=Paper= {{Paper |id=None |storemode=property |title=Aplicações Semânticas Baseadas em Microformatos |pdfUrl=https://ceur-ws.org/Vol-938/ontobras-most2012_paper18.pdf |volume=Vol-938 |dblpUrl=https://dblp.org/rec/conf/ontobras/JuniorAGGS12 }} ==Aplicações Semânticas Baseadas em Microformatos== https://ceur-ws.org/Vol-938/ontobras-most2012_paper18.pdf
       Aplicações semânticas baseadas em microformatos
    Vanderlei Freitas Junior1, Daniel Fernando Anderle1, Alexandre Leopoldo
             Gonçalves2, Fernando Ostuni Gauthier2, Denilson Sell2
           1
            Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense
                              Santa Rosa do Sul, SC, Brasil.
       2
         Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento
                         Universidade Federal de Santa Catarina
                                Florianópolis, SC, Brasil.
                  {junior, daniel}@ifc-sombrio.edu.br,
      alexandre.gonçalves@ararangua.ufsc.br, gauthier@egc.ufsc.br,
                         denilson@stela.org.br

    Resumo. Os microformatos foram propostos com a finalidade de
    proporcionar semântica aos dados publicados na Web. Cerca de oito anos
    depois do seu surgimento e no aniversário de sete anos de fundação da
    comunidade Microformats.org, mantenedora do padrão, diversas aplicações
    foram e ainda são implementadas com vistas a fornecer semântica à internet,
    baseadas em microformatos. O presente trabalho propõe descrever alguns
    exemplos recentes de como esta tecnologia pode ser aplicadas no contexto da
    Web Semântica.

    Abstract. Microformats have been introduced in order to provide semantics to
    web-published data. About eight years after their appearance and on the 7th
    anniversary of the creation of Microformats.org, a community that keeps up
    the standards, several applications were and continue to be implemented
    aiming to provide semantics to the internet based on microformats technology.
    The purpose of this paper is to describe some recent examples on how this
    technology can be applied in the context of Semantic Web.

1. Introdução
Os microformatos foram apresentados no ano de 2004 como uma forma de agregar
significado aos dados publicados na Internet. No ano seguinte, dadas as possibilidades
de aplicações visualizadas por seus desenvolvedores, criou-se a comunidade
Microformats.org, que vem ocupando-se por pesquisar e desenvolver novas
especificações de microformatos, com vistas à proporcionar semântica às aplicações na
Web.
        Recentemente, em junho de 2012, a comunidade completou seus sete anos de
existência, contando com um grande conjunto de microformatos classificados como
estáveis, disponíveis para uso por toda a comunidade. Além disso, um grande volume
de padrões em desenvolvimento, classificados como drafts, vêm recebendo cada vez
mais atenção de diversos colaboradores ao redor do mundo.
        Neste contexto, o presente trabalho propõe uma análise de algumas aplicações
semânticas recentes baseadas em microformatos, demonstrando sua aplicabilidade e a
atualidade de suas propostas.



                                         194
       Para melhor compreensão, o presente artigo está organizado da seguinte
maneira: a seção 2 apresenta o conceito dos microformatos. A seção 3, por sua vez,
apresenta e detalha as principais aplicações semânticas verificadas na atualidade, sendo
seguida pela seção 4, que realiza as considerações finais e pela seção de referências.

2. Microformatos
Os microformatos surgiram, de acordo com Allsopp (2007), em 2004, na conferência
South by Southwest (SxSW), com o lançamento do XHTML Friends Network (XFN).
       Na época, o movimento dos blogs estava em franca expansão, e autores de todo
o mundo passavam a anotar suas postagens com o objetivo de indicar suas relações com
outros autores de blogs dos quais se inspiravam. O XFN foi então desenvolvido com o
objetivo de garantir esta anotação semântica, estabelecendo estas ligações de forma
mais padronizada, tornando-se muito popular entre os autores de blogs (Allsopp, 2007).
       A tecnologia é mantida pela comunidade Microformats.org. Fundada em
25/06/2005, atualmente se constitui na maior referência mundial no assunto.
      Os microformatos são conceituados de acordo com Microformats.Org (2012)
como um conjunto simples de dados formatados abertos:
                       Projetado primeiro para seres humanos e máquinas em segundo lugar,
                       microformatos são um conjunto simples de dados formatados abertos,
                       construídos sobre as normas existentes e amplamente adotadas. Em vez de
                       jogar fora o que funciona hoje, microformatos pretendem resolver os
                       problemas mais simples primeiro, adaptando-se os comportamentos atuais e
                       padrões de uso (por exemplo, XHTML, blogs).

      Com o intuito de ampliar a compreensão acerca do conceito de microformatos, a
comunidade Microformats.org (2012) afirma que os microformatos são:
                       - Uma maneira de pensar sobre os dados.
                       - Princípios de concepção de formatos.
                       - Adaptado a comportamentos atuais e padrões de uso.
                       - Altamente correlacionada com XHTML semântico.
                       [...]
                       - Um conjunto de padrões de formatos de dados abertos e simples, em que
                       muitos estão ativamente em desenvolvimento e em implementação visando
                       atender adequadamente blog´s estruturados e a publicação de microconteúdo
                       na web em geral.
                       [...]

       Microformats.org (2012) ainda afirma o que não são os microformatos:
                       - Uma nova linguagem.
                       - Infinitamente extensível e aberto.
                       - Uma tentativa de fazer com que todos mudem seu comportamento e
                       reescrevam suas ferramentas.
                       - Uma abordagem totalmente nova que joga fora o que já funciona hoje.
                       - Uma panaceia para todas as taxonomias, ontologias, e outras abstrações.
                       - Definição abrangente demais ou considerada impossível de ser
                       implementada.


       O desenvolvimento de microformatos é baseado em um conjunto de princípios,



                                            195
especificados pela comunidade Microformatos.Org (2012):
                      - Resolver um problema específico.
                      - Iniciar o mais simples possível.
                      - Projetado para os seres humanos em primeiro lugar, para as máquinas de
                      segundo.
                      - Reutilizar blocos de construção de padrões amplamente adotados.
                      - Modularidade / incorporabilidade.
                      - Permitir e incentivar desenvolvimentos descentralizados de conteúdos e
                      serviços.


       Percebe-se, de acordo com Mrissa, Al-Jaba e Thiran (2008), que os
microformatos oferecem como benefício a possibilidade de análise automática de
informação na web. Por outro lado, permitem também a exportação de informação
padronizada para aplicações externas. Oferecem ainda a possibilidade do seu uso por
humanos através de plugins disponíveis para os navegadores atuais, permitindo, por
exemplo, que a informação de um evento disponível em um site da Web no padrão de
microformatos seja importada automaticamente, fazendo com que um novo
compromisso seja criado na agenda do usuário com os dados do evento.
       Khare (2006) e Stolley (2009) acrescentam que microformatos são uma nova
abordagem para a codificação de informação semiestruturada usando XHTML,
permitindo a descrição de pessoas, lugares, eventos e outros tipos comuns de
informações de forma legível aos humanos.
        Os princípios conceituais e filosóficos de implementação dos microformatos
fazem deles soluções relativamente simples, para a solução de problemas pontuais,
agregando semântica aos dados disponíveis na Web e permitindo a integração destes
dados com aplicações desktop. Estas características poderão ser verificadas em algumas
das aplicações descritas na seção seguinte.

3. Aplicações semânticas

3.1. Busca por receitas do Google®

Uma implementação de microformatos ainda em fase inicial chamada hRecipe foi
objeto de pesquisas e base para o lançamento de uma nova ferramenta de busca da
Google®: Recipe View. O microformato hRecipe contém em sua especificação diversas
tags para a anotação semântica de receitas culinárias. Esta proposta motivou a
companhia a implementar uma ferramenta de busca específica que seja capaz de
procurar indicações semânticas nas páginas publicadas na Web relacionada às receitas
culinárias e apresentá-las em um resultado de busca específico.
       A nova busca permite a localização de receitas a partir de um de seus
ingredientes, fornecendo dados relativos ao tempo de preparo e avaliações de usuários.
Uma busca comum, pelo nome de um ingrediente, poderia retornar um conjunto infinito
de respostas, entretanto com um nível baixo de efetividade. Com a nova tecnologia, o
usuário pode aplicar filtros específicos e localizar a receita desejada (Figura 1).




                                          196
                               Figura 1 – Google® Recipe View

3.2. hCard e hCalendar no Facebook®

A rede social Facebook® passou a realizar a marcação de eventos cadastrados por seus
usuários através do microformato hCalendar. Esta solução permite que os eventos
cadastrados pelos usuários sejam indexados mais facilmente pelas ferramentas de busca
e seus dados manipulados de forma mais complexa, possibilitando novos arranjos de
informações (Microformats.org, 2012).
       Além dos dados dos eventos, a rede social também faz uso do microformato
hCard, permitindo a identificação dos dados de seus usuários de forma semântica.

3.3. Rich Snippets

Outra aplicação semântica baseada em microformatos, implementada pela Google®, são
as chamadas Rich Snippets. Snippets são informações adicionais apresentadas nos
resultados de busca da Google, obtidos através da análise semântica do conteúdo das
páginas publicadas na Web (Google, 2012).



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       Esta tecnologia permite a visualização de dados contextualizados acerca da
pesquisa realizada, juntamente dos resultados encontrados, fazendo com que o usuário
possa decidir a relevância do site recuperado em relação à sua necessidade de busca.
        De acordo com Google (2012), são também permitidas as anotações semânticas
utilizando-se as tecnologias de Microdados e RDFa.
       A Figura 2 demonstra uma busca realizada na ferramenta de pesquisa Google ®,
com as palavras chaves “Torta”, “de” e “Camarão”. Ao recuperar os resultados, a
ferramenta analisa os dados à procura de marcações semânticas e, ao encontrá-las,
apresenta-as na forma de dados extras, neste caso demonstrado pelo número de
resenhas, pelo tempo de preparo e pela avaliação dos usuários.




                              Figura 2 – Rich Snippets Google

3.4. Uso de vCard, hCard e QR Code no Moodle

O Moodle é um dos principais ambientes virtuais de aprendizagem disponíveis,
contando com interfaces de relacionamento entre tutores e estudantes e de apoio à
processos de aprendizagem.
       Como forma de otimizar a publicação de dados pessoais de tutores e estudantes
nesta plataforma, Dragolesco, Bucos e Mocofan (2011) propuseram uma metodologia
que utiliza-se do microformato hCard para a veiculação destes dados, permitindo sua
recuperação de forma mais facilitada.




            Figura 3 – Esquema proposto por Dragolesco, Bucos e Mocofan (2011)




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       A metodologia proposta consiste de um bloco Moodle que extrai as informações
dos usuários da base de dados do sistema, processa-as e oferece três formas de
apresentá-las na plataforma: hCard, vCard e QR Code (Figura 3).
        Como trabalhos futuros, os autores propõem o uso do microformato hCalendar
para a divulgação de eventos e compromissos na plataforma Moodle, além de
localização mediante o uso do respectivo padrão.

4. Considerações finais
Os microformatos são uma das soluções possíveis para a anotação semântica dos dados
distribuídos na Web. Neste sentido, o presente trabalho apresentou as bases teóricas,
princípios e a filosofia dos microformatos, com ênfase à sua capacidade de
enriquecimento semântico dos dados publicados na Web, demonstrando suas principais
especificações e aplicações.
        O desafio para a transformação dos dados publicados na web, proporcionando-
lhes significado, semântica, ainda precisa ser enfrentado. Entretanto, a tecnologia de
microformatos torna-se importante na medida em que proporciona uma solução
relativamente simples para a identificação destes dados, permitindo que as máquinas
possam processá-los de forma transparente em aplicações pontuais e específicas.
       Como trabalhos futuros, propõe-se a identificação de aplicações baseadas em
microformatos em ferramentas desktop, além do acompanhamento das aplicações
baseadas nos microformatos em desenvolvimento.

5. Referências
Allsopp, John. (2007) “Microformats: Empowering your markup for web 2.0”,
   Berkeley, CA, EUA: Friendsof.
Dragulesco, B.; Bucos, M.; Mocofan, M. (2011) “Using hCard and vCard for improving
  usability in Moodle”, 6th IEEE International Symposium on Applied Computational
  Intelligence and Informatics, Timisoara, Romenia, p. 473-476, mai.
Google. (2012) “Ferramentas Google para WebMasters”, http://support.
  google.com/webmasters/bin/answer.py?hl=pt-BR&answer=99170. Jul.
Khare, R. (2006) “Microformats: The Next (Small) Thing on the Semantic Web?”,
  IEEE Internet Computing, Standards, vol. 10 no. 1, p. 68-75, Jan/Fev.
Microformats.org. (2012) “About”, www.microformats.org/about, Jul.
Mrissa, M.; Al-Jabar, M; Thiran, F. (2008) “Using Microformats to Personalise Web
  Experience”, ICWE 2008 Workshops, 7th Int. Workshop on Web-Oriented Software
  Technologies – IWWOST, New York, USA. p. 63-68, Jul.
Stolley, K. (2009) “Using Microformats: Gateway to the Semantic Web – Tutorial”,
   IEEE Transactions on Professional Communication, Vol. 52, nº3, p.291-302, Set.




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