=Paper= {{Paper |id=Vol-2185/CtrlE_2018_paper_118 |storemode=property |title=Processo de Desenvolvimento de Uma Ferramenta Destinada à Elaboração de Planos de Aula de Forma Colaborativa(Development Process of a Tool for the Development of Collaborative Classroom Plans) |pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-2185/CtrlE_2018_paper_118.pdf |volume=Vol-2185 |authors=Amanda Maria Domingos de Oliveira,Samuel Dantas Batista,Ítalo Hortiz do Nascimento,Débora Karoline Silva de Azevedo,Rodrigo Rodrigues Melo de Lima,Nelson Ion de Oliveira,Dennys Leite Maia }} ==Processo de Desenvolvimento de Uma Ferramenta Destinada à Elaboração de Planos de Aula de Forma Colaborativa(Development Process of a Tool for the Development of Collaborative Classroom Plans)== https://ceur-ws.org/Vol-2185/CtrlE_2018_paper_118.pdf
 Processo de Desenvolvimento de Uma Ferramenta Destinada
   à Elaboração de Planos de Aula de Forma Colaborativa
  Amanda Maria Domingos de Oliveira¹, Samuel Dantas Batista², Ítalo Hortiz do
  Nascimento², Débora Karoline Silva de Azevedo², Rodrigo Rodrigues Melo de
              Lima², Nelson Ion de Oliveira², Dennys Leite Maia²

    ¹Centro de Educação - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
 Av. Sen. Salgado Filho, 3000 – Lagoa Nova, CEP: 59.078-970 – Natal – RN – Brasil

 ²Instituto Metrópole Digital – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
 Av. Sen. Salgado Filho, 3000 – Lagoa Nova, CEP: 59.078-970 – Natal – RN – Brasil
{dennys,nelson}@imd.ufrn.br, {amanda.marry, samueldantas7}@hotmail.com,
              {deboraazevedoo, italohortiz2015}@gmail.com

    Abstract. Developing a lesson plan is one of the primary actions for the
    teaching practice. Planning allows teachers to set student learning objectives,
    organize content and class activities, and define assessment methods.
    Collaboration among teachers in the development of lesson plans can
    generate better results in the construction and quality of this pedagogical
    document, avoiding the characteristic solitary work of many teachers. This
    paper aims to report the process of design and implementation of a
    collaborative tool for the elaboration of lesson plans, inserted in a repository
    of learning objects, with regarding to contribute to collaborative practice of
    lesson plans elaboration.
    Resumo. Desenvolver um plano de aula é uma das ações primárias na prática
    docente. O planejamento oportuniza aos professores traçar objetivos de
    aprendizagem discente, organizar conteúdos e atividades das aulas e definir
    os métodos de avaliação. A colaboração entre professores no desenvolvimento
    de plano de aula pode gerar resultados melhores na construção e qualidade
    desse documento pedagógico, evitando o trabalho solitário característico de
    muitos professores. Este trabalho objetiva relatar o processo de concepção e
    implementação de uma ferramenta colaborativa para a elaboração de planos
    de aula, inserido em um repositório de objetos de aprendizagem, com vista à
    contribuir para prática colaborativa de elaboração de planos de aulas.

1. Introdução
Estudos sobre as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) para fins
pedagógicos, mostram que é preciso ampliar os horizontes dos professores para uso das
TDIC em sala de aula. Além do surgimento contínuo de softwares educativos para fins
de ensino e aprendizagem de conteúdos diversos, é cada vez maior a quantidade
ambientes virtuais e plataformas que auxiliam o professor em sua prática. Entretanto, é
preciso oportunizar que os professores estejam aptos a tirar melhor proveito dessas
TDIC em favor de uma melhor educação.
       A Internet possui uma quantidade significativa de conteúdo disponível. Por esse
motivo a utilização dos populares sistemas de busca para localizar recursos com
aplicabilidade pedagógica pode tornar-se longa e ineficiente. Nesse sentido, surgem os


                                                                                       392
Repositórios de Objetos de Aprendizagem (ROA), sistemas disponíveis na web que
albergam Objetos de Aprendizagem (OA), uma das principais finalidades de um ROA é
auxiliar o professor na atividade de localizar recursos digitais específicos para utilizar
em suas aulas - um OA trata-se de um recurso digital reutilizável como textos, vídeos,
imagens, animações [Wiley, 2000].
       Visando auxiliar o professor que ensina Matemática na Educação Básica, em
2017, realizou-se a reconstrução de um repositório denominado OBAMA e que
atualmente dispõe de mais de 500 OA do tipo animação e simulação, entre recursos para
acesso via desktop e dispositivos móveis. O processo de reconstrução focou na criação
de um repositório com design responsivo e que incluiu novos critérios de busca a fim de
aprimorar os resultados encontrados pelos usuários [Batista et al, 2017].
        No processo de reconstrução do ROA OBAMA foi incluído o recurso de
elaboração de Planos de Aula e que foi apresentado e utilizado no processo de formação
de mais de 200 docentes (formados ou em processo de formação), entre maio e
dezembro de 2017. Nesses encontros de formação percebeu-se que a construção dos
planos de aula ocorria pelo trabalho desenvolvido em pares, majoritariamente, o que,
apesar de uma opção metodológica da formação, promoveria boas práticas nas escolas.
Afinal, pesquisas como as de Kenski (2013) e Maia e Castro-Filho (2017) apontam que
a prática docente, incluindo o planejamento de aula, tende a ser um trabalho solitário.
        Além do contexto da Cibercultura, em que cada vez mais as pessoas interagem e
produzem a partir das TDICs, especialmente, em práticas com Informática Educativa
esse isolamento não faz sentido pois, nesses casos, as aulas deveriam ser planejadas em
parceria entre professor de sala de aula e professor de laboratório, por exemplo. Com
isso, enxergou-se que a inserção de um ambiente para elaboração de planos de aula
colaborativa num repositório de OA para Matemática poderia promover "(...) nova
cultura de professores que ensinam Matemática, que tenha como características a
coautoria e a colaboração" [Maia & Castro-Filho 2017, p. 2] e, portanto, favoreçam um
ambiente mais solidário nas escolas, a partir do desenvolvimento de planos de aula em
conjunto, seja com um ou mais professores, inclusive de forma síncrona.
       Dessa forma foi reformulado o caso de uso (CDU) de Plano de Aula, para o qual
foi considerado o processo de coprodução entre autores, a fim de permitir que
professores compartilhem, unam-se e trabalhem colaborativamente na produção de
Planos de Aula utilizando o OBAMA.
        De forma geral, o trabalho colaborativo por meio das TDIC tem sido mediado,
principalmente, por ferramentas que compõem a web 2.0. Essas ferramentas
caracterizam-se por permitir que os internautas deixem de ser apenas consumidores e
passem a ser produtores, publicando novos conteúdos; críticos, comentando em
conteúdos já existentes; e disseminadores de conteúdo, através do compartilhamento em
formato digital.
       Com o passar do tempo as ferramentas de comunicação da web 2.0 evoluíram e
passaram a fazer uso de mídias diversas como vídeo, texto, imagens, e áudio, além do
uso de dispositivos cada vez mais ubíquos e pessoais que fomentam a criação de novos
ambientes colaborativos, como as redes sociais. Para ser considerado um ambiente
colaborativo é preciso que a ferramenta possibilite aos usuários coordenação,
comunicação e cooperação dentro da mesma ferramenta [Fuks & Pimentel 2011].
     Para a realização de trabalhos colaborativos de produção de conteúdo são
comumente utilizadas ferramentas de produção colaborativa como o Google Drive,


                                                                                      393
OneDrive e Dropbox. Essas ferramentas permitem que os usuários possam, por
exemplo, co-produzir simultaneamente documentos de texto, planilhas e slides. Porém,
dado o perfil do público-alvo do OBAMA, professores da Educação Básica, em relação
ao uso das TDICs, a produção de um Plano de Aula colaborativo exigiria o domínio de
uma ferramenta de coprodução além do OBAMA. Por isso, o módulo de Plano de Aula
do OBAMA, com vistas em ser um ambiente colaborativo destinado ao professor que
ensina Matemática na Educação Básica, foi reformulado para proporcionar que, em
grupos, coordenem-se, comuniquem-se e cooperem entre si no planejamento de suas
aulas.
        Assim, este trabalho objetiva relatar os processos de concepção e implementação
de uma ferramenta educativa colaborativa para a elaboração de planos de aula, inserido
em um repositório de objetos de aprendizagem, com vista à contribuir para prática
docente. Explanadas a contextualização e a justificativa deste trabalho, apresenta-se a
sua estrutura. Este artigo está organizado da seguinte maneira: Na seção 2 apresentamos
as fundamentações teóricas sobre colaboração na prática docente e ambientes
colaborativos; na seção 3 apresentamos a metodologia utilizada para a concepção do
novo módulo de Plano de Aula; na seção 4 apresentamos as discussões e análises dos
resultados; e na seção 5 são apresentadas as conclusões do trabalho.

2. Fundamentação Teórica
Como referência teórica foram consultados elementos acerca de colaboração na prática
docente e ambientes colaborativos. A seguir, são detalhadas como esses elementos
fundamentam nosso trabalho.

2.1 Colaboração na prática docente
É fato que as TDIC mudaram a forma como nos comunicamos, estudamos trabalhamos
e nos comportamos socialmente. Com a adoção do computador como ferramenta de
mediação para ensino e aprendizagem, surgem os estudos que se debruçam sobre a
aprendizagem em grupo com apoio de TDICs, denominando por Stahl, Koschmann &
Suthers (2006) de Aprendizagem Colaborativa com Suporte Computacional (CSCL), o
processo de ensino e aprendizagem colaborativa que faz uso do computador e
oportuniza práticas de interação, inclusive, independente de conexão à internet ou
intranet, entre pessoas que contribuem para a aprendizagem do outro a partir das trocas
de ideias e produções coletivas [Silva & Castro-Filho 2017]. A influência de um sujeito
na promoção de ganhos cognitivos a si próprio e a outros é substancial na aprendizagem
colaborativa [Torres & Irala 2007].
       Desde a sua formação inicial, com base na perspectiva sociointeracionista de
Vygotsky (2003), o professor se descobre como responsável por proporcionar às
crianças interações sociais que as permitam, em suas particularidades, desenvolver-se a
partir das relações com outros indivíduos. Nesse processo, cabe ao professor o
importante papel de ofertar suporte e propor atividades que se situem entre o
conhecimento e os alunos, além de acompanhar o percurso de cada estudante na busca
de respostas para a construção do conhecimento e de soluções de forma coletiva [Silva
& Castro-Filho 2016].
       O trabalho colaborativo é tido como uma prática pedagógica na qual os
membros de um determinado grupo se juntam, engajados, a fim de atingir um objetivo
comum a todos. Como destacam Torres e Irala (2007), na aprendizagem colaborativa,
não é suficiente a junção de ações individuais para a realização de atividades, é preciso


                                                                                     394
a conjugação de mentes para atingir o objetivo coletivo. No caso dos professores, com a
colaboração, pode-se perceber um desenvolvimento profissional diferenciado.
Subjacente a esse conceito está um processo de crescimento contínuo, no qual o
professor é fundamental, pois envolve uma gama de modalidades formativas [De
Macedo, Barbosa 2016; Menezes et al 2001].
        Para Panitz (1996), a aprendizagem colaborativa1 trata-se de uma filosofia de
ensino e não apenas uma metodologia aplicada em sala de aula. O autor nos traz que no
processo de aprendizagem colaborativa há o consenso e o interesse no emprego de
habilidades para contribuir individualmente com os objetivos do grupo [Panitz 1996].
Portanto, de nada adianta que as ferramentas colaborativas disponham de recursos
diversos para comunicação, coordenação e cooperação, se o grupo envolvido não estiver
motivado em contribuir e respeitar a necessidade de coordenação para esse modelo de
aprendizagem e construção do conhecimento. Nesse sentido, Maia (2016) salienta sobre
a necessidade de a Escola manter uma cultura de desenvolvimento de trabalhos
colaborativos junto aos professores sem e com o uso das tecnologias digitais e que ela
proporcione o sentimento de pertença e motivação do grupo. O autor destaca ainda que
"pesquisas no sentido de conhecer como efetivar tais práticas podem contribuir para
constituição dessas redes de aprendizagem colaborativa de professores, com suporte de
tecnologias digitais [Maia, 2016, p.76]. Nesse sentido, concebemos a ferramenta para
elaboração de plano de aula colaborativo.
        Portanto, é de se esperar que o professor, mesmo com sua formação inicial
concluída, construa-se, de fato, profissional docente a partir das relações de experiência
e produção colaborativa que venha a desenvolver com seus pares. Para isso, as
plataformas colaborativas oportunizam não só aos alunos, mas aos professores a
possibilidade de constituirem-se coautores do conhecimento sobre a prática docente,
levando-os a não serem apenas um consumidor de informações de outros, como
também, sujeitos ativos do seu próprio aprendizado como profissional docente.

2.2 Ambientes colaborativos
O acesso à Internet e aos diversos dispositivos que se conectam em rede ressignificou a
forma como o ser humano se organiza socialmente, dando forma a novos espaços de
vida e estilos de agir, de ser e de se comunicar.
        Lévy (1999) denomina de Ciberespaço esse novo espaço que o ser humano
habita, transita e interage com outras pessoas, produzindo e trocando informação e
conteúdo em formato digital. Para o autor, o Ciberespaço é um grande aglomerado de
bits, ou seja, é virtual, e sua infraestrutura é composta de dispositivos eletrônicos
conectados entre si por meio da Internet. Em anuência com Lévy (1999), Nicolaci-Da-
Costa e Pimentel (2011) nos trazem que o meio digital está amplamente alastrado ao
nosso redor e “tornou-se tão cotidiano e integrado que muitas vezes nem mais notamos
a diferença entre o local e o ciberespaço[...]. Vivemos num mundo híbrido.” [Nicolaci-
Da-Costa e Pimentel, 2011, p. 8].



1
         Para o autor, os termos colaboração e cooperação se diferem. Neste trabalho, porém, a
cooperação será tratada como parte da colaboração, visto que o Modelo 3C de Colaboração, apresentado
mais adiante, trata de três aspectos que um sistema computacional deve contemplar para ser um sistema
colaborativo. Ou seja, consideramos que a prática colaborativa mediada por computador engloba a
cooperação dentre outros aspectos.


                                                                                                  395
        A diversidade de ambientes virtuais e dispositivos eletrônicos são o suporte ao
ser humano na coexistência entre o espaço físico e ciberespaço. Para isso, existem
ferramentas para diversos fins que garantem a nossa permanência no ciberespaço, seja
para fins de trabalho ou entretenimento. A exemplo disso temos as redes sociais (para o
compartilhamento e observação de fatos do cotidiano no espaço físico por meio de
fotos, vídeos, textos com 144 caracteres, etc), os aplicativos de mensagem instantânea
(para comunicação direta e imediata, hoje utilizados com a mesma frequência das
ligações telefônicas há 10 anos), os jogos eletrônicos/digitais, os ambientes de
armazenamento e compartilhamento de arquivos, os sistemas de gerenciamento
institucional, os fóruns de discussão sobre assuntos diversos e outros. São tantas
nomenclaturas e possibilidades aglomeradas que, dado algumas características
específicas, denominaremos esses ambientes de uma forma geral como sistemas
colaborativos.
        Dado que a colaboração envolve um grupo de pessoas, comunicação,
coordenação e cooperação, é comum na literatura que se defina um sistema colaborativo
como um sistema computacional que dê a um grupo de pessoas mecanismos de
comunicação, a coordenação e o desenvolvimento do trabalho cooperativo, a partir do
Modelo 3C de Colaboração [PIMENTEL et al, 2006]. O Modelo 3C de Colaboração
trata-se de um modelo base para sistemas computacionais colaborativos proposto
inicialmente por Ellis et al [1991], neste modelo cada C é minuciosamente analisado e
deve estar representado por um componente do sistema computacional em questão.
Com o Modelo 3C em mãos é possível classificar as ferramentas da web 2.0 como
sistemas colaborativos a partir dos seus mecanismos de comunicação, coordenação e
cooperação. Porém, faremos aqui uma explanação sobre ferramentas da web 2.0 de
utilização comum para fins diversos, como exemplos de sistemas colaborativos que nos
serviram de base para o desenvolvimento deste trabalho. Para isso, daremos início a
discussão sobre exemplos de sistemas colaborativos com as redes sociais, seguindo com
a apresentação de ferramentas digitais para gerenciamento, sincronização e
compartilhamento de arquivos e finalizamos com as ferramentas para desenvolvimento
de software de forma colaborativa.
2.2.1 Sistemas de compartilhamento, sincronização e armazenamento de arquivos
Dado que atualmente é comum que cada pessoa tenha acesso a mais de um dispositivo
dentre smartphones, tablets, e computadores (desktop ou notebook), e nem sempre é
possível estar com todos eles em mãos e conectados à Internet, grandes empresas de
softwares notaram a necessidade de que o acesso aos arquivos não dependesse do
dispositivo e criaram os sistemas de sincronização e armazenamento de arquivos. Com
isso, não seria mais preciso portar um (ou vários) discos de armazenamento externo,
como pendrives e HDs (Hard Disk - Disco Rígido) para ter acesso aos seus arquivos
estando longe do computador, pois estaria tudo disperso em servidores web, em
"nuvem".
        A conservação em um servidor, por meio de um sistema de sincronização e
armazenamento de arquivos, que o usuário acessa via Internet e não no próprio
computador, smartphone ou tablet é considerado um sistema de armazenamento em
nuvem. Esse tipo de armazenamento permite que os usuários acessem seus arquivos por
meio da web, o que torna o armazenamento independente do dispositivo. Logo, é
possível criar um arquivo no notebook e, no mesmo instante, acessá-lo no smartphone
através da Internet.



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       O Dropbox, por exemplo, permite que usuários editem simultâneamente
arquivos. Já o Google Drive permite que os usuários trabalhem simultaneamente em
arquivos, além disso possibilita que o usuário, dono do arquivo, gerencie as permissões
dos seus colaboradores, podendo definir como permissão somente a visualização de um
conteúdo, sem alterá-lo e além disso, possibilita o gerenciamento de versões, com o qual
é possível saber: quem, o que modificou, e quando realizou. Enquanto no Onedrive, é
possível, além de trabalhar simultaneamente em arquivos, fazer videoconferência com
os colaboradores através do Skype.
       É indiscutível que as três ferramentas aqui apresentadas como exemplos de
sistemas de compartilhamento, sincronização e armazenamento de arquivos tratam-se de
sistemas colaborativos. Ambas ferramentas possuem explicitamente e intencionalmente
recursos para comunicação, coordenação e cooperação, como rege o Modelo 3C de
Colaboração.
2.2.2 Construção do plano de aula colaborativo do OBAMA
Espelhando-se nas ideias destacadas acima, é imprescindível que durante a criação da
ferramenta do plano de aula colaborativo do OBAMA levemos em consideração, na
criação do plano de aula, o modelo 3C (coordenação, colaboração e comunicação)
utilizado por grandes ambientes virtuais de massa, como Facebook e Instagram.
       Libâneo (1994) destaca que o planejamento é um processo de racionalização,
organização e coordenação da ação docente. Isso demonstra a importância do plano de
aula no processo de ensino e aprendizagem, onde o professor precisa elaborar seus
planos com cuidado e objetivos bem definidos e, para isso, o auxílio desta ferramenta de
plano de aula e os recursos que são disponibilizados por ela, vem com a intenção de dar
mais suporte para que o professor desenvolva e elabore seus planos com melhor
qualidade.
        Visto a importância da presença dos 3 elementos desse modelo na criação da
ferramenta do plano de aula, a organização e o planejamento para desenvolvê-lo se faz
necessário, pois o processo é complexo e dispendioso, exigindo assim, a necessidade de
se utilizar uma ferramenta de versionamento de arquivos no processo de construção
deste recurso.
        Portanto, todas essas ideias e discussões foram compreendidas na hora de se
desenvolver uma ferramenta para criação do plano de aula colaborativo e assim, poder
garantir que os benefícios desse modelo sejam alcançados na hora da produção desses
artefatos pelos professores que irão utilizar este recurso.

3. Metodologia
Após o lançamento do OBAMA, foi iniciado um ciclo de oficinas formativas sobre o
uso das TDIC na Educação Matemática. Tais formações foram realizadas em escolas da
rede pública de ensino, com turmas de estudantes de licenciaturas da UFRN e IFRN,
bem como em eventos/congressos. Ao final das oficinas solicitava-se aos participantes
que preenchessem, anonimamente, um formulário sobre a experiência de uso do
OBAMA, de forma a oportunizar que expusessem suas frustrações e satisfações durante
o uso do OBAMA e sugerissem melhorias. Este formulário era composto de perguntas
abertas e fechadas, destinadas a avaliação de cada atividade que os usuários tinham que
realizar dentro do repositório, considerando que uma atividade é composta por um
conjunto de passos que o usuário deveria realizar para alcançar um objetivo utilizando o
sistema computacional em questão.


                                                                                    397
        Em janeiro de 2018, realizou-se a análise dos feedbacks dados pelos
participantes das oficinas realizadas no ano de 2017. Após a análise desses dados,
enxergou-se a necessidade de melhorias no recurso de Planos de Aula, reformulando-o e
acrescentando a possibilidade de colaboração entre participantes com o intuito de
atender a demanda detectada nos questionários aplicados. Desta forma, foi iniciada a
prototipagem das novas telas que permitirão aos usuários uma experiência mais
satisfatória ao gerenciar seus planos de aula utilizando o OBAMA. A seguir
apresentamos os resultados acerca do processo de desenvolvimento do CDU de Plano
de Aula.

4. Resultados e Discussões
A principal motivação em atualizar a funcionalidade de Plano de Aula no OBAMA foi
melhor atender ao nosso público-alvo - professores que ensinam Matemática na
Educação Básica, ou seja, profissionais que se formaram em cursos de Licenciatura em
Matemática ou Pedagogia.
        Ao mesmo tempo que a maioria dos participantes afirma ter concluído um curso
de licenciatura ou equivalente, ainda é maioria os que não têm conhecimento sobre ter
as ferramentas apresentadas durante a formação. Mais de 60% dos participantes (que já
concluíram, pelo menos, o curso de Licenciatura ou seu equivalente) afirmam que os
recursos apresentados durante a formação eram novidade para eles. Isso nos leva a
concluir que a formação inicial de professores ainda é insuficiente em termos de uso da
TDIC na prática docente.
        A reformulação da funcionalidade de Plano de Aula levou em conta sugestões de
melhorias apresentadas pelos participantes das oficinas ministradas pelo grupo de
estudantes e professores que desenvolvem o projeto OBAMA, nas quais, além de
apresentar o repositório, era proposto que os participantes elaborassem um plano de aula
utilizando, no mínimo, um OA. Com isso, eram constantes comentários questionando
sobre ser possível criar um plano de aula sem usar necessariamente um OA, mas outros
recursos digitais, ou mesmo de uma disciplina que não seja Matemática. Logo, foi
percebido ser necessário a não obrigatoriedade de preencher informações sobre OA no
momento do cadastro de Planos de Aula, deixando-o genérico em relação à disciplina e
uso das TDIC.
        Como a atividade de criar um plano de aula durante as oficinas foi realizada em
grupos, uma indagação recorrente dos participantes era sobre a possibilidade de
compartilhar o plano de aula com outras pessoas para que elas ajudassem na criação do
plano de aula. Portanto, foi notória a necessidade de a ferramenta se adequar ao modelo
de atividade que era realizado nas formações, além de corresponder à proposta de uma
ferramenta de colaboração e co-criação destinada a professores que ensinam
Matemática.
       Uma ponderação feita pelos participantes das formações estava no fluxo para
adicionar um OA no Plano de Aula, visto que o usuário era direcionado à tela de busca
de OA sempre que tentava adicionar um novo OA ao Plano de Aula. Com isso, muitos
se perdiam no processo ou não entendiam o que estava acontecendo. Além de gerar
dúvidas, a mudança de tela para adicionar um OA ao Plano de Aula, causava erros no
sistema, pois era comum, por parte do usuário, a tentativa de voltar à tela de cadastro do
Plano de Aula (utilizando a função de voltar do próprio navegador) e, com isso,
ocorriam perdas de dados da aula que já tinham sido preenchidos. Esses erros estavam
sendo causados, em nossa análise, pelo fato do fluxo realizado no cadastro de Plano de


                                                                                      398
Aula não ser claramente compreensível para nosso usuário. Logo, percebeu-se a
necessidade de que a vinculação do OA ao Plano de Aula deveria ser realizada na tela
em que são informados os dados do Plano de Aula.
       Com a análise das demandas de melhorias sugeridas pelos participantes das
formações, realizou-se a prototipagem da nova interface para o cadastro de Plano de
Aula. Na reformulação do recurso de construção de Planos de Aula, passou a ser
necessário que o usuário informe: Nome da instituição de ensino a que se destina o
plano de aula; Título do Plano de Aula; Ano de ensino a que se destina o Plano de Aula;
Duração da aula; e Metodologia e/ou descrição do Plano de Aula. Ainda é possível
adicionar os OA utilizados, mas esta informação não é mais obrigatória pois constatou-
se que essa obrigação limita a produção de práticas inovadoras uma vez que diferentes
tecnologias, não só as digitais, podem ser utilizadas.
        Visto que o objetivo da reformulação do CDU de Plano de Aula era melhorar a
interação usuário-sistema, os rótulos dos campos passaram a ser breves explicações
sobre o que se trata aquela informação, de forma que o preenchimento do formulário de
cadastro do Plano de Aula tornou-se algo mais próximo de um diálogo entre o usuário e
sistema. Com isso, espera-se que o usuário compreenda o que são as informações
necessárias para cadastrar um Plano de Aula e sinta-se estimulado em concluir a
atividade. Como mostra o Quadro 1, os rótulos foram modificados e adequados,
também, de acordo com o tipo de dispositivo que o usuário esteja utilizando já que, por
exemplo, rótulos com textos longos são inadequados para navegação em dispositivos
móveis.
                        Quadro 1. Rótulo dos campos por dispositivo
Rótulo mobile                    Rótulo para web
Título                       Escreva uma frase curta que define este plano de aula.

Instituição de ensino        Qual o nome da instituição a que se destina este plano de aula?

Nível de ensino              A qual nível de ensino esta proposta de aula melhor se aplica?

Ano de ensino                A qual ano de ensino esta proposta de aula melhor se aplica?

Duração da aula              Quantos minutos você acha necessário para a aplicação deste plano de
                             aula?

Descrição do plano de aula       ●    Objetivo geral
                                          • Ao final desta aula espera-se que o(s) aluno(s)
                                               esteja(m) apto(s) a…?
                                 ●    Para alcançar o objetivo geral, o(s) aluno(s) deve(m) aprender a
                                      ou sobre:
                                          • 1-?
                                          • 2-? …
                                 ●    Metodologia
                                          • Descreva detalhadamente como executar os objetivos
                                               específicos (como se fosse um manual de instruções).
                                               Explicite quais recursos utilizar e como utilizá-los.
                                 ●    Avaliação
                                          • Como você pretende avaliar/verificar se o(s) aluno(s)
                                               alcançou(aram) o objetivo específico?
                                 ●    Referências
                                          • Para que outro professor possa se preparar para
                                               executar sua proposta de aula, nos diga: De onde você



                                                                                                   399
                                        tirou toda sua inspiração? (livros, revistas, sites, outros
                                        planos de aula)

        Redefinidos o fluxo para realização do cadastro de um Plano de Aula e os
rótulos dos campos, foi iniciado o trabalho de prototipagem das telas. A prototipagem
de um software está dentro dos processos de desenvolvimento e trata-se de uma técnica
cujo objetivo é auxiliar na verificação do que está sendo feito em relação a
especificação e identificar problemas de implementação e interpretação [Paula-Filho
2001; Soares & Rezende 2007].
        Na primeira versão do cadastro de Plano de Aula o formulário tinha os campos
distribuídos de forma vertical, e que tornava-o extenso. Nesta nova versão, o formulário
foi dividido em abas que representam passos, desta forma o formulário é apresentado
aos poucos e, no fim do processo, o usuário terá criado seu Plano de Aula por completo.
Em cada passo o usuário deve preencher campos com as informações sobre o Plano de
Aula.
       No passo 1, como mostra a Figura 1, são apresentados os campos Instituição de
Ensino, Título, Ano de Ensino e Duração da proposta de aula.




                                        Botão
        Figura 1. Protótipo da tela do passo 1 para o cadastro de Plano de Aula
        No rodapé do formulário de cadastro de Plano de Aula estão disponíveis os dois
botões imprescindíveis para a execução do trabalho colaborativo, o botão de salvar e
botão de compartilhar, indicados na Figura 1. Dado que para publicação do Plano de
Aula é preciso que este seja validado por um de nossos revisores de conteúdo, o botão
de salvar está sempre visível durante o cadastro do Plano de Aula, dando ao usuário a
possibilidade de salvar o plano de aula antes do envio, podendo parar seu trabalho a
qualquer momento e retomá-lo posteriormente. Já o botão de compartilhar, como o
nome sugere, permite que usuário adicione colaboradores ao seu Plano de Aula.
        Ao clicar no botão de compartilhar é apresentado ao usuário uma janela para que
ele adicione ou remova o e-mail dos seus colaboradores. Neste caso, é preciso que os
colaboradores já tenham criado uma conta no OBAMA com e-mail a ser indicado no
momento do compartilhamento. Como mostra a Figura 2, é possível compartilhar o
Plano de Aula com mais de um usuário ao mesmo tempo, basta adicionar os e-mails
separados por ponto e vírgula (;).




                                                                                               400
           Figura 2. Protótipo da tela de compartilhamento de Plano de Aula
        No passo 2 (Figura 3), apresenta-se o campo no qual o usuário deve inserir os
objetivos, metodologia, recursos avaliativos e referências do Plano de Aula em
construção. Essas informações, antes distribuídas em diversos campos do formulário de
cadastro do Plano de Aula, passaram a integrar um único campo de edição de texto que
traz, também, uma breve explicação sobre o que se deve explanar em cada tópico. Tal
mudança foi realizada visto que os participantes das formações apresentavam dúvidas
em relação ao que deveriam explanar nos objetivos e na metodologia do Plano de Aula.




        Figura 3. Protótipo da tela do passo 2 para o cadastro de Plano de Aula
       Para que os usuários possam trabalhar simultaneamente na escrita do Plano de
Aula, o campo de descrição do Plano de Aula, presente no passo 2 do formulário, foi
desenvolvido com o plugin em JavaScript de edição de texto colaborativo Firepad. O
plugin permite que sejam utilizados campos para a edição de texto, em páginas da web,
de forma colaborativa e simultânea com a identificação dos cursores e salvamento
automático das alterações feitas.
       Com os acréscimos que aqui foram apresentados, espera-se levar esta nova
proposta para que sejam feitos testes com os usuários. Isso dará aos desenvolvedores a
oportunidade de avaliar a funcionalidade implementada e levantar novas demandas para
melhorias do repositório.


5. Conclusão
O artigo objetivou relatar os processos de concepção e implementação de uma
ferramenta colaborativa que é capaz de auxiliar na construção de planos de aula do


                                                                                  401
professor de matemática. Foi visto a importância de ferramentas com sistema de
compartilhamento, sincronização e armazenamento de arquivos que tem bom potencial
para auxiliar tanto a prática pedagógica como o trabalho de desenvolvedores. A
funcionalidade da ferramenta foi realizada com base nas demandas de melhorias
sugeridas pelos participantes das formações promovidas pelo OBAMA. Destacamos que
ter tido um canal aberto para que usuários pudessem dialogar com desenvolvedores e
relatar suas experiências de uso, permitiu que tanto usuários como colaboradores
contribuíssem para a evolução e construção da ferramenta. Além disso, foi de suma
importância a utilização de versionamento de arquivos pelos desenvolvedores, este
sistema pôde fornecer benefícios como organização, coordenação e comunicação da
equipe de desenvolvimento. Essas facilidades promoveram à esse grupo maior ganho de
produtividade, pois foram melhor guiados em relação às decisões e direcionamentos do
que deveria ser implementado, isso se refletiu na maior satisfação por parte dos
desenvolvedores no momento de elaboração do sistema. Portanto, apesar dos avanços
alcançados na elaboração do recurso Plano de aula colaborativo, não se esgota a
necessidade de revisões que possam trazer futuras melhorias para a qualidade da
ferramenta e até mesmo novos recursos.

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