilita a manipulação de volumes de informações, que antes não era possı́vel. Dessa forma, os usuários podem acessar a mesma informação, em vários formatos e por diferentes órgãos perceptivos. Conteúdo e navegabilidade são barreiras significativas que impactam na itera- tividade em redes sociais. Para Pivetta e Saito [26], as pessoas surdas geralmente encontram dificuldades ao interagir com interfaces digitais que foram projetadas para pessoas ouvintes. Observa-se que muitas dessas barreiras não são limitado- ras nas interações apenas por pessoas surdas, mas também por todas as demais pessoas. Assim, a acessibilidade dos recursos na web é uma premissa fundamental para a inclusão digital das pessoas com deficiências [26]. Outras barreiras identificadas estão relacionadas a não conformidade com as Diretrizes de Acessibilidade. Para Silva e Ferreira [28], um usuário pode não conseguir acessar alguns dados, devido a problemas de não conformidade com as diretrizes de acessibilidade, por consequência de problemas de incompatibilidade das ferramentas assistivas com os navegadores web ou baixa usabilidade nas ferramentas assistivas. Em muitos casos, usuários não conseguem ter acesso a alguns dados por falha de conformidades, ou seja, pela falta de informações adicionais dos conteúdos na web ou por uma baixa experiência do usuário (UX) [28]. Assim, por meio desta revisão, foi possı́vel responder à questão de pesquisa (Q03), identificando, por meio da literatura, os impactos da aplicação das Dire- trizes de Acessibilidade do Conteúdo na Web em redes sociais. Neste sentido, segundo Kaminski et al. [25], em muitos paı́ses da Ásia, Eu- ropa, Oceania e da América do Norte, observou-se que uma parcela significativa da população é excluı́da do acesso a esse novo espaço informacional. Este fato ocorre por uma série de fatores, entre eles, a inexistência de descrições textuais para imagens e falhas na codificação das páginas web. Uma das soluções para estes problemas inserem a responsabilidade governa- mental de incluı́rem em suas metas a legislação de acessibilidade como requisito em seus próprios materiais de divulgações, sejam eles publicados na web ou não [25] [27]. Dessa forma, o maior impacto das diretrizes de acessibilidade seria utilizar- se de meios para combater a exclusão de pessoas com deficiências, tanto em ambientes virtuais quanto em ambientes fı́sicos. Observou-se, no Brasil, entre 2000 a 2010 um aumento significativo, 87% dos ı́ndices de pessoas com deficiências. Percebe-se que, mesmo com ı́ndice elevado de pessoas com deficiência, as desigualdades permanecem, por exemplo, as pessoas com algum tipo de déficit têm taxas de escolaridade menores do que o restante das pessoas [24]. Dessa maneira, um dos impactos da aplicação das diretrizes de Anais do VIII Workshop sobre Aspectos da Interação Humano-Computador na Web Social 78 10 acessibilidade é proporcionar maneiras de mudar esses ı́ndices, proporcionando igualdade a todos. 5 Conclusões Este artigo apresenta uma revisão sistemática da literatura sobre as Diretrizes de Acessibilidade no Conteúdo da Web e redes sociais. Foram identificados 718 arti- gos cientı́ficos publicados entre janeiro de 2010 a dezembro de 2016, nos últimos sete anos. Aplicando-se os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 15 artigos cientı́ficos que endereçavam as Diretrizes de Acessibilidade aplicadas nas construções de redes sociais. Percebeu-se, por meio das análises, a identificação das principais barreiras de acessibilidade na web enfrentadas por usuários em redes sociais. As barreiras classificam-se em barreiras de acessibilidade, conteúdo, identidade e navegabili- dade. Não obstante, foi possı́vel identificar, por meio das análises, barreiras que estão ligadas a não conformidade com as Diretrizes de Acessibilidade, baixo nı́vel de usabilidade em ferramentas assistivas ou incompatibilidade com os nave- gadores web. Assim, esta revisão apresentou os principais impactos da aplicação das Di- retrizes de Acessibilidade do Conteúdo na Web em redes sociais. Neste sentido, observou-se que ainda há uma parcela significativa da população mundial que é excluı́da deste processo informacional. Isto ocorre, por exemplo, devido à inex- istência de textos alternativos para imagens, ocasionando uma falha de acessi- bilidade em websites. Porém, ainda são escassos trabalhos que correlacionam a aplicabilidade das Diretrizes de Acessibilidade nas construções de Redes Sociais. Portanto, é de grande relevância a importância da aplicabilidade dessas dire- trizes para melhorar a acessibilidade em Redes Sociais contribuindo, assim, para a construção de um design universal, isto é, uma aplicação que possua um bom ı́ndice de usabilidade, acessada por todos, independentemente da impossibilidade fı́sica ou mental dos seus usuários. References 1. Wu, S., Adamic, L.A.: Visually impaired users on an online social network. In: Proceedings of the SIGCHI Conference on Human Factors in Computing Systems, ACM (2014) 3133–3142 2. Raufi, B., Ferati, M., Zenuni, X., Ajdari, J., Ismaili, F.: Methods and techniques of adaptive web accessibility for the blind and visually impaired. Procedia-Social and Behavioral Sciences 195 (2015) 1999–2007 3. Shpigelman, C.N., Gill, C.J.: How to make online social networks accessible for users with intellectual disability? In: International Conference on Computers for Handicapped Persons, Springer (2014) 471–477 4. 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