=Paper= {{Paper |id=Vol-2185/CtrlE_2018_paper_Design_Educacional |storemode=property |title=Design Educacional na Elaboração de Materiais Didáticos para Cursos Online: Uma Proposta de Formação Docente(Educational Design in the Preparation of Teaching Materials for Online Courses: a Proposal for Teacher Training) |pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-2185/CtrlE_2018_paper_Design_Educacional.pdf |volume=Vol-2185 |authors=Edilene Cândido da Silva,Juliana Teixeira da Câmara Reis,Raiane dos Santos Martins }} ==Design Educacional na Elaboração de Materiais Didáticos para Cursos Online: Uma Proposta de Formação Docente(Educational Design in the Preparation of Teaching Materials for Online Courses: a Proposal for Teacher Training)== https://ceur-ws.org/Vol-2185/CtrlE_2018_paper_Design_Educacional.pdf
       Design Educacional na elaboração de materiais didáticos
       para cursos online: uma proposta de formação docente
 Edilene Cândido da Silva , Juliana Teixeira da Câmara Reis , Raiane dos Santos
                              1                                   1


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      Instituto Metrópole Digital – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (IMD-
                       UFRN) CEP 59078-970 – Natal – RN – Brasil
           {edilene.candido@imd.ufrn.br, psi.julianareis@gmail.com,
                              raiane@imd.ufrn.br}
Abstract. The article discusses concepts and characteristics of teaching materials
    used in the Distance Education, such as planning, methods, strategies for the
    production of these materials. The proposed course is aimed at training
    teachers, focused on distance learning courses. For this we discussed methods
    of Instructional Design for elaboration of didactic material. It is expected that
    the public at the end of the course, will can extend their pedagogical practices
    and their knowledge about Distance Education, which favors the adoption of a
    more critical look on the production of teaching materials that meet the
    specifics of the course to which it proposes to work.
Resumo. O artigo aborda conceitos e características dos materiais didáticos
    utilizados na Educação a Distância, tais como planejamento, métodos
    estratégias para a produção destes materiais. O minicurso proposto teve como
    objetivo formação de professores, com foco nos cursos a distância. Para isso
    foram discutidos métodos do Design Instrucional para elaboração de material
    didático. Entendemos que o público, ao final do minicurso, poderá ampliar
    suas práticas pedagógicas e seus conhecimentos sobre a Educação a Distância,
    o que favorece a adoção de um olhar mais crítico sob a produção de materiais
    didáticos que atendam as especificidades do curso ao qual se propõem a
    trabalhar.

1. Introdução
É inegável o quão fácil e rápido o acesso à informação chega na sociedade
contemporânea e tecnológica. Isso favorece a expansão do conhecimento,
principalmente ao se pensar na necessidade de oportunizar uma formação de qualidade
para o maior número de pessoas e em menor tempo possível. Este cenário possibilitou
mudanças nas formas de viver, ser e educar, e demonstra a necessidade que o professor
tem de se adequar às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
                                       Nos cursos a distância, há a necessidade de
elaboração de materiais didáticos apropriados, construídos em linguagem dialógica e de
fácil apreensão, para que os estudantes possam se referenciar teoricamente, podendo
utilizar ou não os vários recursos tecnológicos disponíveis. É necessário que se estimule
nos alunos também o desenvolvimento de algumas habilidade e competências
fundamentais para o século XXI, tais como: pensamento crítico e reflexivo, raciocínio
lógico, criatividade, proatividade, resiliência, persistência, saber resolver problemas,
                                                                                      604
cooperativismo e utilizar as diversas ferramentas tecnológicas digitais e suas mídias
(Delors, 2001).
        Esse trabalho busca demonstrar as formas de atuação do Designer Educacional
frente à produção de material didático para cursos online, apresentando alguns conceitos
centrais que permeiam essa prática na contemporaneidade, seguido da indicação de
algumas estratégias para a construção de materiais didáticos digitais, orientações sobre a
utilização de materiais didáticos online já disponibilizados na web e por fim, algumas
considerações acerca dos resultados esperados que os cursistas deveriam alcançar ao
final do minicurso desenvolvido.

2. Uso das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) na
EaD

Neste artigo, utilizaremos o termo TDICs (Baranauskas, & Valente, 2013) para nos
referirmos às Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação mais atuais, como
tablet, smartphone e qualquer outro dispositivo que permita a navegação na internet.
Para que a aprendizagem se torne mais significativa é importante que as TDICs estejam
presentes e que desempenhem o papel de auxiliar o ensino, tendo o professor como um
mediador e orientador no processo de ensino e aprendizagem (Valente, 2007).
                                                                   Na Educação a
Distância (EaD) há a possibilidade de implantação de variadas ferramentas
colaborativas para a mediação da aprendizagem. Tais ferramentas, sejam elas síncronas
e/ou assíncronas, suprem as demandas daqueles que precisam se qualificar para o
mundo do trabalho, e que precisam flexibilizar seus horários, em virtude, sobretudo, dos
contextos de trabalho.
        Para Kenski (2003), novas formas de aprendizagem surgiram por meio da
interação, comunicação e do acesso à informação propiciadas pelas TDICs. Com o
apoio dessas tecnologias é possível trazer metodologias inovadoras para dentro da sala
de aula (seja ela física ou virtual) com o intuito de facilitar o aprendizado e estimular a
troca de conhecimento, sendo um meio facilitador para o desenvolvimento de
habilidades importantes, como o raciocínio lógico, a criatividade e a capacidade de
resolução de problemas.
        Entender o aprendizado que se constitui com a mediação de tecnologia requer
que novos caminhos sejam construídos, e que diferentes atores possam agir
colaborativamente para potencializar as práticas docentes, e um deles será brevemente
apresentado aqui: O Designer Instrucional/Educacional.

3. Design Educacional ou Instrucional? - Origens e conceitos

O Design Instrucional é definido por Filatro (2008) como:
                        A ação intencional e sistemática de ensino que envolve o
                        planejamento, o desenvolvimento e a aplicação de métodos, técnicas,
                        atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações
                        didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a


                                                                                       605
                       partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos. (Filatro,
                       2008, p.65)
        A autora pontua ainda que a teoria de design instrucional oferece elementos
norteadores para o planejamento e desenvolvimento de formações presenciais ou a
distância, o que subsidiou a proposição do minicurso “Design Educacional na
elaboração de materiais didáticos para cursos online: uma proposta de formação
docente”.
       As origens do conceito de Design Instrucional são atribuídas à época da Segunda
Guerra Mundial, quando havia uma necessidade de criar alguma metodologia que
pudesse preparar os soldados das forças armadas americanas para utilização adequada
dos armamentos, e melhorar o desempenho destes nos campos de batalha. Robert
Gagné, Leslie Briggs e Jonh Flanagan, dentre outros, foram alguns dos pesquisadores
que passaram a estudar meios efetivos de planejar e instrumentalizar essa instrução.
        Modelos teóricos de ensino e aprendizagem foram beneficiados com as
propostas e novas abordagens trazidas pelo design instrucional para a instrução e à
aprendizagem. No Brasil, uma das principais motivações para o crescimento das
práticas de design instrucional está relacionada à necessidade de incorporar a tecnologia
da informação às ações educacionais (Filatro, 2008). A autora também comenta que o
design instrucional no Brasil se apresenta mais voltado à criação de ambientes de
aprendizagem apoiados por TDICs, incorporados a uma variedade de recursos, em
constante expansão ao se relacionar com as práticas educativas em contextos online.
        O Designer Educacional, cujas atividades relacionadas à produção de materiais
didáticos para cursos online serão abordadas neste artigo, pode sistematizar seu trabalho
em um modelo próprio, amplamente conhecido e utilizado nessa área, e que não se
limita apenas ao tratamento, publicação e entrega de conteúdo, mas incorpora a análise,
projeto, desenvolvimento, implementação e avaliação de um curso, formando o
chamado MODELO ADDIE, cujas especificidades serão tratadas a seguir.

3.2. Modelo ADDIE

O modelo de design usado para a elaboração da proposta deste minicurso foi o modelo
ADDIE, conforme orientações expressas em Filatro (2008). Esse modelo articula as
fases de desenvolvimento dos projetos educacionais de acordo com as etapas a seguir:

   ● Fase de Análise (A): nesta etapa o foco educativo é identificado, destaca-se o
     perfil do público-alvo, estima-se as metas e objetivos instrucionais, e busca-se
     propostas de resolução de possíveis problemas ou necessidades do projeto;
   ● Fase de Projeto/Desenho (D): concluída a Análise, nesta etapa elaboram-se os
     objetivos de aprendizagem, os métodos/instrumentos avaliativos, os conteúdos,
     exercícios, abordagens para os assuntos, o planejamento das ações didáticas e a
     seleção das mídias a serem utilizadas no decorrer do projeto;
   ● Fase de Desenvolvimento (D): é a etapa de produção efetiva, baseada nas
     decisões tomadas nas fases anteriores;
   ● Fase de Implementação (I): momento em que o projeto é colocado à disposição
     do público alvo (testagem dos recursos/conteúdos) em situações de
     aprendizagem efetivas;
                                                                                         606
   ●   Fase de Avaliação (E): verificação dos objetivos educacionais já definidos.
       Pode ser definida em três modelos: diagnóstica (mensuração prévia do nível de
       conhecimento dos estudantes, para possível identificação das lacunas a serem
       preenchidas), somativa (aferida pelos testes automatizados realizados pelos
       participantes ao longo do tempo) e a avaliação formativa (processual e
       continuada);
       Os autores Almeida et al. (2014) pontuam que, ao se criar um projeto de
formação continuada para os professores, pode-se aos poucos estreitar a distância que os
separa dos alunos, fazendo com que os educadores tenham subsídios para preparar uma
aula mais atraente e interativa, despertando no educando um interesse que antes não era
obtido com o giz e a lousa. Assim, a escolha do modelo ADDIE nos permitiu
desenvolver melhor as etapas para a construção do minicurso, bem como articular uma
proposta de formação continuada aos professores cursistas para que se tenha o uso
adequado das novas tecnologias no processo educacional, por meio da elaboração de
materiais didáticos digitais ou a utilização destes mesmos materiais já disponibilizados
na web.

4. Materiais Didáticos para EAD - Uso de estratégias para aprendizagem em
cursos a distância
Para elaborar um material didático destinado ao ensino a distância é necessário, antes de
tudo um planejamento sobre o conteúdo a ser escrito, principalmente se esse material
for digital, onde há a possibilidade de ser inseridos diversos recursos interativos,
apresentando como características marcantes a interatividade, a hipertextualidade e o
dinamismo.
                       O material didático para EaD deve oferecer uma linguagem adequada a
                       modalidade proposta. Possuir uma formatação inovadora, estimulante e
                       motivadora. sendo o principal mediador da aprendizagem ao educando.
                       Através do material didático o aluno pode problematizar enquanto estuda,
                       assimilando as atividades integradas aos conteúdos, para o desenvolvimento
                       das competências esperadas. Essa problematização insere-se em um contexto
                       onde os alunos devem ser incentivados a estudar e pesquisar continuamente,
                       com metodologias que se adaptem às suas capacidades cognitivas, a
                       apropriação desse saber e aos conceitos a construir, por meio de interlocução,
                       observação, investigação, análise, síntese e avaliação (MACEDO et al, 2016,
                       p.556).
       Em relação ao planejamento da escrita, é importante ter em mente os objetivos
que se pretende alcançar com tal material, junto ao estudante. Assim, como em qualquer
intervenção pedagógica, o planejamento de um material didático para a EaD precisa
levar em consideração a carga horária da disciplina, as especificidades do conteúdo e os
recursos didático-pedagógicos disponibilizados para a oferta de tal disciplina (Mallman
e Neto, 2011).
       É interessante que se tenha uma estrutura padrão de tópicos que organize melhor
o caminho a ser percorrido pelo estudante. Dessa forma, Mallman e Neto (2011)
sugerem um modelo estrutural a ser seguido, divididos em tópicos, como: Título, Metas,
                                                   Objetivos, Pré-requisitos, Texto e
Atividades, Correlação entre objetivo e atividade, Respostas Comentadas, Resumo,
Referências ou Bibliografia consultada, Bibliografia complementar comentada e
Informações para a próxima aula. Essa é apenas uma recomendação desses autores,
                                                                                  607
porém antes de escrever um material didático é importante conhecer para qual
instituição ele se destina.

4.1 Modelo de Design Educacional na prática
Nesse sentido, a elaboração de materiais didáticos para cursos a distância insere-se
como parte das ações pedagógicas das instituições de ensino e, no Instituto Metrópole
Digital (IMD) da UFRN, essas atividades acontecem no Setor de Produção Multimídia
(SPM).
        Dentro do SPM a equipe responsável pela produção do material didático é a
Transição Didática (TD), constituída por Designers Instrucionais, os quais têm a
responsabilidade de orientar os professores conteudistas que elaboram os materiais
utilizados pelos alunos dos Cursos Técnicos dessa instituição, e coordenar as atividades
das equipes de produção (ilustradores, designers, produtores audiovisuais, revisores de
língua portuguesa e de ABNT, pedagogos, diagramadores e desenvolvedores web). O
fluxo de produção de uma aula é conduzido como mostra a figura 1 abaixo.




   Figure 1. Fluxo de Produção do Material Didático dos Cursos Técnicos do IMD
       O professor está sempre presente no fluxo, de maneira que a TD está em contato
com ele para sanar as dúvidas que possam surgir e para as devidas aprovações e
validações de texto e mídias. Por fim, após o material todo validado, a aula é
disponibilizada aos alunos no ambiente web com todos os recursos pensados.


6. E quando não dispomos de equipes para a produção de materiais didáticos?
Algumas sugestões para a utilização de materiais didáticos disponíveis na web.

Embora saiba-se da importância de trazer para a sala de aula práticas que façam uso de
tecnologias digitais (VALENTE,2007), muitos professores têm dificuldade em adotar
esses recursos por eles mesmos não terem familiaridade na busca por materiais na web
que possam adotar, ou não terem habilidades técnicas para construírem os seus próprios
materiais didáticos digitais. Assim, no decorrer do minicurso foram trabalhados
conceitos acerca de Objetos de Aprendizagem (OA), de REAS - Recursos Educacionais

                                                                                    608
Abertos, sob a ótica de Wiley (2002) e Braga (2015), para subsidiar os estudos sobre
esses conceitos, foram indicadas algumas plataformas digitais em que são hospedados
gratuitamente, sob licenças livres, inúmeros OAs que podem ser utilizados por docentes
e educadores de um modo geral, tais como a Plataforma BIOE – Banco Internacional de
Objetos Educacionais, a Plataforma OBAMA – Objetos de Aprendizagem para a
Matemática e a Plataforma MEC de Recursos Educacionais Digitais, todos com uma
grande diversidade de objetos de aprendizagem, em todos os níveis de ensino e variados
temas.
                                     Propusemos uma atividade prática, para que os
participantes indicassem possibilidades de uso das plataformas sugeridas ou outras que
tivessem conhecimento. Tal atividade possibilitou o exercício de elaboração de material
didático on line bem como permitiu o compartilhamento de OAs já utilizados pelos
participantes. A partir da avaliação realizada pelos cursistas, o objetivo do minicurso
foi alcançado, e também permitiu que professores de diferentes instituições
colaborassem com o minicurso, trazendo o diálogo e a troca que permitiu o
enriquecimento mútuo.

7. Considerações
Inicialmente, foram apresentadas algumas noções teóricas sobre as atividades do
Designer Educacional dentro das instituições, como esse profissional pode trabalhar de
forma autônoma e algumas orientações para os professores que não têm essa formação,
mas que desejam incrementar suas aulas, fazendo uso de TDICS e de recursos
interativos diversos já disponibilizados na web. Foi percebido que, ainda é preciso
investir na formação continuada dos professores para a utilização das TDICS nos
contextos formais e informais de ensino, instrumentalizando algumas práticas com o
apoio de algumas plataformas digitais que disponibilizam esses recursos didáticos
digitais de forma livre, para assim ampliar o acesso a essas plataformas ricas de
conteúdo e favorecer o trabalho docente em seu cotidiano diário, contribuindo para uma
aprendizagem significativa e permeada por práticas digitais, o que certamente favorece
a interação, o desenvolvimento de habilidades e competências valorizadas na atualidade.

Referências
Baranauskas, M. C. C.,& Valente, J. A. (2013). Editorial. Tecnologias, Sociedade e
  Conhecimento,       http://www.nied.unicamp.br/ojs/index.php/tsc/article/view/118,
  Maio.
Braga, J. (2015). “Objetos de Aprendizagem Volume 1: introdução e fundamentos”.
  Santo André: UFABC, p. 157.
Delors, J. (2001). Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da
  Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI. 6. ed. Tradução José
  Carlos Eufrázio. São Paulo: Cortez.
Filatro, A. (2008). Design instrucional na prática. São Paulo: Pearson.
Kenski, V. M. (2003). Aprendizagem mediada pela tecnologia. Revista Diálogo
  Educacional,    v.4,      n.10,     2003,     p,   47-56.   Disponível   em
  
  Junho.
                                                                          609
Mallmann, E. M. (2011); Neto, L. C. B. de T. Recursos Educacionais para EAD. In:
  _____. Pesquisa, Desenvolvimento e Capacitação: Recursos Educacionais,
  Tecnologias Educacionais e Atividades a Distância. Universidade Federal de Santa
  Maria, 1º semestre de 2011. p. 21-39. Módulo 3.
Macedo, A.L.S; Souza, B.F.S; Silva, E.C; Martins, R.S. (2016). Produzindo materiais
  didáticos para cursos EaD: uma proposta de formação docente. n: Congresso
  Regional sobre Tecnologias na Educação, 2016, Natal. Anais do Ctrl+E. Natal:
  CEUR-WS, Vol-1667. p.554-557.
Valente, J. A; Almeida, M. E. B. (2007). Formação de educadores a distância e
  integração de mídias (org). São Paulo: Avercamp.
Wiley, D. (2002). Learning objects need instructional design theory. The ASTD e-
  Learning handbook, p. 115-126.




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