=Paper= {{Paper |id=Vol-2185/CtrlE_2018_paper_27 |storemode=property |title=Metadados de Apps para Matemática: Níveis de Ensino e Descritores de Habilidades(Mathematics Apps Metadata: Education Levels and Skills Descriptors) |pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-2185/CtrlE_2018_paper_27.pdf |volume=Vol-2185 |authors=Elvis Medeiros de Melo,Clésia Jordânia Nunes da Costa,Dennys Leite Maia }} ==Metadados de Apps para Matemática: Níveis de Ensino e Descritores de Habilidades(Mathematics Apps Metadata: Education Levels and Skills Descriptors)== https://ceur-ws.org/Vol-2185/CtrlE_2018_paper_27.pdf
     Metadados de Apps para Matemática: Níveis de Ensino e
                 Descritores de Habilidades
  Elvis Medeiros de Melo¹, Clésia Jordânia Nunes da Costa2, Dennys Leite Maia¹
      1
      Instituto Metrópole Digital – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
 Av. Sen. Salgado Filho, 3000 – Lagoa Nova, CEP: 59.078-970 – Natal – RN – Brasil
             2
                 Departamento de Matemática – UFRN – Natal – RN – Brasil
 elvismedeiros.mm@gmail.com, clesia_j@hotmail.com, dennys@imd.ufrn.br
    Abstract. Faced with the difficulties for learning mathematical concepts many
    resources are developed, including those for smartphones. This work aims to
    present the process of cataloging and classifying digital educational resources
    for mobile devices at teaching levels and skills descriptors included in a
    repository, according to Prova Brasil, besides the process of curation and
    insertion of new apps. We found 61 new apps and removed 17 apps, due to
    discontinuity. As results, we had 202 apps cataloged in the repository, with
    approximately ⅓ not being applied in any descriptors in Ensino Médio and
    with 151 apps belonging to the final years of Ensino Fundamental.
    Resumo. Defronte às dificuldades enfrentadas para a aprendizagem de
    conceitos Matemáticos muitos recursos são desenvolvidos, inclusive para
    smartphones. Este trabalho objetiva apresentar o processo de catalogação e
    classificação de recursos educativos digitais para dispositivos móveis em
    níveis de ensino e descritores de habilidades incluídos em um repositório,
    segundo a Prova Brasil, além do processo de curadoria e inserção de novos
    apps. Foram encontrados 61 novos apps e removidos 17 apps, devido
    descontinuidade. Como resultados, tivemos 202 apps catalogados no
    repositório, com aproximadamente ⅓ não se aplicando em nenhum descritor
    no Ensino Médio e com 151 apps pertencendo aos Anos Finais do Ensino
    Fundamental.

1. Introdução
Este artigo é um recorte de um projeto de pesquisa que intenciona catalogar e classificar
Objetos de Aprendizagem (OA) para Matemática a fim de desenvolver um repositório
com essas ferramentas. O objetivo do repositório é disponibilizar um ambiente que
permita ao docente buscar alternativas para o ensino de conceitos matemáticos, visando
a melhor integração desses recursos nos processos de ensino e de aprendizagem.
        Nos últimos anos os dispositivos móveis trouxeram uma gama de
transformações na nossa maneira de interagir e aprender. Com os smartphones, por
exemplo, é possível acessar os dados de uma conta bancária, fazer compartilhamento de
vídeos, imagens e enviar mensagens de uma forma nunca vista antes. No que tange à
aprendizagem, o uso dos dispositivos móveis trouxe um novo conceito de
aprendizagem, a chamada mobile learning (aprendizagem móvel) que ocorre mediante o
uso de dispositivos móveis, tendo como característica fundamental a portabilidade dos
dispositivos e mobilidade dos usuários que podem estar fisicamente distantes uns dos
outros ou localizados em espaços formais de ensino [Moura 2011].
                                                                                      99
         Castro-Filho et al (2016, p. 14) destacam que “[…] um conceito matemático
pode influenciar o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas, mas posteriormente
pode ser influenciado por essa mesma tecnologia”. Com base nisso, é possível propor
uma articulação entre as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) e
o processo de aprendizagem de conceitos matemáticos construído pelo sujeito. Uma
forma de articulação das TDICs com a aprendizagem é o uso de Recursos Educativos
Digitais (RED), como os OAs. Tanto em âmbito nacional quanto internacional,
experiências pedagógicas com OA são desenvolvidas em vários contextos, com
destaque para o surgimento de práticas com OA para dispositivos móveis, nesses casos,
a partir de aplicativos (apps).
         A inserção de dispositivos móveis em intervenções de ensino com apps se
configura como ferramenta pedagógica potencial. Isso demanda novos olhares no que se
refere à sua implementação, à forma de interagir mediante o uso, ao tipo de tarefa
proposta, entre outros. Seguimos a linha de concepção de Melo, Costa e Maia (2017)
compreendemos que apps educativos podem ser incluídos na categoria de OA para
dispositivos móveis. Segundo Wiley (2000), um OA deve possuir características como
flexibilidade, modularidade, portabilidade e interoperabilidade, as quais são
identificadas em muitos apps educativos.
         Com a proposta de enriquecer os processos de ensino e de aprendizagem, no
contexto dos aplicativos e o saber ao alcance de todos viabilizado pela web, trazemos
nosso trabalho que tem o objetivo de apresentar o processo de catalogação e
classificação de apps educativos para dispositivos móveis incluídos no repositório,
classificados em níveis de ensino da Educação Básica e em descritores de habilidades
da Prova Brasil (2011). O descritor indica uma determinada habilidade que deve ser
desenvolvida nessa fase de ensino. Esses descritores são agrupados por temas que
relacionam um conjunto de objetivos educacionais, quais sejam: Espaço e Forma;
Grandezas e Medidas; Números e Operações/Álgebra e funções e Tratamento da
Informação.
         Foram catalogados apps que satisfizessem os critérios estabelecidos pelos
autores que respeitam as características que os descritores da Prova Brasil trazem como
referência, assim como as propriedades para serem OAs. Ademais, a proposta de
catalogação e disponibilização de apps analisados pedagogicamente em um repositório
é relevante e inovadora, visto que os repositórios que armazenam esses recursos para
dispositivos móveis não dispõem de dados estatisticamente gerados da Educação
Básica dessa natureza, aqui chamados de metadados, vinculados à aprendizagem do
usuário. Usamos a definição de metadados como sendo informações anexadas à
recursos digitais que facilitam o entendimento dos relacionamentos e a utilidade das
informações dos dados.
         Este artigo se estrutura em cinco seções. Além desta Introdução; a
Fundamentação teórica, onde trazemos discussões a respeito do uso das TDICs na
Educação Matemática em dispositivos móveis; Metodologia, em que mostramos os
passos do trabalho realizado; Resultados e discussões, onde analisamos os dados
obtidos a partir da classificação dos apps; e finalizamos com as Conclusões que o
estudo oportunizou.

2. Fundamentação teórica
Vivemos em Ciberespaço em que parte da consciência humana do século XXI é
digitalizada [Lemos 2010]. Isto se deve, principalmente, à popularidade adquirida por
dispositivos móveis como laptops, tablets e, especialmente, os smartphones. A partir de
                                                                                   100
uma análise de políticas públicas de inserção de TDIC nas escolas brasileiras, Borba e
Lacerda (2015) promovem um debate sobre a utilização de smartphones nas salas de
aula e argumentam em favor do que denominaram “Projeto Um Celular por Aluno”. De
acordo com os autores, tais dispositivos móveis já estão na escola pelas mãos dos alunos
o que deve ser considerado, dentre outras vantagens, pela redução dos custos de
implementação de uma política pública.
        A proibição do uso do celular em espaços educacionais, proposta por alguns
educadores, não se sustenta. Quando bem planejados e integrados em práticas
educativas, tais dispositivos e seus recursos deixam de ser instrumentos que desviam a
atenção discente, para tornarem-se aliados a práticas de ensino dos professores que
coloquem os estudantes mais ativos, colaborativos e autônomos na construção do
conhecimento.
        Quando direcionamos o olhar para o ensino da Matemática identificamos
problemas alarmantes. Segundo relatório publicado pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil está entre os dez países
com pior rendimento escolar em Matemática, Ciências e Leitura [OCDE 2016]. Ainda
segundo o estudo, 67,1% dos alunos brasileiros apresentam um baixo rendimento e
proficiência em Matemática.
        Em 2016, a pesquisa TIC Educação confirma tendências importantes já
verificadas ao longo da série histórica, e inclui novos indicadores que passaram a ser
monitorados. Pela primeira vez, a utilização de celulares em atividades escolares foi
investigada entre os alunos. O uso desse tipo de dispositivo foi citado por 52% dos
alunos de escolas com turmas de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e/ou 2º ano do
Ensino Médio, localizadas em áreas urbanas [CGI.BR 2017].
        Apesar do avanço no uso do celular enquanto ferramenta pedagógica, o mesmo
estudo aponta apenas que 31% dos estudantes afirmaram utilizar a Internet por esse tipo
de equipamento na escola, sendo 30% entre os alunos de escolas públicas e 36% nas
instituições privadas. As restrições ao acesso de estudantes à rede WiFi da escola estão
entre os aspectos que explicam a baixa utilização desse dispositivo no ambiente escolar
[CGI.BR 2017].
        A motivação para esse descompasso, dentre outros aspectos, pode estar na
infraestrutura necessária para essas práticas, em especial, conexão à internet banda larga
e acesso aos dispositivos e apps [Melo et al 2017]. Nesse sentido, o desenvolvimento de
repositório que oportunize aos professores acesso aos apps educativos, classificados de
acordo com habilidades e competências matemáticas, pode facilitar a integração de tais
TDICs nas aulas de Matemática.
        Delimitar critérios de qualidade para a escolha de aplicativos implica em saber
analisar de que forma essa tecnologia poderá ter um uso educacional, refletindo se a
aprendizagem poderá ocorrer em um contexto de mobilidade e como vai possibilitar ao
sujeito a construção de conhecimentos de formas individuais ou coletivas. Saccol,
Schlemmer e Barbosa (2011) destacam que os aplicativos devem instigar as habilidades
cognitivas dos alunos e, acima de tudo, proporcionar situações para que possam utilizar
os novos conhecimentos para a solução de problemas.
        A formação continuada docente é fundamental para a compreensão dessas
mudanças. Um professor preparado e consciente de que ele precisa adequar sua aula
para essa nova geração de nativos digitais [Prensky 2001], faz com que sua proposta
didática seja uma ponte entre conhecimento e o aluno. Bardy et al (2007, p. 94)
defendem que o professor deve assumir o papel de estimulador, mediador que coordena

                                                                                      101
as discussões das ideias que vão sendo construídas, instigando os alunos a novas
descobertas a partir da interação com colegas e com as TDIC.
        Para o ensino e a aprendizagem da Matemática, Castro-Filho et al (2016)
destacam que o acesso a diferentes fontes de informação, as múltiplas formas de
representar o pensamento matemático e a manipulação dinâmica de símbolos
matemáticos, sendo alguns dos elementos que favorecem o pensamento matemático
apoiado por TDIC. Alguns apps educativos oportunizam essas experiências. Além
disso, a mobilidade e a conectividade proporcionada por apps educativos podem
possibilitar experiências pedagógicas relacionadas com novas formas de comunicar,
registrar e representar o pensamento. O professor deve estar preparado para conhecer
especificidades das TDIC para incluí-las em seu plano de aula e oportunizar práticas
efetivamente inovadoras com seus alunos.
        Em uma análise de produções nacionais e estrangeiras, Maia, Carvalho e Castro-
Filho (2016) classificam os trabalhos sobre dispositivos móveis na Educação
Matemática em dois campos: i) estudos teóricos e empíricos de metodologias e ii)
desenvolvimento de recursos e equipamentos. Ao propor um levantamento de apps para
um repositório de OA, nosso trabalho se localiza em uma intersecção desses campos.
Em trabalho recente, Oliveira et al (2017), trataram em seu trabalho de catalogação e
classificação de OAs para desktop, classificados em etapa de ensino e por tema
curricular, de acordo com a matriz de referência da Prova Brasil. Na mesma perspectiva,
Melo, Costa e Maia (2017) catalogam apps para Matemática, classificando em temas
curriculares de acordo com a mesma matriz. Esse estudo é a continuidade ao trabalho já
em andamento quanto à classificação e catalogação de apps para Educação Matemática.
Sobre os procedimentos metodológicos adotados na classificação e nova catalogação
dos apps, discutimos a seguir.

3. Metodologia
Adotamos uma pesquisa de caráter misto, com enfoques quantitativos e qualitativos, em
função da natureza dos dados coletados. Para a análise quantitativa, foram utilizados
cálculos de porcentagem e construídos gráficos com auxílio de planilha eletrônica. Para
análise qualitativa, classificaremos os apps educativos dentro dos níveis de ensino e
descritores de habilidades, com base nos temas da Prova Brasil, propostos pelo Sistema
de Avaliação da Educação Brasileira (SAEB) [Brasil 2011].
         O repositório está em fase de atualização e aprimoramento, a partir de uma
versão lançada em 2013 apenas com OA para desktop. A versão atual conta com mais
de 500 OAs para desktop e para dispositivos móveis. Neste trabalho, tratamos
especificamente desse novo componente, em que discorreremos sobre classificação dos
apps, e um novo processo de classificação realizado de abril de 2017 a fevereiro de
2018.
         A classificação dos apps se deu nas seguintes etapas: (i) baixar os apps
catalogados para o repositório Objetos de Aprendizagem para Matemática (OBAMA);
(ii) testar cada app, jogando, explorando a interface para o nível de ensino adequado; e
(iii) Analisar quais habilidades podem ser descritas pelos descritores da Prova Brasil.
Para cada etapa, um agente foi definido: Catalogador, Revisor e Validador. O processo
de classificação e inserção de metadados pedagógicos nos apps está descrito na figura 1:




                                                                                    102
             Figura 1. Agentes envolvidos na inserção de metadados nos apps

        No processo de classificação, estiveram presentes alunos dos cursos de
Pedagogia e Matemática, que analisaram e classificaram os apps de acordo com os
critérios levantados. Esses dados foram dispostos em uma planilha eletrônica
compartilhada, promovendo a colaboração entre os envolvidos nesse processo. Haviam
duas funções: a de “visto por” e “validado por”. Cada pesquisador foi incumbido de
classificar quanto a todos os critérios, e outro revisava essa classificação e validava.
Esse processo teve início em dezembro de 2016 e continua em andamento, visto que a
cada dia novos apps são lançados. Para o presente estudo, foram delimitados os recursos
catalogados e classificados até março de 2018. Utilizamos apenas a plataforma de apps
do Android Google Play Store.
        Na busca, utilizamos palavras-chave da Matemática, como “números”,
“geometria”, “álgebra”, entre outras combinações, além da verificação das sugestões de
apps do próprio Google Play Store.
        Em levantamento anterior, foram catalogados 184 apps [Melo, Costa e Maia
2017]. Destes, 27 não se enquadravam em nenhuma das categorias de bloco de
conteúdo, quais sejam: Espaço e Forma, Grandezas e Medidas, Números e
Operações/Álgebra e Funções e o Tratamento da Informação. Retirando-se os que não
se enquadraram, foram adicionados no repositório 157 apps classificados apenas nos
temas curriculares definidos pela Prova Brasil (2011).
        Na etapa seguinte, fizemos a curadoria destes recursos, destacando os recursos
que realmente foram relevantes de acordo com os novos critérios. Classificamos de
acordo com os níveis de ensino (Educação Infantil, Ensino Fundamental Anos Iniciais,
Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio) e descritores de habilidades
destacados na Prova Brasil. Nesta matriz, não há descritores para o nível de ensino da
Educação Infantil, então foram considerados apenas os recursos que se enquadravam
nos demais níveis na classificação em descritores de habilidades.
        A fase atual foi definida pela classificação dos apps dentro do nível de ensino e
descritores com referência pedagógica, na matriz de referência de Matemática da Prova
Brasil [Brasil 2011]. Assim, classificamos os apps de acordo com descritores de
habilidades da Prova Brasil1. Essa matriz divide as habilidades entre os níveis de
ensino: Anos Iniciais do Ensino Fundamental (AIEF), Anos Finais do Ensino
Fundamental (AFEF) e Ensino Médio (EM).
        As matrizes levam sempre em consideração o último ano do nível de ensino para
avaliação, por exemplo, AIEF é o 5° ano; AFEF é o 9° ano; e EM a 3ª série. Para a
Matemática, os descritores são apresentados em quatro grandes temas de conteúdos,


1
 Pelo fato de ser um documento muito extenso e as habilidades estarem espalhadas em diversas páginas
da atual matriz, preferimos disponibilizar o link de acesso à matriz do AIEF e AFEF aqui:
         e     a     do      EM       aqui

                                                                                               103
quais sejam: Espaço e Forma; Grandezas e Medidas; Números e Operações/Álgebra e
funções e Tratamento da Informação.
        Prova Brasil (2011) define, para cada nível de ensino, descritores que indicam
uma determinada habilidade que deve ser desenvolvida em cada fase de ensino. Estes
descritores estão agrupados por temas que relacionam um conjunto de objetivos
educacionais. O quadro 1 mostra como esses descritores são divididos:




       Quadro 1. Divisão de Descritores quanto à Tema Curricular e Níveis de Ensino
       Tema Curricular               Níveis de Ensino                 Descritores

                                           AIEF                        D1 a D5

        Espaço e Forma                    AFEF                         D1 a D11

                                           EM                          D1 a D10

                                           AIEF                        D6 a D12

      Grandezas e Medidas                 AFEF                        D12 a D15

                                           EM                         D11 a D13

                                           AIEF                       D13 a D26
  Números e Operações/Álgebra
                                          AFEF                        D16 a D35
           e Funções
                                           EM                         D14 a D33

                                           AIEF                       D27 e D28

    Tratamento da Informação              AFEF                        D36 e D37

                                           EM                         D34 e D35


        A catalogação de apps ocorre de forma concomitante com a classificação atual.
Foi realizada a partir dos metadados registrados em um formulário eletrônico em que
eram inseridas informações como: i) Título do aplicativo, para registro na planilha e
futura inclusão no repositório; ii) Nome do autor, para identificar e referenciar a autoria
do app; iii) Link para download, para futuro acesso ao endereço onde o app é
disponibilizado; e iv) Observações, para fins de comunicação e informações entre os
membros do grupo sobre determinado aplicativo, como gratuidade de acesso,
disponibilidade para download, possibilidade de aplicação em outra área de
conhecimento, dentre outras informações que julgamos relevantes.
        Em um primeiro momento da classificação, tomamos como referência apenas o
tema de conteúdo que cada um dos aplicativos apresentaram durante sua testagem. Para
avaliarmos a funcionalidade e as características dos apps, de acordo com os descritores,
baixamos os apps em um tablet com sistema Android 4.1. Quando não era possível
testar o app, fosse por limitação computacional ou incompatibilidade com o dispositivo
móvel, optamos por alternativas para testá-lo como: descrição do aplicativo na
plataforma cadastrada; imagens das telas disponibilizadas pelo autor; utilizar emulador
                                                                                       104
de Android para testar os apps pelo computador; assim como vídeos no YouTube que
demonstram a interação do usuário com o app.
      A seguir, apresentamos os resultados e discussões do trabalho.

4. Resultados e Discussões
Ao consultar os apps anteriormente catalogados para a plataforma, percebemos que
alguns foram descontinuados ou não estavam mais disponíveis para download. Desses
apps, 12 estava presente na plataforma F-droid2. No processo de curadoria dos links, ou
seja, a verificação dos links que estavam funcionando, removemos um total de 17 apps.
O quadro 2 mostra o quantitativo de apps catalogados por período, assim como os
remidos após a curadoria:

                     Quadro 2. Quantitativo de apps por período de catalogação
                                     Quantidade de Apps                Removidos após
    Período de Catalogação
                                        Catalogados                      curadoria

    Dezembro/2016 a Março/2017                 187                              17

    Abril/2017 a Fevereiro/2018                61                               0


        No processo de busca de novos recursos, em contínua atualização, foram
catalogados 61 novos apps no período, classificados de acordo com os critérios
estabelecidos na etapa anterior [Melo, Costa e Maia 2017] e na presente etapa da
pesquisa. Somando-se ao que já possuía, atualmente o repositório conta com 202 apps,
excluindo os apps que foram retirados na fase de curadoria. Na figura 2, observamos o
quantitativo de apps por tema curricular da Prova Brasil (2011):




                      Figura 2. Quantidade de apps por Tema Curricular
        Observamos, ainda uma grande ênfase em apps que trabalham as operações
básicas da Matemática (adição, subtração, multiplicação e divisão) e que focam suas
atividades na busca pela resposta correta, de forma meramente mecânica e instrumental,
repetitiva como a memorização da tabuada. Nessa proposta de OA, alinhada a
abordagem instrucionista, o aluno interage no sentido de exercitar o conceito por meio
de atividades diretivas. Um exemplo de app que possui esse aspecto é o OA Math
Master3, no qual o aluno precisa acertar todas as respostas, sequencialmente, para poder
avançar nas fases e vencer o jogo. O app foi catalogado com o descritor D18 - Efetuar


2
 Disponível em: . Acesso em: 06 abr. 2018
3
 Disponível em: . Acesso em: 29 mar.
2018
                                                                                             105
cálculos com números inteiros, envolvendo as operações (adição, subtração,
multiplicação, divisão, potenciação). Na medida em que as fases vão passando, o nível
de complexidade da atividade também aumenta.




                         Figura 3. Prints da tela do OA Maths Master
       Na medida em que o usuário procura por apps similares, vê no perfil de
desenvolvedores dos OA mobile, além da combinação de palavras-chave no buscador
dessa ferramenta, o repositório de apps lhe fornece sugestões de alguns outros de
acordo com as buscas frequentes.
       Encontramos menos aplicações para o tema de Grandezas e Medidas.
Acreditamos que se utilizarmos as palavras-chave do tema, tais como: metro, volume,
área, etc. podemos encontrar mais apps específicas para o tema, assim como fizemos
para o Tratamento da Informação.
       Analisando a quantidade de apps classificados quanto aos níveis de ensino da
Educação Básica, vejamos a figura 4:




                   Figura 4. Quantidade e apps por Níveis de Ensino
        A grande quantidade de atividades encontradas nos apps, classificadas para
esses níveis de ensino, podem ser justificadas pelo fato de ser o nível de ensino com
mais anos de duração, enquanto o Ensino Médio dura três anos e seus conteúdos, via de
regra, são um aprofundamento dos estudos do Ensino Fundamental. Da mesma forma,
podemos inferir para apps com potencial para a Educação Infantil. As atividades
relacionadas ao Ensino Médio eram bastante específicas para o nível de ensino. Como o
público-alvo desses recursos são os adolescentes e tem mais acesso a esses dispositivos
[CGI.BR 2017], se desenvolvem mais apps para essa faixa etária, o que gere menos
apps educativos para crianças em fase pré-escolar. Apesar disso, há um grande mercado
voltado para essa faixa etária e os apps encontrados para esse nível promovem


                                                                                   106
atividades relacionadas ao numeramento, além de uma grande quantidade de
publicidade no conteúdo dos apps.
        Classificamos os apps também de acordo com descritores de habilidades da
Prova Brasil. Analisando os descritores do AIEF catalogados nos apps, temos:




                 Figura 5. Quantitativo de apps por descritores do AIEF
        Como a própria matriz traz em seu escopo, algumas habilidades matemáticas
não são avaliadas pela própria natureza do processo de aplicação dos exames - provas
com questões objetivas, como o cálculo mental, por exemplo [Brasil 2011]. Para tanto,
criamos uma categoria para englobar esses apps que não se enquadraram, a categoria
D0 - Sem descritor. Segundo a figura 5, ele é a terceira categoria mais citada, ou seja, as
atividades dos apps encontrados para tal nível de ensino não se enquadraram nos
descritores avaliados por essa matriz de referência.
        A habilidade mais citada para esse nível de ensino é a D17 - Calcular o
resultado de uma adição ou subtração de números naturais, seguido da habilidade D18
- Calcular o resultado de uma multiplicação ou divisão de números naturais. Isso
mostra o ideal de realizar alguma operação básica da Matemática como norteador das
atividades nos apps. Lembrando que um app pode trabalhar diversas habilidades,
seguindo a ideia de interoperabilidade e recombinação dos OAs em diferentes
contextos, segundo Wiley (2000). Alguns apresentaram atividades que apresentaram
mais de uma habilidade. Esses serão analisados em estudos posteriores.
        As habilidades D6, D8, D9, D11, D22 são as competências com quase ou
nenhum app (entre zero e dois apps). Os verbos de ação dessas habilidades são,
respectivamente: estimar, estabelecer relações, estabelecer relações, resolver
problemas e identificar, sendo a habilidade de estabelecer relações menos frequentes
nas atividades dos apps para o AIEF. Braga (2014) fala que estabelecer relações entre
tendências em Educação Matemática, como no uso de OA mobile, potencializa a
relações tendo em vista que a TDIC está cada vez na vida das pessoas. Essa habilidade é
importante, mas só encontramos um recurso que satisfizesse tais descritores.
        Analisando os descritores do AFEF catalogados nos apps, temos:




                                                                                       107
                Figura 6. Quantitativo de apps por descritores do AFEF
        Segundo a figura 6, D0 - Sem descritor é novamente a categoria mais recorrente,
ou seja, as atividades dos apps encontrados para tal nível de ensino não se enquadraram
nos descritores avaliados por essa matriz de referência.
        A habilidade D19 - Resolver problema com números naturais, envolvendo
diferentes significados das operações (adição, subtração, multiplicação, divisão,
potenciação) é a competência de realizar alguma operação básica para a resolução de
alguma operação básica da Matemática e é presente em pouco mais de ¼ dos apps
catalogados para esse nível de ensino. Observamos um padrão entre as atividades do
AFEF e do AIEF, quanto à relação à hegemonia de recursos voltados ao tema Números
e operações/Álgebra e Funções.
        As habilidades D24 - Reconhecer as representações decimais dos números
racionais como uma extensão do sistema de numeração decimal, identificando a
existência de “ordens” como décimos, centésimos e milésimos, D29 - Resolver
problema que envolva variação proporcional, direta ou inversa, entre grandezas, e D32
- Identificar a expressão algébrica que expressa uma regularidade observada em
sequências de números ou figuras são as competências com quase ou nenhum app
(entre zero a dois apps).
        Analisando os descritores do EM catalogados nos apps, temos:




                 Figura 7. Quantitativo de apps por descritores do EM
        Diferentemente dos outros níveis de ensino, a categoria D0 é a mais citada, com
33,60% dos recursos disponíveis, num universo de 95 apps com potencialidade para
serem trabalhados no EM. Isto sugere pouca preocupação com aspectos pedagógicos,
que deveriam ser essenciais, no desenvolvimento desses recursos ou no cadastramento
deles nas plataformas de acesso e download.
        Há um quantitativo baixo de apps educativos para todos os demais temas
curriculares no EM. Isso pode se justificar pela proposta de algumas habilidades
embasadas para esse nível de ensino, e ainda o foco em sala de aula em atividades que
trabalhem a matriz de referência do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). As
atividades dos apps que abordam assuntos mais específicos que não estão na matriz de
referência da Prova Brasil (2011).
        A proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é unificar essas
matrizes de referência para exames nacionais de acesso à Educação Superior, além de
padronizar o currículo da Educação Básica que todas as escolas devem trabalhar em
suas salas de aula. Classificar quanto a esses descritores de habilidades trazidos nesta
matriz se faz necessário frente às mudanças pedagógicas ocorridas no período de
Dezembro de 2017, período em que a BNCC foi aprovada. Livros didáticos e materiais
de apoio estão se adequando à tal realidade.

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        Mesmo sendo a Google Play Store, possivelmente, o repositório de apps mais
popular, o fato de contemplar todas as classes de apps pode dificultar a localização
daqueles com potencial educativo por professores. Por esta razão, justificamos a criação
de um repositório específico de apps educativos para Matemática por congregar os
recursos em uma única plataforma pensada para facilitar o trabalho docente de seleção e
avaliação do app, de acordo com sua aula, classificados em níveis de ensino, temas
curriculares e descritores de habilidades, de acordo com a matriz da Prova Brasil
(2011).
        A seguir, apresentamos as conclusões deste trabalho, a partir das inferências
realizadas sobre os dados analisados.

5. Considerações
De maneira geral, nossa pesquisa traz um campo de estudo e inovação para o ensino de
Matemática que precisa ser investigado e explorado. Este trabalho mostrou que existem
variados apps educativos para dispositivos móveis que podem ser usados em aulas de
Matemática. Os apps estão amparados por perspectiva pedagógica que provoca a
aprendizagem de conceitos e desenvolvimento de habilidades matemáticas. A
catalogação desses recursos contribui para a prática docente na medida em que facilitará
seu trabalho ao planejar e executar uma aula com suporte de TDIC.
        Alertamos para o cuidado que se deve ter ao escolher um OA acessado em
repositórios genéricos. Considerando que professores fizessem o mesmo procedimento
de busca que empreendemos, teriam o mesmo resultado: quantidade elevada de apps
que não correspondem às expectativas do levantamento, que é o princípio pedagógico.
Esta é uma das motivações para o desenvolvimento do repositório OBAMA [Batista et
al 2017], onde o professor saberá que os recursos educativos digitais disponibilizados já
estarão previamente avaliados e classificados de acordo com parâmetros de pesquisa
específicos para matemática.
        Disponibilizaremos os apps encontrados e os metadados deste trabalho no
repositório OBAMA. Pretendemos seguir o projeto com formações docente para o uso
de TDIC, disponibilizar planos de aula com os apps do OBAMA, além de um estudo
criterioso de classificação de todos os apps dentro dos parâmetro da BNCC como
produto de pesquisa de mestrado profissional de um dos autores.
        Em etapas seguintes da pesquisa, pretendemos também observar e promover
reflexões mais profundas sobre os impactos provocados pelo uso dos apps no processo
de ensino e aprendizagem da Matemática na Educação Básica.

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