=Paper= {{Paper |id=Vol-2185/CtrlE_2018_paper_Metodologias_Ativas |storemode=property |title=Metodologias Ativas e a Transformação da Prática Docente: Como as Metodologias Ativas Podem Transformar a sua Formação(Active Methodologies and the Transformation of Teaching Practice: How Active Methodologies can Transform their Training) |pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-2185/CtrlE_2018_paper_Metodologias_Ativas.pdf |volume=Vol-2185 |authors=Juliana Silva Arruda,Liliane Maria Ramalho de Castro Siqueira,Ellen Lacerda Carvalho Bezerra,Rayssa Araújo Hitzschky }} ==Metodologias Ativas e a Transformação da Prática Docente: Como as Metodologias Ativas Podem Transformar a sua Formação(Active Methodologies and the Transformation of Teaching Practice: How Active Methodologies can Transform their Training)== https://ceur-ws.org/Vol-2185/CtrlE_2018_paper_Metodologias_Ativas.pdf
  Metodologias Ativas e a transformação da prática docente:
     Como as metodologias ativas podem transformar a sua
                                     formação

Juliana Silva Arruda¹, Liliane Maria Ramalho de Castro Siqueira¹, Ellen Lacerda
                  Carvalho Bezerra¹, Rayssa Araújo Hitzschky¹

                        ¹Universidade Federal do Ceará - UFC.
      {julianarruda24,lilianeramalho1609,ellenlcb7,hitzschkyrayssa}
                                     @gmail.com


    Abstract. The study aims to describe the actions of a course that aimed to
    qualify teachers for the use of technologies, proposing a discussion about the
    use of digital resources in the classroom, articulating the teaching practice
    with the active methodologies. The research is descriptive and has a
    qualitative nature, the data were collected and analyzed from the participation
    of the teachers in the course and two forms of google drive. The main results
    point to the interest of teachers in the use of new methodologies, essentially
    the active ones. According to the teachers' statements, the methodology
    adopted during the course involving collaborative activities facilitated the
    learning of the students.

    Resumo. O estudo busca descrever as ações de um curso, que teve como
    objetivo qualificar os docentes para o uso das tecnologias. Para isso, propôs-
    se uma discussão sobre a utilização dos recursos digitais em sala de aula,
    articulando a prática docente às metodologias ativas. A pesquisa é descritiva
    e apresenta natureza qualitativa. Os dados foram coletados e analisados a
    partir da participação dos docentes e usando-se dois formulários do Google
    Drive. Os principais resultados apontam o interesse dos docentes para o uso
    de novas metodologias, essencialmente as ativas. Segundo os depoimentos dos
    professores, a metodologia colaborativa adotada durante o curso, que
    envolveu atividades colaborativas, facilitou a aprendizagem dos cursistas.


1. Introdução

Segundo Moran [2013], os objetivos almejados no processo de ensino e de
aprendizagem devem estar relacionados às metodologias. Coetzee e Schmulian [2012]
propõem a utilização de metodologias ativas, fornecendo alternativas para que os
docentes, através da sua prática, façam com que os seus alunos tenham uma postura
crítica e ativa. Moran [2013] define as metodologias ativas como um processo de
interação de conhecimentos, análises e decisões, onde o docente age como facilitador e o
aluno como gestor do seu conhecimento.



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        Killian et al. [2012] enaltecem que as metodologias ativas envolvem a
aprendizagem através de discussões e fatos da realidade, que serão vivenciados pelos
docentes ao longo de sua vida profissional. Dessa forma, ofertou-se um minicurso, no
qual os docentes entraram em contato com situações reais de utilização das
metodologias ativas, de forma a contribuir com as suas formações e suas práticas
vividas.
        Buscando apresentar a teoria em volta das metodologias ativas e atividades
práticas sobre a área em estudo, foram trabalhados os seguintes conteúdos e conceitos:
1) Características do docente contemporâneo; 2) Disseminação das tecnologias digitais;
3) Definição e conceituação de metodologias ativas; 4) Tipificação de metodologias
ativas; 5) Apresentação de situações e projetos com o uso de metodologias ativas; 6)
Como aliar as metodologias ativas às tecnologias; 7) Mapeamento de uma disciplina
com o uso de metodologias ativas; 8) Aplicação prática das metodologias ativas.
2. As metodologias ativas e a formação docente: uma interação facilitadora
do processo de ensino e de aprendizagem

Torres e Irala [2014] consideram que as metodologias ativas podem potencializar a
aprendizagem através de estímulos ao pensamento crítico. Essas metodologias, com o
uso das tecnologias digitais, podem propiciar a responsabilidade na construção do
conhecimento, constituindo conceitos de uma maneira mais autônoma.
        Valente [2014] aponta o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação -
TIC como fator de motivação para a constituição do conhecimento. Os recursos
tecnológicos devem ser entendidos como ferramentas com base pedagógica,
ocasionando atitudes modernas, ações inovadoras e posturas comunicativas. O autor
ressalta ainda que as TIC, aliadas às metodologias ativas, podem diminuir a evasão e o
índice de reprovação. Sendo assim, as atividades interativas com o uso de tecnologias
podem ser vistas como um recurso dinâmico, de modo a proporcionar a participação
ativa na aprendizagem, por meio de trabalhos coletivos. Essas ações podem contribuir
para a formação acadêmica, profissional e pessoal do docente.
        Os docentes devem ter a oportunidade de experimentar ações de utilização de
novas metodologias, bem como a socialização e o compartilhamento de conhecimentos.
Além disso, entende-se que os conteúdos teóricos associados às atividades
colaborativas, onde os professores têm a oportunidade de vivenciar a própria prática,
servem de importante apoio para que estes se sintam mais seguros. Com isso,
proporciona-se uma maior aproximação com o corpo estudantil, facilitando a relação
professor/aluno.
        Nesse aspecto, o curso ministrado apresentou como diferencial a vivência dos
docentes em situações complexas, baseadas em sua realidade profissional com o uso de
novas metodologias e recursos digitais. Buscou-se, dessa maneira, maximizar a visão
desses profissionais, que estão submersos em disciplinas com caráter mais teórico.
        Para tanto, destaca-se a necessidade das metodologias e dos recursos
tecnológicos para fazer emergir a motivação e o interesse dos cursistas pelo curso.
Assim, os estudos de Pimenta [2009] são oportunos, tendo em vista que consideram a

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formação docente a partir da interação com diferentes conhecimentos. Estes acarretam
ações críticas e saberes do conhecimento específico, além de possibilitar uma
aprendizagem mais significativa, incidindo na formação continuada do professor. Logo,
considera-se que este trabalho pode contribuir para a melhoraria do ensino, ao
apresentar e descrever uma formação que envolve o fortalecimento da autonomia, ao
mesmo tempo que propicia aos professores habilidades para a tomada de decisão.
3. Metodologia

O contexto metodológico foi desenvolvido visando a inserção do conhecimento prático
das metodologias ativas junto aos docentes. O desenvolvimento do curso abrangeu,
desde a introdução da conceituação e tipificação das metodologias ativas até a aplicação
empírica desse instrumental com o uso de recursos digitais.
        As fases foram desenvolvidas da seguinte forma: na primeira fase, foram
discutidas as características dos docentes contemporâneos, buscando uma concepção
com a mudança do contexto educacional, ocasionada pela disseminação das tecnologias
de informação e comunicação (TIC). A segunda fase envolveu a apresentação dos
conceitos e tipificação de metodologias ativas, seguida da terceira fase, onde foram
apresentadas situações reais do uso de metodologias ativas em diferentes áreas e
segmentos, tanto na Educação Básica como no Ensino Superior.
        A quarta fase, analisada de forma compartilhada, abrangeu o mapeamento de
uma disciplina com a utilização de metodologias ativas e recursos digitais, a partir de
discussões entre o grupo e as formadoras. A quinta fase caracterizou-se pela vivência
prática dos cursistas. Nesse momento, eles tiveram a oportunidade de construir
mecanismos e ferramentas, por meio da estruturação e do planejamento de uma aula que
fizesse uso de algum recurso digital, tais como Google Drive, slides, redes sociais e
vídeos. Ressalta-se que para isso, os participantes consideraram o contexto de uma das
metodologias ativas apresentadas e discutidas no encontro. Ao final do curso, os
participantes realizaram uma auto avaliação, além da avaliação do curso, por meio de
um formulário on-line do Google Drive, disponibilizado no momento da formação.

4. Resultados e Discussões

A partir da metodologia utilizada e do corpo teórico discutido no desenvolvimento do
curso, além dos depoimentos dos participantes e das atividades práticas desenvolvidas
em grupo, foi possível perceber que a metodologia adotada, já baseada em metodologias
ativas, facilitou o engajamento, a participação e a aprendizagem dos cursistas.
         No formulário inicial de sondagem, pôde-se perceber que 12,5 % dos cursistas
conheciam as metodologias ativas; 66,7% afirmaram que, inicialmente, não tinham
interesse em conhecê-las; 20% disseram que já tinham ouvido falar, contudo ainda não
conheciam o conceito. Esses dados demonstram e justificam a necessidade do curso. O
gráfico 1 retrata esses dados:




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                   Gráfico 1. Conhecimento das Metodologias Ativas

        Os participantes demonstraram, portanto, bastante interesse em aumentar seus
conhecimentos sobre o tema. A metodologia adotada no curso envolveu a participação
dos cursistas por meio de formulários e também por meio da elaboração de um plano de
aula, com o emprego das metodologias ativas com viés interdisciplinar e
transdisciplinar, abordando o tema sustentabilidade e cidadania planetária. A escolha do
tema deu-se pela facilidade de relacionar e utilizar o caráter inter e transdisciplinar dos
conteúdos.
        O desenvolvimento dos planejamentos transcorreu-se de forma colaborativa, por
meio da formação de grupos. Dentre os temas trabalhados, destacam-se a economia de
água e o lixo eletrônico, ao abordar atividades interdisciplinares, como músicas norte-
americanas sobre a seca para o estudo de línguas estrangeiras e conteúdos motivadores
como charges, reportagens e tirinhas. Além disso, os grupos propuseram a elaboração
de projetos, o desenvolvimento de uma cartilha eletrônica educativa e, ainda, sugeriram,
a produção de brinquedos utilizando-se a plataforma Pinterest e a elaboração de um
podcast e um vlog.
        Ao final, foi aplicado um formulário de avaliação do curso. A relevância do uso
das metodologias ativas ficou evidenciada, visto que 92,3% dos cursistas avaliaram
como positiva a metodologia adotada pelas formadoras, conforme gráfico 2:




                       Gráfico 2. Adequação da metodologia do curso




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        Ainda de acordo com o gráfico 2, a maioria dos cursistas julgou adequada a
metodologia adotada e 7,7% gostariam de um aprofundamento maior em relação aos
tipos de metodologias ativas.
        Sobre os pontos positivos do curso, foram destacados: o link entre a teoria e a
prática; a experiência na área de docência demonstrada pelas proponentes, enriquecendo
o momento formativo; a objetividade, clareza e a humildade das facilitadoras; o curso
de pequena duração, tendo em vista que foi possível conhecer as metodologias ativas e
tê-las posto em prática de forma eficaz e, ao mesmo tempo, eficiente. A seguir, tem-se o
depoimento de um dos participantes, o qual este evidencia algumas contribuições do
curso:
                              Achei interessante a mini apresentação no segundo dia de curso.
                              Pudemos conhecer outros participantes e pensar em conjunto sobre
                              como aplicar metodologias ativas na nossa sala de aula. Também
                              gostei do material audiovisual e da atitude de compartilhar o material
                              com os participantes.

        A partir das discussões e dos depoimentos dos cursistas, percebe-se que o curso
atingiu seu objetivo inicial. Além disso, considera-se que as metodologias ativas se
configuram um tema de interesse comum no meio docente, no que se refere ao
conhecimento acadêmico quanto ao aprofundamento de práticas de ensino.

5. Considerações Finais

A partir das vivências dos cursistas, procurou-se relacionar a práxis com base em
questões teóricas, objetivando responder à pergunta inicial da pesquisa: Como as
metodologias ativas podem transformar a formação docente?
       Como formadoras da turma, as pesquisadoras puderam favorecer vivências que
promoveram interações e práticas dos participantes. O papel exercido pelas proponentes
demonstrou a função mediadora e crucial do professor, ao fomentar momentos de
discussão junto aos cursistas, promovendo, dessa forma, situações desafiadoras que
favoreceram a mudança de postura dos docentes. Percebe-se que estes saíram da posição
de meros expectadores para autores, ao atuarem, apresentarem, desenvolverem planos de
aulas e darem sugestões de materiais. Esses momentos empíricos possibilitaram o
surgimento da autonomia e da autoria e acarretaram, consequentemente, um processo
mais qualitativo de aprendizagem.
        As opiniões e sugestões dos cursistas eram aceitas e incentivadas, constituindo
um contexto de diálogo e de conversação entre os grupos, além de promover a
participação autoral dos cursistas. O tema trabalhado, no caso a sustentabilidade, por ser
atual e discutido no meio educacional, social e cultural dos professores, também criou
esse ambiente propício ao desenvolvimento, visto que foi passível de discussões e de
questionamentos.




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       Para pesquisas futuras, sugere-se a ampliação da pesquisa com outros tipos de
metodologias ativas, além da proposta de utilização de aplicativos específicos e outros
recursos tecnológicos.
Referências
Coetzee, S. A.; Schmulian, A. (2012). "A critical analysis of the pedagogical approach
  employed in an introductory course to IFRS." Issues in Accounting Education. v. 27,
  n. 1, p. 83–100.

Killian, L. J.; Huber, M. M.; Brandon, C. D. (2012). "The Financial statement interview:
   intentional learning in the first accounting course." Issues in Accounting Education,
   v. 27, n. 1, p. 337–360.

Moran, J. (2013). "Mudando a educação com metodologias ativas." In: SOUZA, Carlos
  Alberto de; MORALES, Ofélia Elisa Torres (org.). Coleção Mídias Contemporâneas.
  Disponível.Acesso em: 27 fev. 2017.
Pimenta, S. G. (Org.). (2009). "Saberes pedagógicos e atividades docentes." 7. ed. São
  Paulo: Cortez, 246p.
Torres, P. L.; Irala, E. A. F. (2014). "Aprendizagem Colaborativa: Teoria e Prática." In:
  Torres, P. L. (Org.). Complexidade: Redes e conexões na produção do conhecimento.
  Curitiba: Senar.
Valente, J. A. (2014). "Aprendizagem ativa no ensino superior: A proposta da sala de
  aula invertida. São Paulo: PUC."




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